Muito se falou do discurso de Marcela Temer. Do figurino de princesa modesta, infantil e inofensiva. Do seu tom pausado e maternal.
Do retrocesso de um país que já teve uma mulher presidente e agora possui uma primeira dama que funciona como penduricalho extravagante de um governo ilegítimo gerido por homens brancos.
Do retrocesso de um país que já teve uma mulher presidente e agora possui uma primeira dama que funciona como penduricalho extravagante de um governo ilegítimo gerido por homens brancos.
Mas o feminismo tem medo de falar sobre a pessoa Marcela Temer que em todo seu acting vintage, saída direto de um episódio ruim de “I Love Lucy”, se tornou a representação antagônica do fortalecimento do movimento feminista da última década.
Temos medo de falar sobre Marcela Temer pois mesmo dentro de um movimento social de muitas disputas como o feminismo somos doutrinadas pela ideia de bondade cristã. A Sororidade incorpora muitas vezes esse papel e surge como carta mestra para suavizar ou silenciar um embate ideológico ou prático. Como se a qualidade da solidariedade e irmandade entre mulheres fosse compulsória ou pedra fundamental do feminismo. Não é, ou não deveria ser. Existem mulheres que estão firmemente alinhadas com o que há de pior em termos políticos e sociais. Que são representantes fiéis do conservadorismo.
Quando o programa se chama “Criança Feliz” ignorando a figura da mulher e focando na pureza infantil, quando se diz que cada cidadão é importante desde a gestação numa clara alusão a postura anti escolha e anti legalização do aborto, quando Marcela diz numa das partes mais vazias e chocantes de seu discurso que “Meu trabalho será voluntário para sensibilizar e mobilizar setores da sociedade em torno de ações que possam garantir melhoria (sic) na vida das pessoas”, deixando claro que o trabalho qualificado e remunerado para mulheres não é sequer respeitado simbolica e factualmente nesse governo não há solidariedade que se mantenha de pé.
Fonte: Caros Amigos
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