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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Maracay parar um homem que estava planejando um ataque terrorista

O governador do estado de Aragua, Tarek El Aissami informou que nas primeiras horas de segunda-feira na cidade de Maracay, estado Aragua, foi detido um cidadão em nome Jayssam Mokded Mokded "elementos para perpetrar atos terroristas" no país. Possuidor de um veículo blindado, dispositivos explosivos, equipamentos de comunicação e dinheiro.

Barbosa é candidato a presidente


No prazo limite de sua desincompatibilização do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa anuncia a aposentadoria da toga e a filiação a um pequeno partido político. Não terá mais do que 30 segundos. Sua decisão incendiará as eleições.

Aécio dirá que se trata de uma postulação legítima, que o ex-presidente do Supremo é um homem de bem, como Eduardo Azeredo.

Comunidades remanescentes de quilombos lutam pelo direito à propriedade


O enorme laço vermelho abraça a mangueira e anuncia a oferenda à mãe ancestral Iá Mi Oxorongá. Na cesta de vime, azeite de dendê, mel, ovos e um espelho sugerem um ritual para a fertilidade. Uma casa de santo ao fundo, a poucos metros do córrego, luta para se afirmar em meio aos novos empreendimentos e à valorização imobiliária, que empurram e estreitam 

A hipocrisia e o silêncio dos críticos do Mais Médicos

Por onde andavam os críticos do Mais Médicos quando dois profissionais brasileiros trocaram socos durante um parto? Por que, com a mesma virulência com que atacam o programa, não se indignam com os colegas que faltam ao plantão?


Semana passada, fazendo uma “limpa” no computador encontrei esta pérola de 2010: “Briga em parto: médicos podem ser indiciados por aborto em MS”. Na ocasião, 25 de fevereiro de 2010, estarrecido, li que na cidade de Ivinhema (MS) dois médicos brigaram na sala de parto. Na sala, estava uma parturiente para dar à luz. Os dois, em vez de fazer o parto, começaram a

Cetebistas prestam solidariedade ao governo venezuelano

nivaldo maduro
A CTB participou, na última quarta-feira (19), do ato em solidariedade ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que reuniu cerca de cem pessoas em frente ao Consulado da Venezuela em São Paulo.

“A CTB defende Maduro porque ele representa a verdadeira aspiração do

“Forças Armadas devem um pedido de perdão à sociedade brasileira”

Comissão da Verdade
Rosa Cardoso, integrante da Comissão da Verdade, fala sobre os trabalhos da comissão que entrega relatório final em

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Uma história sobre Tinga

A Restinga é um dos bairros mais populosos de Porto Alegre. O censo de 2010 indicava que sua população era de 51.560 moradores. Sua formação, a partir dos anos 60, tem a ver com a urbanização da cidade – e tem a ver também com exclusão social. Para abrir avenidas e solucionar os problemas de habitações insalubres, moradores das Vilas Theodora, Marítimos,

A “australiana” racista ganha habeas-corpus canguru. Pra ela não tem Sheherazade. Ainda bem, somos civilizados


A imprensa brasileira se compraz de ver um juiz negar prisão domiciliar para José Genoíno, mesmo este tendo graves problemas cardíacos.
É isso aí, Juiz tem que ser impiedoso, durão, implacável. 

IEDI e a Vulnerabilidade da Industria Brasileira


O IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) preparou um estudo amplo sobre as vulnerabilidades externas brasileiras. Minucioso, o estudo aponta problemas, mas, no geral, indica alguma folga para correções de rumo.

Argentina teve 340 campos de concentração

Nu, encapuzado, acorrentado pelos pés e obrigado a permanecer agachado. Sem poder se mexer ou falar, as horas iam ficando cada vez mais pesadas na escuridão das chamadas “cuchetas” – cubículos de 80 centímetros de altura, sem teto e de paredes de divisórias de madeira. A estrutura vazada permitia aos guardas monitorar todos os prisioneiros

Mais uma vez com o golpe na Venezuela


Pensamos, talvez ingenuamente, que a vitória do presidente Maduro na última eleição, que teve mais de dez pontos à frente de candidatos Mesa de Unidade, a situação na Venezuela se acalmasse. Capriles, o candidato derrotado na eleição presidencial e no estado de Miranda, veio em dezembro passado em uma reunião do Presidente com o cargo público

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Menino de 11 anos tenta suicídio após bullying homofóbico

Após bullying homofóbico, garoto de 11 anos tenta se matar e comove os EUA. Por gostar de um personagem cor de rosa, Michael Morones era cotidianamente humilhado na escola


Michael Morones, 11, tentou se matar depois de sofrer bullying homofóbico na escola.

Venezuela começa a punir empresários que descumprirem lei de preços

Desde o ano passado, o governo venezuelano tem lançado medidas para combater a crise econômica, a escassez de alimentos e a especulação monetária
Os empresários e comerciantes venezuelanos devem cumprir, a partir de hoje (10),

CTB-TO comemora a filiação dos Educadores de Itaguatins

A CTB Tocantins comemorou, na manhã do último domingo (09), a ratificação da fundação e filiação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de Itaguatins. 
A cerimônia de ratificação, que aconteceu na Câmara Municipal, reuniu presidentes de sindicatos da Educação, autoridades e professores.

Cinegrafista atingido por rojão no Rio tem morte cerebral. Dilma pede intervenção da PF no Caso.

A presidente Dilma Rousseff determinou nesta segunda-feira (10) que a Polícia Federal apoie as investigações sobre a morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade. Atingido por um rojão em uma manifestação no Rio de Janeiro na quinta-feira (6), Andrade teve morte cerebral constatada nesta segunda-feira.

Helena Chagas e a “ação entre amigos”


Em sua página no Facebook, a ex-ministra Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), resolveu enfrentar a polêmica sobre a destinação das verbas publicitárias do governo. Ela até apresenta alguns ideias positivas para resolver as distorções atuais, nas quais os impérios midiáticos ficam com o grosso dos recursos públicos – “ou seja, o meu, o seu, o nosso”. Mas, talvez ressentida por ter deixado a Secom, ela utiliza uma grosseria para atacar os que criticam a política de publicidade do governo. Insinua que “o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais” poderia resultar numa “ação entre amigos”. De que “amigos” ela está se referindo?

Em seu texto, postado no sábado (8), Helena Chagas defende enfaticamente a chamada “mídia técnica”, que se baseia somente em critérios de audiência e tiragem para distribuir as verbas publicitárias. Para ela, esta “é a melhor fórmula que se inventou até hoje para aplicação correta e eficiente dos recursos públicos destinados a investimentos de mídia”. Ela lembra que, atualmente, “são 9.963 veículos cadastrados e aptos a receber mídia em todo o país, na proporção de suas audiências e circulação. É exatamente isso o que é feito na Secom”.

A opção do governo pela “mídia técnica” já gerou inúmeras contestações. Ela parte de uma visão mercadológica, que beneficia sempre os mais fortes e sabota a pluralidade e diversidade nos meios de comunicação. Ou seja: ele serve apenas aos atuais monopólios midiáticos. Além disso, ela se baseia em sondagens sobre audiências e tiragens bastante questionáveis. Alguém confia nas pesquisas do Ibope – já apelidado do Globope? A tal “mídia técnica” inclusive não leva em devida conta as profundas mudanças no setor, com a explosão de um novo jornalismo na era da Internet!

A própria ex-ministra reconhece, timidamente, que há distorções nesta fórmula e defende uma discussão “aberta e saudável” sobre o tema. “Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim”.

Ela até apresenta uma sugestão de abordagem para o complicado assunto. “Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos ‘pequenos’”. Até aí, tudo bem. É um debate “saudável”. A grosseria, porém, surgiu no intertítulo (“ação entre amigos”) e no último parágrafo da sua postagem.

A ex-ministra da Secom dispara que não seria correto, “à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais. Simples assim, minha gente”. Mas não é tão simples assim e nem tão transparente e “republicano”. A quem Helena Chagas se refere? Quem é que fez mais visitas e chororô no gabinete na Secom em Brasília nestes seus três anos a frente do órgão? Quem levou muito, mesmo sem merecer?

Como ex-jornalista das Organizações Globo, a ex-ministra sabe que este império midiático foi construído graças às benesses da ditadura militar, que garantiu toda a infraestrutura de transmissão e ainda desrespeitou a legislação brasileira, ao permitir a participação da estadunidense Time-Life na criação da emissora. Isto sim foi uma “ação entre amigos” – entre os generais golpistas e a famiglia Marinho. Ela também sabe que a poderosa rede foi erguida a partir de concessões públicas para afiliadas regionais sem qualquer transparência e por motivações políticas.

Ela tem consciência que a Rede Globo sempre abocanhou o grosso das verbas publicitárias dos governos, mesmo com a sua recorrente perda na audiência e para desespero das suas concorrentes no mítico “livre mercado”. No reinado neoliberal de FHC, esta política foi, sim, uma “ação entre amigos”. A famiglia Marinho ajudou a eleger e depois blindou o tucano, salvando-o das denúncias da compra de votos para a reeleição ou do escândalo da privataria. FHC retribuiu a cortesia e transformou a Secom numa antessala da Rede Globo.

Já nos governos Lula e Dilma, a política da Secom foi, no geral, uma “ação entre inimigos”. Com exceção do período de Franklin Martins – em que a TV Globo sabotou a Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), bombardeou a criação da TV Brasil e chiou contra as tímidas mudanças na distribuição das verbas publicitárias –, até hoje a famiglia Marinho não sofreu maiores abalos no seu poder de monopólio. Não é para menos que os três filhos de Roberto Marinho figuram na lista dos maiores bilionários do planeta e lideram, de fato, a oposição no Brasil. 

Durante a gestão de Helena Chagas, a Secom até tentou, por pragmatismo e medo, ser “amiga” da TV Globo, mas o governo Dilma seguiu sendo tratado como “inimigo”. Esta política masoquista de comunicação é que deve ser reavaliada, num “debate saudável”! Do contrário, as opiniões da ex-ministra apenas alimentarão cobras. Não é para menos que o jornal O Globo elogiou a sua recente postagem no Facebook. Para o jornalão, a ex-ministra só caiu porque foi alvo do PT, que pretende maiores investimentos na internet, “onde estão os chamados blogs amigos do governo, com posições alinhadas ao partido. Há setores que defendem inclusive mudanças nos critérios de medição do alcance dos veículos”. Mesmo sem Helena Chagas, a famiglia Marinho quer manter o seu poder!

Fonte: Blog do Miro

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Marco Aurélio Weissheimer: Vai ter eleição!


Vai ter Copa. Não vai ter Copa. Anti-Copa. Como era previsível, o ano começa com a Copa do Mundo ocupando lugar destacado no debate público e midiático. Mais midiático do que público, no momento. É importante lembrar que a Copa do Mundo não é o acontecimento mais importante de 2014. Há quem ache que não vai ter Copa. Mas não há dúvida sobre outro fato: vai ter eleição. E os movimentos políticos em torno da Copa Mundial de Futebol estão todos subordinados, goste-se ou não, à eleição presidencial. Não é uma eleição presidencial qualquer. Ela define o futuro do maior país da América Latina e, de modo indireto, de todo o continente. Com o passar dos meses, essa agenda vai se impor ao debate político do país exigindo escolhas e definição de posicionamentos.
Os grupos, supostamente de esquerda, que tentam alimentar o movimento “Não vai ter Copa”, representam neste início de ano a grande esperança da oposição política e social ao governo federal para derrubar a popularidade da presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição. A única coisa que foi capaz de derrubar a popularidade de Dilma foram os protestos de junho de 2013. Sem uma agenda política, social e econômica para o país, a oposição capitaneada pelo PSDB acompanha o desenrolar dos acontecimentos, apostando no quanto pior, melhor, e contribuindo para isso com a truculência policial onde governa, como ocorre atualmente em São Paulo. Essa é a receita para alimentar um clima de conturbação social nas ruas capaz de transformar a Copa num pesadelo para o atual governo. Com o passar do tempo, haverá muito pouco espaço para neutralidade e/ou ingenuidade nesta disputa. As peças estão se posicionando no tabuleiro e, no final, do ano, haverá um vencedor e um perdedor.
Há motivos legítimos para se protestar contra a Fifa e contra efeitos negativos da promoção desses mega-eventos, principalmente junto a setores mais pobres da população. Mas, paradoxalmente, podem ser justamente esses setores mais pobres os mais prejudicados, caso os partidários do caos na Copa (que é o que significa “não vai ter Copa”) triunfem. São esses setores os principais beneficiários de um conjunto de políticas públicas universalizantes, que caminham na contramão do que está se fazendo hoje no mundo. Em um debate realizado neste sábado, no Fórum Social Temático de Porto Alegre, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, resumiu a importância estratégica dessas políticas e da transformação que ela está provocando na vida de milhões de brasileiros:
O Bolsa Família atinge hoje cerca de 50 milhões de pessoas e mobiliza um conjunto de outras políticas. Já são quase 12 anos de uma infância sem fome. A saúde das crianças melhorou em função do casamento do Bolsa Família com o Programa de Saúde da Família. Houve uma redução de 58% da mortalidade infantil causada por problemas relativos à desnutrição. O segundo impacto positivo é na educação, com a alteração da trajetória educacional das crianças. Essa alteração aparece nas taxas de aprovação. Os jovens do Bolsa Família tem um melhor desempenho escolar no ensino médio do que os jovens que não são beneficiários do programa. A taxa de aprovação dos alunos com Bolsa Família no ensino médio é de 79,7%, enquanto a dos alunos sem Bolsa Família é de 75,7%. Houve uma redução de 89% da extrema pobreza, lembrando que essa pobreza se concentra mais entre jovens até 15 anos.
É possível ser anti-Copa e a favor do Bolsa Família? Sim, em tese, é possível. Em tese, muitas coisas são possíveis. Mas, na política, a estrada entre o possível e o real é tortuosa e cheia de armadilhas. Objetivamente, o “não vai ter Copa” virou a bala de prata da oposição. Os grupos e movimentos que trabalham com esse objetivo tendem a se transformar rapidamente em linha auxiliar do conservadorismo brasileiro que quer acabar com o que chamam de “farra fiscal” provocada pelo conjunto de políticas públicas implementadas pelo Estado brasileiro, hoje. Esse diagnóstico tem a cara de uma chantagem? Pode até ser, mas, objetivamente, é disso que se trata. As chamadas “jornadas de junho” foram a única coisa capaz de fazer Dilma despencar nas pesquisas. Repita-se a dose agora, então, se possível em escala maior.
Um caminho para quem deseja protestar contra os desmandos da Fifa e contra, por exemplo, políticas de remoção forçada de populações, é pressionar os poderes públicos, em suas esferas municipal, estadual e federal, e tentar conquistar benefícios para os atingidos por esses efeitos negativos. É um caminho estreito, mas possível. Exige, entre outras coisas, disposição para o diálogo e para a articulação e organização política. Mas é estreito, pois esse caminho é habitado também por grupos que consideram o incêndio de fuscas, lixeiras e bancos públicos como tática revolucionária (sic). A atenção da mídia estará focada nestes grupos e qualquer fusca ou lixeira incendiada ganhará repercussão mundial.
No mesmo debate do qual participou a ministra Tereza Campello, no Fórum Social temático, o sociólogo Emir Sader advertiu para o desencontro que ocorreu entre o Fórum e a ideia do outro mundo possível:
“O outro mundo possível aparece no vídeo que vimos aqui sobre o Bolsa Família, está presente em políticas concretas no Brasil, na Bolívia, no Equador, na Venezuela. O Fórum errou quando, lá atrás, excluiu o Estado, os partidos e os governos de suas atividades. A ideia de uma sociedade civil global é uma ficção e a propalada autonomia dos movimentos sociais é autonomia em relação ao que mesmo? À política? Isso não funciona. Eu esperava um balanço mais crítico dos zapatistas que hoje estão isolados no Sul do México. Outro exemplo é do movimento do piqueteros na Argentina, que surgiu como uma grande novidade, abriu mão de fazer política e hoje simplesmente acabou”.
Os entusiastas das chamadas “revoluções interconectadas pelas redes” costumam minimizar as suas “conquistas” políticas até aqui: uma ditadura no Egito, a vitória da direita na Espanha (e a ascensão da extrema-direita em vários países da Europa), o desvio da atenção, no Oriente Médio, da luta do povo palestino. Obviamente, essas “revoluções” não são as únicas responsáveis por essas consequências, mas tem a sua parcela, sim. Não parece ser pedir demais que se dedique algumas horas a essa reflexão. Inventar novos conceitos pode ser divertido, às vezes pode ser útil, mas, outras vezes, pode ser apenas uma invenção mal-sucedida. O voluntarismo e o ultra-esquerdismo já causaram grandes estragos na história da esquerda. A América Latina conhece bem essa história. Cabe, aqui, lembrar as palavras do presidente do Uruguai, José Mujica, sobre a arte de governar:
(…) No sentido mais profundo é possível que governar seja lutar por tornar evidente o que ainda não o é, significa olhar muito longe. Isso tem um preço: não ser entendido, não ser acompanhado, não ser compreendido. É natural que as pessoas estejam preocupadas com seu presente imediato. Elas querem ganhar mais, viver melhor. É parte do modelo e desta etapa da civilização. Há outra discussão que tem a ver com o desperdício desse modelo porque, no ritmo atual, não há recursos suficiente para todos (…)”.
“(…) É preciso fazer as coisas enquanto a sociedade real funciona, ainda que ela seja capitalista (e o é). Tenho que cobrar impostos para mitigar as enormes desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, não posso cair no conformismo crônico de que simplesmente reformando o capitalismo iremos a alguma parte. Devo tentar outra coisa distinta, mas evitar a colisão, porque o choque é sacrifício humano. Não se pode ficar 30 ou 40 anos repetindo a palavra revolução sem que as pessoas tenham o que comer. Não podemos substituir as forças produtivas de um dia para outro, da noite para o dia, nem em dez anos. São processos que exigem inteligência. Precisamos lutar no interior das universidades para a multiplicação do talento humano. Mas, ao mesmo tempo que lutamos para transformar o futuro, é preciso manter o velho funcionando porque as pessoas precisam viver. É uma equação difícil. O desafio é imenso (…)”.
É isso. A arte de governar é cheia de limites, contradições e obstáculos. Ela exige escolhas e definição de prioridades. E a coisa mais importante este ano, para milhões de pessoas mais pobres em toda a América Latina, é a eleição presidencial no Brasil. Não se trata de nenhuma questão nacionalista de ser contra ou a favor do Brasil. Trata-se de uma disputa que influenciará a vida de milhões de pessoas em toda a América Latina, da zona sul de Porto Alegre ao altiplano da Bolívia. Se alguém tem alguma dúvida disso que escute a opinião de Evo Morales, Rafael Correa, Nicolas Maduro, Fidel Castro e de outros líderes latino-americanos a respeito.
Trata-se de uma eleição que define o futuro de políticas públicas que estão mudando a vida de milhões de pessoas. É disso que se trata e reconhecer isso não implica, sob aspecto algum, negar que existem problemas sérios a serem enfrentados ou não reconhecer o direito de manifestação para quem quer que seja.
Mas é impossível não reconhecer também que a única possibilidade de sucesso para a oposição hoje é criar um clima de caos durante a Copa. Pouco importa as designações que nos auto-atribuamos (se somos de esquerda, petista, antipetista, psolista ou anarquista). As nossas ações e escolhas nos colocarão em uma posição nesta disputa. Que cada um faça suas escolhas e se responsabilize por elas depois. E, ao fazer isso, talvez seja prudente ter em mente que o caminho entre o otimismo da vontade e a demência da razão pode ser muito curto.
Fonte: Blog O Escrevinhador

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Produtividade, Deflação e Depressão...

Michael Roberts - SinPermiso
Arquivo
O crescimento global da produtividade se desacelerou pelo terceiro ano consecutivo, segundo  estatísticas do grupo privado Conference Board dos Estados Unidos. A organização estima que a produção por trabalhador tenha crescido somente 1,7% em 2013, frente a 1,8% em 2012, 2,6% em 2011 e 3,9% em 2010.
O crescimento se desacelerou somente em três anos seguidos, durante as recessões de 2001 e na grande recessão de 2008. E estes números incluem as economias emergentes da Índia e da China, que cresciam rapidamente até então.

Esta desaceleração me parece outro sinal de que a economia mundial (ou pelo menos as economias capitalistas avançadas) se deparam com uma depressão. Também demonstra que o capitalismo mundial não é capaz de um crescimento dinâmico (veja meu texto Crise ou colapso, no original, ¿Crisis o colapso?).

Examinei os dados da organização e calculei o crescimento da produtividade nas economias avançadas desde 1960. Este é o gráfico resultante.

Crescimento anual da produtividade nas economias avançadas (BIP real por trabalhador) em % 

No gráfico seguinte, é possível notar que o dinamismo das economias avançadas foi desaparecendo década após década.

Média de crescimento de produtividades em economias avançadas (%)



A globalização e a revolução da tecnologia da informação nos anos 1990 reverteram a diminuição do crescimento da produtividade naquela década mas, neste século, o crescimento da produtividade das economias avançadas foi se estancando. Somente o crescimento da produtividade nas economias emergentes permitiu um crescimento da produtividade mundial perto de 2% ao ano. E, conforme mostram os dados do grupo, não impediu a desaceleração do crescimento da produtividade nos últimos três anos.

O crescimento real do PIB pode ser considerado resultado de dois fatores: o crescimento do emprego. O primeiro mostra a mudança no novo valor agregado pelo trabalhador empregado regular, e o segundo mostra o número de empregados adicionais – ou seja, aqueles que são contratados para eventualmente cobrir os empregados regulares. O ponto de vista neoclássico majoritário é que estes componentes são independentes um dos outros e são exógenos à economia. Os avanços tecnológicos e o crescimento da população seriam variáveis independentes aos processos do modo de produção capitalista.

O ponto de vista marxista é justamente contrário: são endógenos. Na economia marxista, o crescimento do emprego não depende do crescimento da população como tal, mas sim da demanda de mão de obra do setor capitalista da economia. O investimento capitalista é a variável determinante, e o emprego é a dependente. A acumulação de capital pode ser positiva para o emprego quando o investimento cresce, mas também pode ser negativa quando as máquinas ou a tecnologia (robôs) substituem a mão de obra (veja meu textoMaçãs, robôs e plutocratas, no original Manzanas, robots y plutócratas ). O crescimento da produtividade é realmente a outra face do crescimento do investimento. A acumulação de capital tem por objetivo aumentar a rentabilidade mediante a introdução de novas técnicas que aumentem a produtividade e a mais-valia relativa. Nenhuma técnica nova é introduzida, a menos que o capitalista individual pense que, com isso, oferecerá mais valor do que se não o fizesse.

O problema no processo de produtividade capitalista é que o impulso para conseguir uma produtividade maior para ter vantagens competitivas diante de outros rivais capitalistas provoca a queda potencial da taxa de beneficio que, com o tempo, impõe o aumento da taxa de mais-valia e outros fatores que contrastam com esta tendência (veja meu textoMichael Heinrich, as leis de Marx e a teoria da crise, no original, Michael Heinrich, las leyes de Marx y la teoría de la crisis ).

Isso leva a uma crise de rentabilidade que pode ser resolvida somente mediante uma crise e a desvalorização do capital existente empregado, com a finalidade de reiniciar o processo de acumulação e de crescimento de novo.

O que taxas de crescimento da produtividade demonstram é que a capacidade do capitalismo (ou pelo menos das economias avançadas) para gerar uma produtividade maior está diminuindo. Os capitalistas reduziram a participação do novo valor-trabalho e aumentaram a participação dos benefícios para compensar.
Mas, sobretudo, fizeram cortes na taxa de acumulação do capital na “economia real”, tentando obter benefícios extras na especulação financeira e imobiliária. Este é o crescimento do stock acumulado do capital nas economias capitalistas avançadas.

Crescimento médio do stock de capital nas economias avançadas (%)

Temos, então, um crescimento anual da produtividade de menos de 2% no mundo – isto é, aproximadamente 3% nas economias emergentes e menos de 1% nas economias avançadas, que atualmente representam 52% do PIB mundial (a provisão é que caia para 48% em 2025)



Conforme o grupo escreveu: “Os mercados emergentes, e especialmente a China, supõem a maior parte do crescimento da produtividade do mundo. Mas os anos de fácil e rápida melhora parecem ter terminado. Visto que estes países continuam sendo significativamente menos produtivos em dólares do que as economias maduras, a contínua transferência da atividade econômica fora destes se soma à desaceleração global da produtividade”.

A história da produtividade se repete para o crescimento do emprego nas economias avançadas. O crescimento do emprego é muito menor que 1% ao ano no século XXI.

Economias avançadas: crescimento do emprego médio anual (%)


Se, ao crescimento da produtividade, for agregada uma taxa anual de crescimento do emprego em nível mundial de somente 1%, o resultado será de um crescimento mundial pouco maior que 3% ao ano durante a próxima década (e de 2% ao ano nas economias avançadas), a menos que esta taxa “depressiva” do crescimento e do emprego seja resultado simplesmente de uma recessão cíclica e  volte a crescer quando a economia mundial se recuperar. A evidência dos dados sugere que não é assim, e que o dinamismo do capitalismo mundial está diminuindo porque a rentabilidade continua sendo baixa segundo os padrões da época dourada da década de 1960, e para baixo dos níveis, inclusive, da década de 1990.

A economia neoclássica gosta de usar uma forma mais sofisticada para medir a produtividade, chamada produtividade total dos fatores. Mede-se, assim, não somente a produtividade da mão de obra empregada, mas também a produtividade conquistada pelas inovações. Na realidade, é somente um valor resultante da diferença entre o crescimento do PIB real e dos insumos da produtividade da mão de obra e do “capital”. Portanto, na realidade, é um quadro bastante falso. Mas usando a produtividade total dos fatores para aquilo que diz medir, o grupo estima que o índice tenha caído para algo menor do que zero na economia mundial em 2013, o que indica “estancamento na alocação eficiente e na utilização ótima dos recursos”.

Pior ainda, à medida que o crescimento da produtividade se retarda, parece que a inflação mundial também está desacelerando em várias economias chave em direção a uma deflação de preços – outro indicador clássico de depressão. O que preocupa o FMI e sua diretora-gerente, Christine Lagarde, que pediu aos bancos centrais que atuassem contra o “monstro da deflação”. Nós, os mortais comuns, pensaríamos que o congelamento ou a queda dos preços é uma boa notícia para nossa carteira na vida cotidiana mas, para os estrategistas do capital, quer dizer margens de benefício mais estreitas, crescimento do investimento mais fraco e o fim da 'recuperação'. Se as pessoas esperam que os preços caiam, contenham seus gastos e esperem que o façam. E se não há inflação, as empresas e os governos com grandes dívidas não encontram alívio na redução do valor real da dívida. De forma que precisam empregar mais impostos ou benefícios para pagar a dívida.

A desaceleração da produtividade e da deflação da dívida: esses sim são sérios indicadores desta época depressiva!
Fonte: A Carta Maior

FHC pirou de vez?


No seu artigo publicado hoje, “Mudar, com pé no chão e visão de futuro”, o ex-presidente Fernando Henrique, no afã de tentar motivar a oposição para as próximas eleições – mas com uma visão de passado –, diz coisas sem o pé no chão. A primeira frase é um primor: “As pesquisas eleitorais estão a indicar que os eleitores começam a mostrar cansaço”. Que pesquisas são essas, Fernando Henrique? Aquelas que indicam a possibilidade de Dilma vencer no primeiro turno? Não há certa incongruência na afirmação?

Em seguida, Fernando Henrique refere-se às manifestações de rua de 2013: “A insatisfação estava nas ruas, a despeito das melhorias inegáveis do consumo popular e de alguns avanços na área social”. Entenderam mais essa incongruência? Ele reconhece que o país inegavelmente avançou e diz que, ainda assim, as ruas querem mudanças. Mas isso, Fernando Henrique, não quer dizer que querem voltar atrás, voltar aos tempos do grande atraso social. As ruas querem que o atual governo avance ainda mais – esse é o recado óbvio.

O próprio Fernando Henrique concorda com isso na frase seguinte: “É que a própria dinâmica da mobilidade social e da melhoria de vida, e principalmente o aumento da informação, geram novas disposições anímicas. As pessoas têm novas aspirações e veem criticamente o que antes não percebiam. Começam a desejar melhor qualidade, mais acesso aos bens e serviços e menos desigualdade”. Absoluta verdade. Mais um motivo para não voltar atrás.

Outro motivo foi dado por Fernando Henrique, quando, pela bilionésima vez, tenta provar que as “políticas de distribuição de renda” (em outras palavras, o Bolsa Família!) foram criadas pelos tucanos. Ora, tenha paciência! Criaram mas não fizeram?!? São as ruas que dizem: quem prometeu, e não fez, perdeu a vez.

Mas ele não para. Quando trata da questão da segurança, resolve citar trabalho tucano em São Paulo como exemplo! Vou repetir: resolve citar trabalho tucano em São Paulo como exemplo! Chega a aconselhar “pôr fim, como está fazendo São Paulo, às cadeias em delegacias”. Meu Deus, Fernando Henrique, o governo Garotinho fez isso no Rio em 2000, com as Delegacias Legais! E o governo tucano de São Paulo ainda está longe de chegar a algo parecido com as UPPs do governo Sérgio Cabral!

Quando resolve entrar na área da moradia, o desatino é total: “Por que não mostrar que o festejado programa Minha Casa, Minha Vida tem um desempenho ruim quando se trata de moradias para a camada de trabalhadores também pobres, mas cuja renda ultrapassa a dos menos aquinhoados, teoricamente atendidos pelo programa?” Sabe por que a oposição não pode nem tentar provar isso? Primeiro, porque 1,5 milhão de famílias (com renda até R$ 5 mil por mês) já foram beneficiadas e mais 1,7 milhão de casas e apartamentos estão em construção em todo o país. Segundo, porque quem hoje está na oposição nunca fez nada quando estava na situação. Não lembro de nada que tenha sido feito sobre moradia popular, desde os tempos da ditadura.

Em uma de suas premonições de derrotado, Fernando Henrique divaga: “Talvez a população queira eleger gente com maior capacidade organizacional e técnica, que conheça os nós que apertam o país e saiba como desatá-los”. Na verdade, aí está o nó da questão: ele sonha com o retorno à política neoliberal de seu governo, onde o desemprego não tinha tanta importância, a imensa desigualdade social era preservada com afinco, os juros iam às alturas – enquanto o “mercado”, com seus nós bem frouxos, sorria feliz.

No final, Fernando Henrique diz algo que aplaudo: “Também chegou a hora de uma reforma política e eleitoral. Não dá para governar com 30 partidos, dos quais boa parte não passa de legenda de aluguel”. Fora isso, o que vejo em seu artigo pode ser traduzido por uma de suas frases:

“Ocorre que a realidade existe e que às vezes se produz o que os psicólogos chamam de ‘incongruências cognitivas”.
Fonte: Blog do Miro