A mídia hegemônica é muito cínica. Durante o governo Dilma, principalmente no segundo mandato, ela não deu paz à presidenta eleita pela maioria dos brasileiros. Ela sempre minimizou os impactos no Brasil da gravíssima crise da economia mundial, que eclodiu em 2008 e teve como epicentro o coração do sistema capitalista, os EUA.
Ficou famoso um artigo da urubóloga Miriam Leitão, no jornal O Globo, tratando a retração internacional como uma desculpa esfarrapada do “incompetente” governo petista. No mesmo diapasão, ela sempre relativizou os efeitos destrutivos na economia da onda de escândalos deflagrada por setores do Judiciário em um “pacto diabólico” com a própria mídia.
Agora, porém, o discurso midiático já mudou. Concretizado o “golpe dos corruptos”, a imprensa mercenária – que já garfou muita grana em anúncios publicitários – faz de tudo para aliviar a barra do covil de Michel Temer. Pelas manchetes dos jornalões e os comentários generosos dos ex-urubólogos, os assaltantes do Palácio do Planalto estão fazendo tudo certinho. Mas, infelizmente, são vítimas da crise internacional, agravada com a inesperada eleição de Donald Trump nos EUA, e também do clima de incertezas alimentado pela “delação premiada” da Odebrecht. O pior é que tem otários, os famosos “midiotas”, que acreditam nesta nova retórica midiática.
A manchete do Estadão desta segunda-feira (14) é sintomática: “Efeito Trump reduz previsão de PIB e de corte de juro”. Já na Folha golpista, Valdo Cruz alerta: “Delação da Odebrecht e eleição de Trump complicam cenário para Temer”. E como se antes, no governo Dilma, a crise mundial e a escandalização da política não existissem. Coitado do pobre Michel Temer! Ele é tão bom, mas deu azar. Coisa dos “satanistas”! Segundo o serviçal da Folha, “de repente, o mar ficou revolto para Temer neste final de ano. O cenário brasileiro mudou com a vitória de Donald Trump e a proximidade da delação da Odebrecht. Dois fatores que lançam incertezas e vão obrigar o governo a fazer ajuste de rota”.
Ainda segundo o colunista, “o Palácio do Planalto confiava num encerramento de ano mais tranquilo, com a aprovação do teto dos gastos públicos, nova redução da taxa de juros e uma economia já dando sinais de crescimento. Pois bem. Antes mesmo da vitória do republicano, a equipe econômica já havia alterado suas previsões. Saiu de cena um crescimento de 1,6% do PIB em 2017. Entrou no seu lugar a esperança de que seja de 1%. Depois da eleição de Trump, ficou pior. A receita do futuro presidente dos Estados Unidos é inflacionária. Ele quer aumentar gastos e reduzir impostos. Resultado: o Federal Reserve, o banco central de lá, terá de reagir. Os juros americanos podem subir mais do que o esperado. Efeito aqui: dólar em alta, pressões inflacionárias e dúvidas sobre o ritmo de queda da taxa de juros no Brasil”.
Além das “péssimas notícias externas”, o coitadinho do golpista ainda terá de enfrentar a delação da Odebrecht, “com seu potencial estrago no mundo da política”, que já “fez os investidores pisarem no freio. O pessoal que estava disposto a investir aqui depois que Temer virou presidente efetivo voltou a dar uma parada estratégica, péssima para o crescimento. Para piorar, a crise fiscal dos Estados deve provocar um atraso em cascata do pagamento do 13º salário em boa parte do país. Daí, se hoje temos protestos e confusões no Rio, em dezembro isso pode se alastrar. Tudo junto e misturado, Temer terá um dezembro complicado”. Dá até dó do usurpador!
Então, agora, está tudo explicado. A crise mundial e as denúncias de corrupção prejudicam a gestão do “competente” Michel Temer. Antes, no governo Dilma, estes fatores não tinham qualquer interferência, serviam apenas de desculpa esfarrapada para o governo petista. Bem que o colunista da Folha e o capista do Estadão poderiam ter sido convidados para a conversa afável com o usurpador no “Roda Morta” da TV Cultura. Eles ajudariam na “propaganda” do covil golpista.
Fonte: Blog do Miro
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