O ódio que a Rede Globo inspira transbordou e acabou por se transmitir aos jornalistas da empresa — incluindo o honesto e competente Caco Barcellos, que sempre gozou de boa imagem mesmo entre o público progressista
Jornalista premiado e respeitado, Caco Barcellos, 66 anos, sentiu na pele a fúria popular contra a Rede Globo. Caco foi impedido nesta quarta-feira (16) de cobrir o ato de servidores estaduais próximo à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O apresentador do Profissão Repórter foi atingido na cabeça e nas costas por garrafas de água e cones de trânsito. “Globo golpista” e “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” gritavam as dezenas de pessoas que o hostilizavam.
Mais cedo, um jornalista do Jornal O Globo foi agredido por um dos manifestantes. Vestido com uma camisa azul, um homem tentou agredir o repórter, que mexia no celular e conseguiu se esquivar do soco. Ao correr, um outro manifestante deu um chute em sua perna. O repórter perdeu seus óculos.
A Globo e o ódio
Para Paulo Nogueira, editor do DCM, o ódio e a repulsa estimulados pela própria Globo acaba voltando-se contra seus profissionais. Neste contexto, até um profissional honesto e competente como Caco Barcellos, que foge dos padrões de manipulação da emissora, acaba sendo alvo.
“Lastimável a agressão a Caco. Mas não surpreendente. O ódio que a Globo inspira acabou por se transmitir aos jornalistas da casa, — incluído Caco, que sempre gozou de boa imagem mesmo entre o público progressista […] O episódio de ontem deveria ser um potente sinal de alerta para os donos da emissora: o que estamos fazendo com nosso negócio?”, observa Nogueira.
Outros incidentes
Apesar de praticar um jornalismo considerado ético, inclusive com amplo espaço para pautas sociais, Caco Barcellos já esteve em situações delicados pelo simples fato de se apresentar com um microfone da TV Globo.
Nas Jornadas de Junho em 2013, num ato do Movimento Passe Livre no Largo do Batata, em São Paulo, Caco foi hostilizado e deixou o local conduzido por manifestantes menos exaltados.
Mais distante, em 2000, num ato de funcionários públicos de São Paulo, Caco entrevistava o então deputado federal José Genoino (PT) quando foi cercado. Na época, não foi agredido porque Genoino e assessores fizeram um cordão de isolamento para proteger a integridade física do jornalista da Globo. Relembre:
Nota da emissora
A TV Globo se manifestou sobre o caso. “Caco cobria o protesto para reportagem do ‘Profissão Repórter’, quando foi agredido e impedido de registrar o momento. Felizmente, ele está bem. A Globo repudia qualquer tipo de hostilidade que impeça a transmissão da notícia ao espectador, único fim do trabalho jornalístico da Globo, que preza pela isenção e correção”, disse, em nota, a emissora.
Fonte: Pragmatismo Político
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