Como se não bastasse o mísero valor de R$5.51 por dia, a Contax, uma das maiores empresas de telemarketing do país, anunciou na semana passada em Porto Alegre o pagamento parcelado do ticket alimentação/refeição dos teleoperadores.
Ao invés de receber a "fortuna" de R$143,26 uma única vez, no final do mês, receberemos metade do valor para utilizar do dia 1º ao dia 15 e o restante entre o dia 16 e 31.
Ao invés de receber a "fortuna" de R$143,26 uma única vez, no final do mês, receberemos metade do valor para utilizar do dia 1º ao dia 15 e o restante entre o dia 16 e 31.
Há alguns meses a empresa já havia determinado que os novos contratos receberiam o VR e o VT em parcelas até que completassem um ano de empresa. Aproveitando-se do desespero das trabalhadoras e trabalhadores para manter-se no emprego, a empresa fez inúmeras confusões com os pagamentos em parcelas, principalmente no vale-transporte, o que deixou várias pessoas sem ter como se locomover para o trabalho. A maioria acaba tirando do próprio bolso ou pedindo emprestado para amigos e parentes o valor, pois sabem que os patrões não perdoam faltas, ainda que sejam eles os responsáveis pela falta de passagens. Agora foi confirmado também o parcelamento para os trabalhadores mais antigos, um ataque que gera transtornos ainda maiores.
O ticket, que costumamos chamar de "vale-fome" devido ao valor baixo, ajuda nas compras do mês e também no dia a dia. Muitas trabalhadoras e trabalhadores escolhem a modalidade "alimentação" para utilizar no supermercado. Com o parcelamento imposto pela empresa será necessário fazer metade das compras no inicio do mês e o restante depois. Parece piada, mas na verdade é mais transtorno na vida dos teleoperadores, que já cumprem a escala exaustiva de 6x1, trabalhando nos feriados e finais de semana. Do pouco tempo que resta para a família e outros lazeres ainda é necessário reservar, duas vezes por mês, um momento para compras.
Para a empresa parece vantagem. A Contax ganha tempo retendo dinheiro dos trabalhadores, e tem feito isso em todos os meses neste ano, com os salários, as remunerações variáveis e agora o vale-fome. O parcelmento ainda permite aos gestores - que tem salários muito maiores do que os operadores - dizerem que "pelo menos" a empresa continua pagando (!). Como se não fosse a mínima obrigação pagar os salários dos trabalhadores. Inspirada no governador José Ivo Sartori, que persistentemente parcela o salário dos trabalhadores do estado, a empresa também conta com a paralisia do sindicato para atacar livremente os teleoperadores.
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