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domingo, 28 de agosto de 2016

Trilha do Pico da Neblina deve ser reaberta com projeto de ecoturismo desenvolvido por indígenas Yanomami

O projeto Ecoturismo Yaripo, desenvolvido pelos Yanomami com o apoio do ISA, deve pôr um fim à restrição. A partir de 2018, a trilha deverá ser reaberta e a administrada pelos próprios Yanomami. Com acesso controlado, os turistas poderão aprender um pouco da cultura indígena, desfrutar de sua hospitalidade e se juntar na aliança em defesa dos direitos indígenas e da floresta amazônica.

Em meados de julho, foi concluída a primeira etapa do projeto: uma expedição composta por 32 pessoas caminhou durante 10 dias ao cume doYaripo, como os Yanomami chamam o Pico da Neblina, a fim de investigar e mapear as condições da trilha. Além de seu Carlos, 18 Yanomami integraram a equipe, sendo 16 rapazes e duas mulheres, Maria e Floriza. Eles estão se capacitando para fazer o monitoramento da trilha e trabalhar como guias, carregadores, cozinheiros, além de gerir empreendimento de ecoturismo que pretendem desenvolver ali. Também participaram da viagem representantes do ICMbio, Funai, Ministério Público Federal e Exército.
Se subir o Pico da Neblina já é uma experiência emocionante, imagine fazer esta caminhada guiado por um pajé Yanomami que viveu sua infância e adolescência bem pertinho da montanha?
“Ali era a nossa casa e nós chamávamos este lugar de Irokae (choro do macaco guariba)”, nos conta o pajé Carlos Yanomami em sua própria língua, apontando para a floresta que parece intacta, mas que, há 60 anos, abrigou uma casa coletiva onde aconteciam as festas e rituais de seus parentes.
O Pico da Neblina é um dos lugares mais conhecidos do mundo entre os amantes do turismo de aventura. Com um pico a 2995 metros acima do mar, e localizado no meio da floresta amazônica, é a montanha mais alta do Brasil. Mas está fechada para visitação desde 2003 por recomendação do Ministério Público Federal e determinação do Ibama. Se, por um lado a decisão frustrou os montanhistas, por outro foi uma medida necessária para impedir a degradação ambiental da área e proteger os direitos dos Yanomami.
O projeto Ecoturismo Yaripo, desenvolvido pelos Yanomami com o apoio do ISA, deve pôr um fim à restrição. A partir de 2018, a trilha deverá ser reaberta e a administrada pelos próprios Yanomami. Com acesso controlado, os turistas poderão aprender um pouco da cultura indígena, desfrutar de sua hospitalidade e se juntar na aliança em defesa dos direitos indígenas e da floresta amazônica.
Em meados de julho, foi concluída a primeira etapa do projeto: uma expedição composta por 32 pessoas caminhou durante 10 dias ao cume doYaripo, como os Yanomami chamam o Pico da Neblina, a fim de investigar e mapear as condições da trilha. Além de seu Carlos, 18 Yanomami integraram a equipe, sendo 16 rapazes e duas mulheres, Maria e Floriza. Eles estão se capacitando para fazer o monitoramento da trilha e trabalhar como guias, carregadores, cozinheiros, além de gerir empreendimento de ecoturismo que pretendem desenvolver ali. Também participaram da viagem representantes do ICMbio, Funai, Ministério Público Federal e Exército.
Equipados com GPS, câmera de vídeo, máquina fotográfica e muito interesse, os expedicionários registraram os relatos de seu Carlos ao longo do caminho de 36 quilômetros, iniciado na localidade do Igarapé Tucano, Terra Indígena Yanomami, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM).
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Serra nas proximidades do Pico da Neblina. Foto: Guilherme Gnipper/Funai, publicado com permissão
Enquanto superavam as distâncias e terrenos exigentes, os índios marcaram os locais onde animais ou suas pegadas são vistos, onde há água, pontos na trilha que devem ser melhorados e locais mais adequados para a construção de abrigos para pernoitar. Também identificaram as áreas mais sensíveis à degradação ambiental.
Maria Yanomami, hoje com 52, faz história ao se tornar a primeira mulher Yanomami a alcançar o cume doYaripo. Já Floriza Yanomami, sua companheira de caminhada, não pode concluir a subida por respeito e temor às suas tradições. Um dia antes de chegar ao cume ela fica menstruada e, apesar de sua grande tristeza, sabia que aquela condição desagradaria os espíritos que vivem no pico. Se prosseguisse, poderia colocar em risco não só a própria vida, mas a de todos que participam da expedição.
O ecoturismo ao Yaripo será uma alternativa de geração de renda para as comunidades Yanomami, que buscam recursos para adquirir bens manufaturados atualmente imprescindíveis: ferramentas para fazer roças, utensílios para preparar alimentos, artigos para dormir e vestir.
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Jovem Yanomami que faz parte do projeto de Ecoturismo ao Pico da Neblina. Foto: Guilherme Gnipper/Funai, publicado com permissão
Com a implementação do projeto de ecoturismo de base comunitária, estima-se que 80 Yanomami passarão a ter renda prestando serviços regularmente, beneficiando indiretamente outras 800 pessoas, entre parentes e dependentes.
O projeto deve também gerar recursos para a Associação Yanomami do Rio Cauburis e Afluentes (AYRCA), da qual participam todos os Yanomami da região.
Quando o Yaripo enfim estiver aberto aos turistas, as histórias de Seu Carlos Yanomami e seu povo ganharão nova vida — e os visitantes do Pico da Neblina poderão espalhá-las pelo mundo.
Fonte: Global Voices

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