Com milhões de visualizações em cada vídeo, o Porta dos Fundos é um dos portais de maior sucesso na internet, com esquetes sobre o dia a dia e muitas críticas a corrupção e aos governantes. E o “Porta” tem um lado na política? Há divisão partidária entre os integrantes?
Quem responde é Gregório Duvivier, que falou ao Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira:
— Tem coxinha e tem petralha. Tem gente que odeia política, não fala disso. Tem de tudo, é muito vasto politicamente, como empresa. E sempre tem uma grande discussão.
Colunista do jornal Folha de São Paulo, Gregório é crítico às atuais manifestações que pedem a retirada da presidente Dilma Rousseff do poder. Para ele, ir às ruas para protestar contra a corrupção não tem qualquer valor prático.
— O que há hoje é uma histeria coletiva. Famosa indignação coletiva. Ficam anos sem se manifestar, sem participar de nada. Não participam da vida do Legislativo, não sabem o que é reforma política e de repente ficam indignados, como se a corrupção tivesse sido inventada ontem. É uma luta idiota essa pelo fim da corrupção — afirma.
Contrário à retirada da presidente, o ator relembra que, em caso de impeachment, quem governará será o vice Michel Temer (PMDB), com membros do Congresso que são investigados pela Polícia Federal por desvios na Petrobras. Ele afirma que a troca seria um golpe militar e que os protestos deveriam ser direcionados também contra o presidente da Câmara dos Deputados, citado na Operação Lava Jato.
— O Eduardo Cunha é um câncer. Ele está em todos os campos, inclusive na Lava Jato. Em vez de pensar na reforma, em uma maneira efetiva de acabarem com a corrupção em longo prazo, as pessoas pensam em algo superficial. O que se quer é um golpe. Querem a volta dos militares. Qual a proposta de quem quer tirar a Dilma? Pra botar quem? Por quê? Qual é a alegação, a legalidade disso? — questiona o humorista.
Apesar da defesa de manutenção do mandato, Gregório afirma que discorda de decisões tomadas pelo governo, que enfrenta problemas na economia e no controle do câmbio:
— Meu voto nela foi no segundo turno. Dado o que tinha, preferi ela, mas sei que tem mil problemas nesse governo. Mas temos que bater no governo pela esquerda e não pela direita. A questão ambiental e indígena é uma tragédia. Devemos questionar por que ele está tão a direita. E quanto a corrupção, não é problema especifico do Governo Dilma.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
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