Segundo o Valor Econômico, há 57.919 pessoas e grupos econômicos com aplicações de mais de US$ 1 milhão em fundos de mercado. Ou, em reais, mais de 3,1 milhões.
O número- mesmo se estimarmos que cada um deles represente uma família de quatro pessoas e sejam, assim, 230mil – representa 0,01% dos 204,37 milhões de brasileiros existentes no dia de hoje.
O nosso 0,1% é, de fato, dez vezes menos: 0,01%.
É, segundo informa o professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp, um número que só “reflete uma parte da riqueza pessoal, poisnão considera valores imobiliários, recursos alocados fora do país, carros de luxo, criação de animais, plantações, empresas, joias, ouro e outras formas de riqueza. Já as estimativas das consultorias britânicasWealth Insight e Knight Frank são mais alentadas.
“Segundo a Wealth Insight, 17 mil brasileiros entraram para o seleto grupo de quem tem patrimônio superior a US$ 1 milhão em 2014, alta de 8,9% em relação aos 194.300 milionários que ela supõe que o país tivesse em 2013. Logo, sua estimativa era de 211.300 milionários em dólares no Brasil.”
Costa analisa o mercado de capitais, o que é complexo e não vai me ocupar aqui, exceto ao final.
Por enquanto, vamos ver como vêm evoluindo volumes de dinheiro que a “turma da bufunfa” tem nos fundos administrados por “private bank” – a papa fina que paga muito mais do que aquela graninha que você, com esforço e tem na poupança ou num fundo de aplicação dos “mortais”. E que rende até menos que a inflação.
O valor, que era de R$ 290 bilhões em 2009 (lembram da tal crise mundial?) chegou, no ano passado a R$ 645 bilhões, um crescimento de 122%.
Mesmo descontada a inflação do período (35%, pelo IPCA), é um crescimento real do saldo destes de 61%.
Nada mau, não é?
Pois o salário mínimo que pagam a muitos dos seus empregados e que reclamam que “subiu demais”, prejudicando a economia e as contas públicas cresceu, no mesmo período, 25%.
Mas há uma crise, não é? E, com ela, o que aconteceu?
“Em um cenário de retração econômica, juro alto e instabilidade nos mercados, o investidor de alta renda tende ao conservadorismo. O resultado é uma corrida aos títulos de renda fixa que já bateram nos 33,5% dos R$ 666,5 bilhões aplicados pelos trimilionários ( nota do Tijolaço: os que têm mais de US$ 1 milhão)até março de 2015. No topo da preferência aparecem as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito Agrícola (LCA), que concentram 67,1% dos investimentos nesta modalidade. A explicação vem das características desses papéis que possuem alta liquidez, isenção de impostos e remuneração bem próxima da Selic, atualmente em 13,25%.”
Mais da metade deste dinheiro está em São Paulo: 56,1%, embora o estado hoje represente 29% do PIB brasileiro. Nordeste e Centro-Oeste, que produzem quase o mesmo (28%) da riqueza produzida no Brasil ficaram com apenas 8,2% dos domicílios dos investidores.
E, creiam, com tanto dinheiro no mercado de fundos, não há dinheiro privado para financiar investimentos no Brasil, ao menos os estruturantes, de longo prazo.
É esta a turma que poderia ser atingida pelo Imposto Sobre Grandes Fortunas.
Aquele que os bobocas dos movimentos “Fora Dilma” – que chamam os nordestinos de indolentes – foram combater em Brasília, embora 99% deles não tenham milhares, que dizer milhões de reais ou de dólares.
Aquele que, dizem, “vão fazer os investidores fugir” do pote de outro que é o Brasil.
São os “intocáveis”, a gente que, na hora do aperto do cinto para milhões, engorda mais, em nome da crise.
Fonte: O Tijolaço
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