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sábado, 27 de junho de 2015

Pornografia no Whatsapp Brasil: Liberdade sexual feminina em debate

Quem não se recorda da Fran, uma estudante universitária de 19 anos, faz sexo oral com o parceiro de 22 anos na cidade de Goiânia. Ela se deixa filmar pela câmera do celular dele, perguntando, no ato, “quer meu cuzinho?
Aquele bem apertadinho”, fazendo o sinal de OK em alusão a sexo anal. Dias depois, ele compartilha o vídeo através do aplicativo WhatsApp, “um armazem de pornografia involuntária”, onde cenas íntimas entre casais têm se espalhado indiscriminadamente por celulares no Brasil
Quem não se recorda da Fran, uma estudante universitária de 19 anos, faz sexo oral com o parceiro de 22 anos na cidade de Goiânia. Ela se deixa filmar pela câmera do celular dele, perguntando, no ato, “quer meu cuzinho?
Aquele bem apertadinho”, fazendo o sinal de OK em alusão a sexo anal. Dias depois, ele compartilha o vídeo através do aplicativo WhatsApp, “um armazem de pornografia involuntária”, onde cenas íntimas entre casais têm se espalhado indiscriminadamente por celulares no Brasil.
O fato despertou um debate em torno do julgamento moralista, machista e hipócrita que bateu em cheio na internet nos últimos dias. Através do Twitter e Instagram, centenas de pessoas postaram fotos com pose de OK e a hashtag #ForçaFran, que virou meme. Algumas delas o fazem em sinal de solidariedade, enquanto outras em uma clara tiração de sarro, como explica Manu Barem (@manubarem), editora do site Youpix:
Imagem retirada da página do Facebook “Força Fran”
Imagem retirada da página do Facebook “Força Fran”
Basta uma vasculhada nas postagens da tag #forcafran para você perceber que a maioria delas, principalmente as publicadas por mulheres, revelam um quê de “como ela foi burra e eu não sou”. (Até o dia em que você confiar num babaca ou ter suas imagens roubadas, né amiga?).
Assim, registramos um estágio novo e triste dos desdobramentos de um crime online – o machismo dominando até as iniciativas solidárias.
Até os jogadores brasileiros de futebol Neymar e Daniel Alves, que atuam no clube espanhol Barcelona, além do cantor Leonardo, postaram fotos na internet com o sinal de OK, como atestanoticiário local de Goiânia. No último sábado, dia 12, durante o jogo amistoso entre as seleções do Brasil e Coréia do Sul, na cidade de Seul, torcedores levaram cartazes com a frase “força fran”. A imagem também circulou online, demonstrando a repercussão do caso.
Além das fotos e mensagens escritas com risadas usando a sigla “KKKK”, tão comum no Brasil, os internautas também usaram da rede para opinar sobre o assunto. No Twitter, houve comentários como os seguintes:
Em apoio à Fran, a jornalista Nathalia Ziemkiewicz do site Na Pimentaria escreveu:
Lamento muito por todos os comentários grotescos e ofensivos que têm circulado na internet. Eles foram feitos pelas mesmas pessoas que acreditam que, se estava de saia curta na rua, pediu para ser estuprada. Tipo: não queria ser exposta, então não deveria ter se deixado filmar. É uma lógica machista que inverte os valores. Você é puta – e não o cara, um mau-caráter. Querida, nossa sociedade está mergulhada nos próprios pudores. Não há nada de errado no que você fez. A cretinice da história toda pertence somente àquele(a) que primeiro repassou o vídeo de um celular privado para uma rede infinitamente invisível.
Apoio à Fran Forçafran
Imagem da página Apoio Fran do Facebook
A página Apoio Fran foi criada no Facebook e já conta com mais de 30 mil curtidas. No Youtube, Andrea Benetti, uma das fundadoras de outra página do Facebook,Moça, você é machista, falou sobre o caso. Para ela, o episódio retrata como a sociedade ainda julga a mulher pela forma que ela faz sexo:
(tem o) caráter definido a partir do que ela faz na cama, como se ela perdesse o valor…ou não valesse nada, (porque) alguém viu e tem certeza do que ela faz na cama
A blogueira e escritora Nádia Lapa também refletiu sobre o assunto em seu blogFeminismo pra quê hospedado no site da revista Carta Capital:
Fran fez sexo. Coisa que a maioria de nós já fez, já quis fazer, ou continua querendo e fazendo. Qual o grande pecado dela? Sim, fazer sexo, ter desejo e expressá-lo. Simone de Beauvoir fala sobre como a sociedade encara a sexualidade feminina: “a civilização patriarcal condena a mulher à castidade; reconhece-se mais ou menos abertamente ao homem o direito a satisfazer seus desejos sexuais, ao passo que a mulher é confinada ao casamento: para ela, o ato carnal, em não sendo santificado pelo código, pelo sacramento, é falta, queda, derrota, fraqueza. Ela tem o dever de defender sua virtude, sua honra; se “cede”, se “cai”, suscita o desprezo; ao passo que até na censura que se inflige ao seu vencedor há admiração”.
Depois de tanta exposição, Fran se afastou da loja onde trabalhava e prestou queixa contra o rapaz na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Goiânia. O rapaz pode pegar de 3 meses à 1 ano de prisão por difamação se enquadrado na Lei Maria da Penha. No entanto, ele se negou a entregar o celular à polícia e permaneceu em silêncio durante o interrogatório. Ele ainda negou que tenha sido o autor dos vídeos.
Fonte: Global Voices

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