Roger Waters, o ex-baixista do Pink Floyd, é hoje o último roqueiro ativista importante numa turma dominada por gatos gordos ex-alcoólatras com implantes de cabelo fazendo turnês para sustentar filhos ilegítimos.
Waters é a voz mais crítica de Israel no mundo do rock. Tem protestado contra o que é feito aos palestinos no que chama de apartheid no Oriente Médio. Já se referiu aos muros dos assentamentos de colonos como “obscenidades que deviam ser derrubadas”.
Waters é a voz mais crítica de Israel no mundo do rock. Tem protestado contra o que é feito aos palestinos no que chama de apartheid no Oriente Médio. Já se referiu aos muros dos assentamentos de colonos como “obscenidades que deviam ser derrubadas”.
Chegou a usar uma estrela de Davi, junto com símbolos de regimes totalitários à direita e à esquerda, estampada num boneco inflável de um porco numa apresentação. “Você pode atacar a política de Israel sem ser anti-judeu…”, diz ele.
“É como afirmar que, se você falar mal dos Estados Unidos, está sendo anti-cristão. Eu sou crítico da ocupação da terra palestina como é feita hoje, totalmente ilegal segundo as leis internacionais, e da maneira como as pessoas estão sendo mantidas em guetos. Não tem nada a ver com religião”.
Há alguns anos, acabou entrando num movimento que defende boicotes e sanções. Pichou os muros dos colonos. Recorreu às memórias paternas para se defender. “Meu pai morreu lutando contra os nazistas. Antes disso, ensinou história em Jerusalém. Faleceu na Itália em 1944, lutando contra a ameaça do nazismo. Não venham pregar sobre anti-semitismo ou direitos humanos para mim”.
A briga mais recente de Roger Waters é com dois brasileiros. Ao saber que Caetano Veloso e Gilberto Gil vão tocar em Israel, escreveu uma carta. Não teve resposta e escreveu a segunda.
“No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol”, disse.
“Jawhar Nasser Jawhar, 19, e Adam Abd al-Raouf Halabiya, 17, dois jovens e promissores jogadores de futebol, sonhavam em um dia jogar profissionalmente, talvez até defendendo a camisa do país deles. Em 31 de janeiro, enquanto eles caminhavam para casa, saindo de uma sessão de treinamento no Estádio de Faisal al-Husseini em al-Ram, no centro da Cisjordânia, forças israelenses abriram fogo contra eles sem aviso. (…) Estes dois jovens não foram acusados de nenhum delito, e nenhum inquérito foi aberto sobre as ações dos soldados responsáveis por suas lesões incapacitantes. Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem”.
Já tinha feito o mesmo apelo aos Rolling Stones. “Pedimos para as bandas que pretendem tocar em Israel que reconsiderem. É o equivalente moral a se apresentar em Sun City no auge do apartheid sul- africano”. Os shows, afirma, são usados para encobrir um regime “injusto e racista”.
“Estamos nos aproximando do ponto de inflexão na consciência global em que a negação dos direitos dos palestinos terá um impacto devastador sobre gerações e eles precisam do nosso apoio agora mais do que nunca.”
Postou no Facebook uma carta para Neil Young pedindo que reconsiderasse sua decisão de tocar em Tel Aviv. Neil desistiu, mas por razões de segurança e não ideológicas.
Os Rolling Stones confirmaram as datas, Caetano e Gil também. Pouquíssimos grupos e cantores se solidarizaram com a causa de Waters. Apenas Lauryn Hill. Mas não faz muita diferença. A briga é justa e a indústria da música precisa de um chato talentoso para lembrar os velhotes que dinheiro já foi uma parte do negócio, mas não a alma.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
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