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segunda-feira, 27 de julho de 2015

ROB MAZUREK & EXPLODING STAR ORCHESTRA | GALACTIC PARABLES VOLUME 1

10 anos depois, grupo prova que evoluiu a dinâmica musical (que distorceu) de Ra e Coltrane

A construção sonora de Galactic Parables Volume 1, todavia, não se restringe a eles. Na primeira versão de “Free Agents of Sound”, a guitarra de Jeff Parker retoma traços de Charlie Byrd, iniciando como se estivéssemos diante de um grupo de cool-jazz. Quando a corneta de Mazurek surge, estabelece um swing envolvente que justifica suas muitas vindas ao Brasil: após a intergaláctica transmissão da voz eletrificada de Damon Locks, o músico faz uma introdução intrépida. Ao retornar, por volta dos 9 minutos, condensa o spiritual associado a Albert Ayler, mas de forma evolucionista, intercalando entre o free-jazz e o classicismo do instrumento.
Os dois nomes cravados e mais fáceis de associar a este comemorativo álbum do Exploding Star Orchestra (por conta dos 10 anos de existência), de Rob Mazurek, são Sun Ra e John Coltrane. Estes instrumentistas de grande carga espiritual são, também, dois dos mais influentes músicos da segunda metade do século XX.
A construção sonora de Galactic Parables Volume 1, todavia, não se restringe a eles. Na primeira versão de “Free Agents of Sound”, a guitarra de Jeff Parker retoma traços de Charlie Byrd, iniciando como se estivéssemos diante de um grupo de cool-jazz. Quando a corneta de Mazurek surge, estabelece um swing envolvente que justifica suas muitas vindas ao Brasil: após a intergaláctica transmissão da voz eletrificada de Damon Locks, o músico faz uma introdução intrépida. Ao retornar, por volta dos 9 minutos, condensa o spiritual associado a Albert Ayler, mas de forma evolucionista, intercalando entre o free-jazz e o classicismo do instrumento.
Galactic Parables mostra duas facetas da obra de Mazurek: na primeira parte predomina a quentura de suas composições; na segunda, somos testemunhas do complexo desenvolvimento harmônico de seus solos
A conexão com a música brasileira no som de Mazurek é assegurada pela dupla Guilherme Granado (teclado, samplers, synth e voz) e Maurício Takara (cavaquinho, percussões e efeitos). Com o norte-americano, estes brasileiros formam o projeto São Paulo Underground, mas, em Galactic Parables, tocam na primeira parte do disco, registrado numa performance de 2013 em Sardenha (Itália). A ausência dos dois é sentida na segunda parte do álbum, em que o bandleader refaz as mesmas canções numa apresentação em Chicago, sua terra natal. Os trechos mais envolventes de “Make Way to the City” e “Helmets of Our Poisonous Thoughts #16” perdem em swing – mas exibem maior afinidade entre os integrantes na segunda versão.
As duas dinâmicas das canções de Galactic Parables mostram duas facetas pouco dissociáveis da obra de Mazurek: na primeira parte predomina a quentura de suas composições; na segunda, somos testemunhas do complexo desenvolvimento harmônico de seus solos – cujo ápice reside em “Collections of Time”, onde pulsa forte a veia bebop professor do músico.
A integração polirrítmica, entretanto, entrega os momentos mais catárticos do disco. O tempero de “The Arc of Slavery #72” é digno de comparação às big bands de Dizzy Gillespie, antes de se dissolver numa peça de free-jazz conduzida pelas baterias de John Herndon e Chad Taylor.
No final do álbum, Mazurek decidiu separar “Awaken The World #41” de “Helmets…”, possibilitando uma leitura mais fluida, que acentua a intersecção entre a corneta de Mazurek e as entradas do sax tenor deMatthew Bauder – que, por si só, merece menção honrosa no disco por suas aparições empolgantes. A melhor delas surge na 1ª faixa, “Free Agents of Sound”, assumindo um blues encantador de linhas econômicas, num belo dueto com o piano de Angelica Sanchez. Sua verve free e explosiva, desenvolvida com o grupo de Anthony Braxton, passa muito bem no teste da fervorosa “Make Way To The City”.
A repetição das performances pode fazer de Galactic Parables um disco para ser apreciado aos poucos. Atenção aos detalhes, e você vai perceber que Rob Mazurek não distorce completamente suas notas ao refazer seus temas. Para ele, as conexões são mais importantes – sejam elas galácticas ou repletas de nossa ginga brazuca.

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