“Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, que é a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade européia, a Nação Latino-Americana sonhada por Bolívar.
Hoje, somos 500 milhões, amanhã seremos 1 bilhão. Vale dizer, um contingente humano com magnitude suficiente para encarnar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos, na humanidade futura.
Hoje, somos 500 milhões, amanhã seremos 1 bilhão. Vale dizer, um contingente humano com magnitude suficiente para encarnar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos, na humanidade futura.
Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.
Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultura. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização. para se fazer uma potência econômica, de progresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e por que assentada na mais bela e luminosa província da Terra.”
(Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro)
Esta não é a primeira vez que cito O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, no blog, nem será a última (clique aqui e aqui para ler outros textos sobre o livro). Considero uma obra fundamental para compreender o nosso País e para conscientizar os jovens sobre o sofrimento dos negros e dos índios em sua formação, para perceber o tamanho da dívida que temos para com eles e entender as desigualdades que sempre existiram. Nosso parto como Nação foi doloroso e ainda é. Darcy mostra isso.
Vinte anos atrás, em fevereiro de 1995, internado em um hospital para tratar um câncer do pulmão, Darcy Ribeiro decidiu fugir e ir para sua casa em Maricá terminar aquele que considerava o grande livro de sua vida: justamente O Povo Brasileiro. “Não poderia deixar de terminá-lo”, declarou então. Em maio daquele ano o livro seria lançado e Darcy morreria dois anos depois. O Povo Brasileiro se tornou um clássico instantâneo e permanece absurdamente atual.
Em uma lista recente de livros para conhecer o Brasil que elaborou, o crítico literário Antonio Candido, que considera Darcy “um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve”, situa O Povo Brasileiro como o que deve vir antes de qualquer outro. “Como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro(1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: ‘A formação e o sentido do Brasil'”.
Fonte: Blog Socialista Morena
Fonte: Blog Socialista Morena
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