Após se reunir com ministros e instaurar estado de emergência no Egito, Mursi chama opositores para reunião
Residentes de três cidades egípcias na região do Canal de Suez terão que obedecer a partir desta segunda-feira (28/01) ao toque de recolher das 21 às 6 horas. A medida, implementada dentro do contexto de estado de emergência, terá duração de pelo menos 30 dias e tem como objetivo conter protestos violentos que já deixaram ao menos 49 mortos e centenas de feridos nos últimos cinco dias.
O presidente do país, Mohamed Mursi, declarou estado de emergência em Port Said, Suez e Ismailia na noite deste domingo (27/01) em um discurso inesperado, transmitido na cadeia nacional. O líder da Irmandade Muçulmana ainda afirmou que não hesitaria em tomar mais ações para controlar a violência nas cidades egípcias.
A iniciativa remete aos tempos ditatoriais de Hosni Mubarak, quando o governo reprimia manifestações populares contra o regime. Mursi garantiu, no entanto, que não vai levar o país de volta aos tempos autoritários e convocou uma reunião com os partidos opositores para esta tarde.
Logo após o anuncio presidencial, centenas de pessoas tomaram as ruas para protestar contra a decisão no quinto dia consecutivo de manifestações contra o governo, tanto no Cairo como nas cidades do Suez. A polícia reprimiu os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, informou a rede Al Jazeera.
“Nós queremos derrubar o regime e acabar com o estado controlado pela Irmandade Muçulmana”, explicou à Reuters Ibrahim Eissa, um jovem de 26 anos que está acampado na Praça Tahir – o principal local dos revolucionários da Primavera Árabe no país.
Protestos
Os protestos mais violentos ocorreram em Port Said, onde 40 pessoas foram mortas em apenas dois dias. A revolta na cidade teve início no sábado (26/01) quando 21 pessoas foram condenadas à morte por envolvimento em distúrbios violentos no estádio local, em 1º de fevereiro do ano passado. A pancadaria entre torcedores dos times Al-Masry, de Port Said, e Al-Ahly, do Cairo, deixou um saldo de 74 mortos.
Desde sexta-feira (25/01), milhares de pessoas saíram às ruas de diversas cidades do país para celebrar o segundo aniversário do levante popular que tirou do poder o ditador Mubarak. Os ativistas realizaram protestos em massa pedindo mais reformas políticas e econômicas e em repúdio ao governo de Mursi.
Os manifestantes acusam a Irmandade Muçulmana de "roubar" a revolução, promover o mal no país e tentar se apossar da cena política. "A Irmandade Muçulmana monopolizou tudo", disse à Efe a manifestante Karima Ahmed. "Passaram-se sete meses (do início do governo da Irmandade Muçulmana) e não vi nada: nem pão, nem liberdade, nem justiça social", continuou.
Diálogo com oposição
O presidente convocou uma reunião às 18 horas (no horário local) para discutir a crise no país e convidou membros da oposição – liberais, esquerdistas e outros.
O principal grupo opositor, a Frente Nacional de Salvação, vai se reunir dentro das próximas horas para discutir uma resposta, mas muitos membros já afirmaram que não possuem expectativas quanto à reunião.
“A menos que o presidente assuma a responsabilidade pelos eventos sangrentos e o compromisso de formar um governo com a Frente e um comitê equilibrado para alterar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo”, escreveu Mohamed El Baradei em sua conta de Twitter.
Hamdeen Sabahy, outro membro importante da organização, disse que não iria comparecer ao encontro “a menos que o derramamento de sangue pare e as demandas do povo sejam atendidas”.
Muitos opositores afirmaram que o tom do discurso do presidente foi muito mais ameaçador do que conciliador. “O Egito está em perigo e totalmente dividido”, disse à Reuters Ahmed Said do Partido Egípcios Livres.
Instabilidade desde novembro
Esta é a segunda crise política que o presidente enfrenta desde que foi eleito em junho do ano passado. Em novembro, o país foi tomado por protestos quando Mursi aprovou um decreto lhe garantindo poderes extraordinários, imunidade em relação ao Legislativo e Judiciário e a impossibilidade de dissolver a atual Assembleia Constituinte de maioria islâmica. A medida, entendida por muitos como a volta à era ditatorial, também impedia o cancelamento ou suspensão de decisões de Mursi.
As manifestações continuaram depois da redação e aprovação de um texto constitucional por apenas 234 parlamentares vinculados a Irmandade Muçulmana durante uma sessão da Assembleia Constituinte boicotada por representantes de outros setores, que protestavam contra medidas de Mursi.
A revolta apenas teve fim quando o presidente cancelou o decreto e o texto constitucional foi aprovado em referendo. Apesar disso, a insatisfação com o novo governo do país continua alta e muitos apontam que a revolução popular foi perdida, mas deve ser retomada.
Diálogo com oposição
O presidente convocou uma reunião às 18 horas (no horário local) para discutir a crise no país e convidou membros da oposição – liberais, esquerdistas e outros.
O principal grupo opositor, a Frente Nacional de Salvação, vai se reunir dentro das próximas horas para discutir uma resposta, mas muitos membros já afirmaram que não possuem expectativas quanto à reunião.
“A menos que o presidente assuma a responsabilidade pelos eventos sangrentos e o compromisso de formar um governo com a Frente e um comitê equilibrado para alterar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo”, escreveu Mohamed El Baradei em sua conta de Twitter.
Hamdeen Sabahy, outro membro importante da organização, disse que não iria comparecer ao encontro “a menos que o derramamento de sangue pare e as demandas do povo sejam atendidas”.
Muitos opositores afirmaram que o tom do discurso do presidente foi muito mais ameaçador do que conciliador. “O Egito está em perigo e totalmente dividido”, disse à Reuters Ahmed Said do Partido Egípcios Livres.
Instabilidade desde novembro
Esta é a segunda crise política que o presidente enfrenta desde que foi eleito em junho do ano passado. Em novembro, o país foi tomado por protestos quando Mursi aprovou um decreto lhe garantindo poderes extraordinários, imunidade em relação ao Legislativo e Judiciário e a impossibilidade de dissolver a atual Assembleia Constituinte de maioria islâmica. A medida, entendida por muitos como a volta à era ditatorial, também impedia o cancelamento ou suspensão de decisões de Mursi.
As manifestações continuaram depois da redação e aprovação de um texto constitucional por apenas 234 parlamentares vinculados a Irmandade Muçulmana durante uma sessão da Assembleia Constituinte boicotada por representantes de outros setores, que protestavam contra medidas de Mursi.
A revolta apenas teve fim quando o presidente cancelou o decreto e o texto constitucional foi aprovado em referendo. Apesar disso, a insatisfação com o novo governo do país continua alta e muitos apontam que a revolução popular foi perdida, mas deve ser retomada.
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