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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Como a visão política influencia a escolha de parceiros românticos

Estudos indicam correlação entre as opiniões de um indivíduo e a maneira como ele escolhe os parceiros. Além disso, uma convicção política parecida pode ser mais importante que personalidade ou aparência física


“Se for feminista, nem se dê ao trabalho de passar para a direita”. Ou: “Não perca seu tempo se for ‘de direita’. Jogue pra esquerda logo”. Essas são frases cada vez mais comuns nos perfis do Tinder.

A orientação política parece estar se tornando um pré-requisito cada vez mais importante na hora de escolher parceiros românticos.

Levantamento do site de relacionamentos OkCupid mostra que 50% de seus usuários dizem que não namorariam quem tem visão política oposta. Esse índice só cresce, desde 2008, entre os 30 milhões de inscritos na plataforma.

Além disso, um estudo em conjunto da Universidade de Rice e da Universidade de Nebraska-Lincoln, as duas nos EUA, descobriu que a orientação política é uma das características mais compartilhadas entre casais.

A importância desse tipo de traço afeta a maneira como procuramos e “nos vendemos” na hora de conhecer gente e projetar interesse amoroso por ferramentas digitais.
“Se for feminista, nem se dê ao trabalho de passar para a direita”. Ou: “Não perca seu tempo se for ‘de direita’. Jogue pra esquerda logo”. Essas são frases cada vez mais comuns nos perfis do Tinder.
A orientação política parece estar se tornando um pré-requisito cada vez mais importante na hora de escolher parceiros românticos.
Levantamento do site de relacionamentos OkCupid mostra que 50% de seus usuários dizem que não namorariam quem tem visão política oposta. Esse índice só cresce, desde 2008, entre os 30 milhões de inscritos na plataforma.
Além disso, um estudo em conjunto da Universidade de Rice e da Universidade de Nebraska-Lincoln, as duas nos EUA, descobriu que a orientação política é uma das características mais compartilhadas entre casais.
A importância desse tipo de traço afeta a maneira como procuramos e “nos vendemos” na hora de conhecer gente e projetar interesse amoroso por ferramentas digitais.
A orientação política tem correlação com os termos que usamos nesses perfis e os interesses pessoais que demonstramos para atrair parceiros.

A correlação entre opinião e busca de parceiros

Em julho de 2016, o OkCupid analisou os dados de 190 mil perfis públicos de usuários norte-americanos para identificar e comparar padrões entre aqueles que se identificam como “conservadores” ou “liberais”, mais ou menos o equivalente no Brasil à “direita” e “esquerda”, respectivamente.
O perfil de um site de relacionamento é uma medida mais objetiva sobre a maneira como alguém pretende “se vender” para um parceiro.
No OkCupid, além de preencher o perfil com uma biografia, características físicas, fotos e interesses, o usuário também tem à disposição milhares de perguntas sobre gostos, crenças e convicções pessoais.
Ao respondê-las, o site promete fazer “matches” mais precisos. Os dados nessas respostas também foram avaliados e usados para identificar padrões.
A análise observou perfis reais de homens e mulheres procurando relacionamentos sérios ou sexo casual no site. Como critério, o OkCupid analisou apenas os perfis que se encaixavam em todas as seguintes características:
  • Moradores dos EUA
  • Criaram o perfil em 2016
  • Autodeclararam, no perfil, se eram liberais ou conservadores
  • Responderam em média 140 perguntas sobre si mesmo no site
  • Tinham textos de mais de 1.000 palavras em seus perfis
O mapa de palavras usadas por cada tipo de usuário mostra que há certos termos e interesses que aparecem majoritariamente em determinadas orientações políticas, visões de mundo e preferências. Veja as principais descobertas:

Correlações entre termos usados, interesses e orientação política no perfil

  • Palavras como “podcasts” e “maconha” em um perfil significam, na maior parte das vezes, que trata-se de um liberal.
  • “Jesus”, “armas” e “soldados” aparecem ligadas, na maior parte das vezes, ao perfil de um conservador.
  • “iPhone” e “O Poderoso Chefão” aparecem de maneira equilibrada nas duas orientações políticas.
  • A maioria dos conservadores que está no site procurando uma relação estável tem conexão com o termo “prática de tiros”.
  • Enquanto isso, os liberais que buscam relacionamentos estáveis estão conectados com termos como “museus”, “ioga” e “chorar”.
  • Leitores de Stephen King, Neil Gaiman e C.S. Lewis se dizem mais “emocionalmente abertos”.
  • Hip Hop é popular entre os liberais, mas a frase “exceto rap” fica mais do lado dos conservadores.
  • Indivíduos que trabalham com vendas têm mais chances de serem conservadores.
Os achados do site mostram padrões curiosos nos perfis de usuários liberais e conservadores. Mas também indicam termos que se relacionam com orientações políticas bastantes específicas, o que mostra que a preferência dessas pessoas por se conectar com parceiros que também se identifiquem com esses termos - e portanto, com a orientação política deles. E isso não parece valer apenas para casais que se conhecem na internet.
Pesquisadores da Universidade de Lincoln-Nebraska e da Universidade de Rice, nos EUA, analisaram os traços físicos e comportamentais de mais de 5.000 casais norte-americanos. Eles concluíram que, instintivamente, os maridos e esposas do estudo buscavam parceiros com visões sociais e políticas parecidas.
Outra descoberta do estudo foi que os pesquisadores observaram poucas evidências de que maridos ou esposas se adaptam às visões políticas do outro ao longo dos anos.
“Parece que as pessoas colocam mais ênfase em encontrar um parceiro que seja parecido com relação a política, religião e atividades sociais do que fazer isso baseado em características físicas e personalidade.”
John Alford
Orientador do estudo
polarização também pode ser um fator que acirra o uso da orientação política como um critério para escolher parceiros. Em um clima político em que as pessoas se posicionam em extremos do espectro, é mais fácil descobrir a orientação política de alguém e também construir pré-concepções sobre o outro com base nesse tipo de convicção.
Fonte: Nexo

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