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segunda-feira, 21 de março de 2016

Quem tem medo dos comunistas? Por… Carlos Lacerda

O carioca Carlos Lacerda (1914-1977), o civil que ajudou os militares a fazer o golpe de 1964 –e depois se arrependeu, ao ver que os milicos não iam deixar o poder tão cedo–, ficou conhecido como conspirador desde a época de Getúlio Vargas. Ex-comunista que bandeou para a direita, Lacerda ganhou o epíteto de “o Corvo” e virou sinônimo de “golpista”. De lá para cá, toda vez que aparece alguma tentativa de derrubar o governo, rapidamente é evocado o “lacerdismo”.
Os últimos a serem comparados com Carlos Lacerda foram o tucano Aécio Neves e o juiz Sergio Moro, como se fosse justa a comparação –para Lacerda. Não é. Sob o olhar atual, o golpista dos golpistas parece mais nobre e sintonizado com a atualidade do que os direitistas retrógrados de hoje. Mais culto, mais inteligente. Compare um cara desses com um Jair Bolsonaro, um Olavo de Carvalho. Não chegam ao chulé. Desde Lacerda, a direita brasileira só fez decair.
(Lacerda e Castelo Branco em julho de 1964)
O carioca Carlos Lacerda (1914-1977), o civil que ajudou os militares a fazer o golpe de 1964 –e depois se arrependeu, ao ver que os milicos não iam deixar o poder tão cedo–, ficou conhecido como conspirador desde a época de Getúlio Vargas.
Ex-comunista que bandeou para a direita, Lacerda ganhou o epíteto de “o Corvo” e virou sinônimo de “golpista”. De lá para cá, toda vez que aparece alguma tentativa de derrubar o governo, rapidamente é evocado o “lacerdismo”.
Os últimos a serem comparados com Carlos Lacerda foram o tucano Aécio Neves e o juiz Sergio Moro, como se fosse justa a comparação –para Lacerda. Não é. Sob o olhar atual, o golpista dos golpistas parece mais nobre e sintonizado com a atualidade do que os direitistas retrógrados de hoje. Mais culto, mais inteligente. Compare um cara desses com um Jair Bolsonaro, um Olavo de Carvalho. Não chegam ao chulé. Desde Lacerda, a direita brasileira só fez decair.
Achei esta entrevista de Carlos Lacerda à TV Tupi em 1967, onde ele fala sobre os comunistas (logo em seguida, a ditadura o proibiria de aparecer na televisão), estes “vermelhos” que continuam a ser perseguidos no Brasil, 25 anos após o término da guerra fria. Enquanto o presidente dos EUA viaja a Cuba, tem gente aqui sendo espancada apenas por usar uma camiseta vermelha… Sinto vergonha alheia pelos reaças do século 21 ao ouvir Lacerda defender o direito dos comunistas à existência dentro da legalidade. Entre nós, já há direitistas defendendo a proibição dos partidos comunistas! O que nos espera nos próximos anos? Só vejo atraso.
Veja abaixo o vídeo da entrevista em que Carlos Lacerda fala dos comunistas e confira a transcrição de sua fala.
“Nunca tive medo dos comunistas. Sou contra o comunismo. E se amanhã o Partido Comunista pretender, dentro da lei, defender as suas ideias, não sou contra. Eu prefiro um Partido Comunista defendendo suas ideias dentro da lei do que um Partido Comunista fora da lei conspirando contra a lei. Isso existe em toda parte do mundo. Por que o Brasil, com quase 90 milhões de habitantes, há de viver como se fosse menor de idade mental, como se fosse uma menina amedrontada, apavorada com o comunismo? Quem tem medo do comunismo deve trabalhar pela democracia e não substituir a democracia por uma ditadura.”

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