Sem os recursos naturais da Líbia, mas no coração do conflito no Oriente Médio, a Síria é atraente para as nações ocidentais que tentam desestabilizar o país, avaliou a jornalista libanesa Ogarite Dandache, em visita a Cuba.
Jovem repórter com experiência em coberturas na região, considerou em entrevista exclusiva à Prensa Latina que além do interesse pelas riquezas desses territórios árabes, os Estados Unidos e os países europeus envolvidos querem a Síria e a Líbia por sua posição geográfica e pelas relações internacionais.
Desde o início dos distúrbios nestas terras árabes, Dandache visita-as frequentemente e nos últimos meses permaneceu nas cidades sírias de Alepo e Damasco, junto ao exército da nação para cobrir as batalhas.
Apesar de o conflito na Síria se estender por dois anos, o povo ainda resiste, assegurou, eles continuam lutando numa disputa que diz respeito a todos porque pode mudar o mundo.
A jornalista explicou que a resistência síria não só enfrenta a invasão dos Estados Unidos, governo que envia seus aviões e helicópteros ao Oriente Médio, mas que nessa luta também defendem seus pontos de vista políticos e sua ideologia.
Por outro lado, assinalou que a oposição é integrada por pessoas vindas de várias partes do mundo: "é gente que mata sem se importar, e não estão interessados no presidente, Bashar Al Assad, nem nada disso, vieram pela mentalidade de matar os que não pensam igual a eles".
Não obstante, alertou, nessa nação as coisas são diferentes ao sucedido na Líbia, já que os sírios são mais fortes e sabem como podem jogar este jogo.
Na Síria estão conscientes do que está ocorrendo, continuou, e ao mesmo tempo os países vizinhos sabem que se ocorre algo ali, os prejudicará também de alguma maneira.
"Então, eles não estão lutando só por seu país, mas por toda a região, isso nos ajudará a todos a resistir e a ganhar nossas causas".
A jornalista da rede televisiva Almayadeen também esteve várias vezes na Líbia para ser testemunha das contendas armadas e "comprovar por mim mesma que eram os supostos rebeldes".
Agregou que ao chegar percebeu que os acontecimentos não tinham nada a ver com rebeldes nem com revolução, o que interessava era o petróleo, o gás, isto é, os recursos naturais do país.
"Numa ocasião visitei uma pequena cidade, Ras Lanuf, a qual estava muito conturbada porque nela havia petróleo, e esse lugar era para eles - a oposição - mais importante até que Bengasi, por exemplo, a segunda maior cidade do país".
Dessas experiências, Dandache concluiu que há algo maior nos planos e que inclui toda a região, não só a Líbia ou a Síria".
Como profissional do jornalismo, Ogarite Dandache podia se dedicar a reportar espetáculos, eventos científicos, eventos esportivos ou processos eleitorais; no entanto sua decisão foi outra: cobrir a guerra.
De acordo com suas palavras, para ela há princípios acima do perigo que significa ir ao campo de batalha armada com câmeras, gravadores e microfones.
"Dispararam na primeira câmera que levei, e mesmo que não tenha causado muito dano, porque levava um colete antibalas, a impressão foi forte. Eu sei que é perigoso, mas é minha forma de lutar por minha causa", assegurou.
Com a naturalidade de quem fala sobre algo habitual, ela assume que pode morrer de muitas maneiras.
"Posso dirigir por qualquer lugar e ter um acidente. A morte é normal, algo que devemos aceitar porque vai chegar em algum momento, e para mim vale a pena morrer fazendo meu trabalho e lutando para salvar meu povo, por minha independência, por minha dignidade. É meu dever", afirmou.
Na opinião da libanesa, o jornalismo é hoje uma arma principal, uma das mais valiosas nas guerras contemporâneas, e considera necessário usar contra o inimigo para desmascará-lo.
A isso se soma, continuou, que muitas pessoas no mundo não sabem nada sobre as causas do conflito no Oriente Médio; eu tenho que mostrar ao mundo nossas lutas e sobretudo nosso direito de lutar.
"Nós lutamos para defender o direito à independência, por nossa dignidade, de usar os recursos naturais que estão em nossos territórios em benefício de nossos povos", apontou.
No entanto, para fazer seu trabalho teve que ultrapassar obstáculos como a indecisão por parte dos que a dirigem na rede televisiva.
"Foi duro para eles me deixarem ir sem saber se ia regressar. Mas quando fiz meus primeiros trabalhos na Líbia, Iêmen e Egito, começaram a confiar e agora me deixam livre para ir aonde eu quiser, porque sabem que trarei muito trabalho, e acho que bom trabalho", assinalou.
No caso de minha família, agrega, preocupam-se o tempo todo, "às vezes estou em regiões onde não há telefone, nem Internet e é realmente perigoso. Mas sei que no fundo estão orgulhosos".
Ainda que a rotina de trabalho desta jornalista centre-se na área de conflitos do Oriente Médio, ela decidiu fazer uma interrupção e vir a Cuba.
"Há vezes em que meu diretor me manda a lugares e noutras eu decido por minha conta. Em ocasiões pediram-me para cobrir coisas e tenho dito que não porque acho que outros podem fazê-lo, mas quando me propuseram vir a Cuba disse: Sim, eu vou".
Entre as motivações da visita, destacou: "quero compreender como por cinquenta anos, vocês têm resistido contra o maior império que já existiu".
Vim porque considero isto parte de meu dever, afirma, porque o que vocês estão fazendo aqui é parte da nossa guerra e nossa resistência contra o inimigo. É minha primeira visita, mas acho que não será a última. Vídeo sobre a matéria:
Nos últimos dias, livros, revistas, dissertações e o computador têm sido minhas principais companhias. A tarefa é dura e desafiadora: escrever sobre Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das maiores intelectuais negras que este país já teve.
Em um dos parágrafos, falei dos desafios a serem enfrentados para a superação da desigualdade racial existente no Brasil. Da mesma maneira, discorri sobre os avanços e vitórias que a população negra obteve, principalmente nas duas últimas décadas: A criação da SEPPIR em 2003, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial em 2010, e mais recentemente a vitória histórica com a aprovação das Cotas no ensino superior.
Como ninguém é de ferro, resolvi desanuviar um pouco: um café e uma olhadela no Facebook. Minha estratégia não deu muito certo: me deparei com uma “ordem de serviço” (imagem acima) da Polícia Militar de São Paulo, o que mostra que, apesar dos avanços, a luta contra o racismo tem de ser cotidiana.
Temos na medida da PM Paulista uma continuidade histórica. Ainda no século XIX, representantes da classe dominante brasileira tomaram de empréstimo as teorias raciais disseminadas na Europa, que atestavam a inferioridade dos negros. Ao adaptá-las à realidade nacional, imputaram aos descendentes de escravos uma suposta tendência ao crime. Outrossim, o negro associado à criminalidade foi fundamentado pela Ciência, ganhou caráter institucional no Estado e acabou amplamente disseminado pela população.
Passados mais de um século, este estigma permanece arraigado no inconsciente coletivo e nas abordagens policiais. Os moradores das periferias, vilas e favelas, sobretudo os negros e do sexo masculino, são vistos como elementos suspeitos.
Do ponto de vista da violência urbana, um estudo realizado pelo Laboratório de Análises Estatísticas Econômicas e Sociais das Relações Raciais da UERJ mostrou que, entre os anos de 2009 e 2010, o número de pretos e pardos assassinados cresceu 46,3%. No contingente branco, esse crescimento foi de 0,1%.
Mano Brown, que recentemente pediu o impeachment do governador Geraldo Alckimim, pelo alto índice de jovens negros assassinados nas periferias de São Paulo, em 2011, durante palestra em Belo Horizonte afirmou que de cada 15 jovens assassinados 14 são negros. Esses números não deixam claro que um genocídio está em curso no Brasil, e pouco ou nada se faz para reversão desse quadro aterrador.
Os reflexos das teorias raciais formuladas pela elite brasileira nos anos finais do século XIX e início da primeira República também são visíveis no sistema prisional. No Rio de Janeiro, 90% da população carcerária é formada por afro-descendentes. Diante disso, torna-se impossível não lembrar dos versos de Gil e Caetano:
“mas presos, são quase todos pretos, ou quase brancos, quase pretos de tão pobres, e pobres são como podres, e todos sabem como se tratam os pretos”.
Num país que entende como natural a distância que separa negros e brancos, a postura genocida da Polícia Militar de São Paulo dificilmente é associada à violência racial. Além disso, quando chegam a ser noticiados na mídia são fruto de denúncias de moradores e de pressões dos movimentos sociais. Assim, é necessário louvar as reportagens veiculadas pela Rede Record e pela Carta Capital, que nos últimos anos têm levado ao ar e publicado matérias sobre a discriminação racial e a violência policial no Brasil. Fato raro na televisão brasileira.
Nas eleições de 2010, em um dos debates entre os presidenciáveis, Plínio Arruda, nos poucos minutos a que teve direito de se pronunciar, sintetizou numa frase um dos legados deixados pelos quase quatro séculos de escravidão no país: “Ser negro no Brasil é extremamente perigoso”.
Poucos devem ter prestado a atenção na assertiva de Plínio, porém, a “ordem de serviço” emitida pelo Comandante da PM, Ubiratam Beneducci, não deixa dúvidas de que o então candidato do PSOL estava coberto de razão.
Após se reunir com ministros e instaurar estado de emergência no Egito, Mursi chama opositores para reunião
Residentes de três cidades egípcias na região do Canal de Suez terão que obedecer a partir desta segunda-feira (28/01) ao toque de recolher das 21 às 6 horas. A medida, implementada dentro do contexto de estado de emergência, terá duração de pelo menos 30 dias e tem como objetivo conter protestos violentos que já deixaram ao menos 49 mortos e centenas de feridos nos últimos cinco dias.
O presidente do país, Mohamed Mursi, declarou estado de emergência em Port Said, Suez e Ismailia na noite deste domingo (27/01) em um discurso inesperado, transmitido na cadeia nacional. O líder da Irmandade Muçulmana ainda afirmou que não hesitaria em tomar mais ações para controlar a violência nas cidades egípcias. A iniciativa remete aos tempos ditatoriais de Hosni Mubarak, quando o governo reprimia manifestações populares contra o regime. Mursi garantiu, no entanto, que não vai levar o país de volta aos tempos autoritários e convocou uma reunião com os partidos opositores para esta tarde.
Logo após o anuncio presidencial, centenas de pessoas tomaram as ruas para protestar contra a decisão no quinto dia consecutivo de manifestações contra o governo, tanto no Cairo como nas cidades do Suez. A polícia reprimiu os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, informou a rede Al Jazeera.
“Nós queremos derrubar o regime e acabar com o estado controlado pela Irmandade Muçulmana”, explicou à Reuters Ibrahim Eissa, um jovem de 26 anos que está acampado na Praça Tahir – o principal local dos revolucionários da Primavera Árabe no país.
Protestos
Os protestos mais violentos ocorreram em Port Said, onde 40 pessoas foram mortas em apenas dois dias. A revolta na cidade teve início no sábado (26/01) quando 21 pessoas foram condenadas à morte por envolvimento em distúrbios violentos no estádio local, em 1º de fevereiro do ano passado. A pancadaria entre torcedores dos times Al-Masry, de Port Said, e Al-Ahly, do Cairo, deixou um saldo de 74 mortos.
Desde sexta-feira (25/01), milhares de pessoas saíram às ruas de diversas cidades do país para celebrar o segundo aniversário do levante popular que tirou do poder o ditador Mubarak. Os ativistas realizaram protestos em massa pedindo mais reformas políticas e econômicas e em repúdio ao governo de Mursi.
Os manifestantes acusam a Irmandade Muçulmana de "roubar" a revolução, promover o mal no país e tentar se apossar da cena política. "A Irmandade Muçulmana monopolizou tudo", disse à Efe a manifestante Karima Ahmed. "Passaram-se sete meses (do início do governo da Irmandade Muçulmana) e não vi nada: nem pão, nem liberdade, nem justiça social", continuou.
Diálogo com oposição
O presidente convocou uma reunião às 18 horas (no horário local) para discutir a crise no país e convidou membros da oposição – liberais, esquerdistas e outros.
O principal grupo opositor, a Frente Nacional de Salvação, vai se reunir dentro das próximas horas para discutir uma resposta, mas muitos membros já afirmaram que não possuem expectativas quanto à reunião.
“A menos que o presidente assuma a responsabilidade pelos eventos sangrentos e o compromisso de formar um governo com a Frente e um comitê equilibrado para alterar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo”, escreveu Mohamed El Baradei em sua conta de Twitter.
Hamdeen Sabahy, outro membro importante da organização, disse que não iria comparecer ao encontro “a menos que o derramamento de sangue pare e as demandas do povo sejam atendidas”.
Muitos opositores afirmaram que o tom do discurso do presidente foi muito mais ameaçador do que conciliador. “O Egito está em perigo e totalmente dividido”, disse à Reuters Ahmed Said do Partido Egípcios Livres.
Instabilidade desde novembro
Esta é a segunda crise política que o presidente enfrenta desde que foi eleito em junho do ano passado. Em novembro, o país foi tomado por protestos quando Mursi aprovou um decreto lhe garantindo poderes extraordinários, imunidade em relação ao Legislativo e Judiciário e a impossibilidade de dissolver a atual Assembleia Constituinte de maioria islâmica. A medida, entendida por muitos como a volta à era ditatorial, também impedia o cancelamento ou suspensão de decisões de Mursi.
As manifestações continuaram depois da redação e aprovação de um texto constitucional por apenas 234 parlamentares vinculados a Irmandade Muçulmana durante uma sessão da Assembleia Constituinte boicotada por representantes de outros setores, que protestavam contra medidas de Mursi.
A revolta apenas teve fim quando o presidente cancelou o decreto e o texto constitucional foi aprovado em referendo. Apesar disso, a insatisfação com o novo governo do país continua alta e muitos apontam que a revolução popular foi perdida, mas deve ser retomada.
Fogo começou por volta das 2h30 de domingo (27)
durante festa em boate.
Resgate de corpos foi concluído; feridos são levados a hospitais da região.
O incêndio ocorrido na madrugada deste domingo (27)
na boate Kiss, em Santa Maria, Região Central doRio Grande do Sul,
já deixou pelo menos 245 mortos, segundo a Brigada Militar. O resgate dos
corpos foi concluído no fim da manhã. Ao menos outras 48 pessoas feridas estão
recebendo atendimento em hospitais da região. O número total de vítimas ainda é
desconhecido.
A polícia e o Corpo de Bombeiros ainda trabalham no
local em busca de mais informações sobre as circunstâncias da tragédia e para
retirar corpos da área.
O número de pessoas que estavam na boate no momento
do incêndio ainda não foi confirmado pelas autoridades. A festa reunia
estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia e
dois cursos técnicos.
Segundo informações preliminares, o fogo teria
começado por volta das 2h30, depois que o vocalista da banda que se apresentava
fez uma espécie de show pirotécnico, usando um sinalizador. As faíscas teriam
atingido a espuma que faz o isolamento acústico no teto do estabelecimento e as
chamas se espalharam.
O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não
conseguiram acessar a saída de emergência.
Ao menos seis casas de saúde da região receberam
vítimas do incêndio, e voluntários estão auxiliando o trabalho na cidade.
"Estamos mobilizando todo o estado. Temos hospitais de diversas regiões se
disponibilizando para ajudar. De Canoas, Santo Ângelo, Santa Cruz, enfim. Todos
estão colaborando para oferecer o melhor atendimento possível. Os trabalhos são
intensos e é preciso uma mobilização muito grande", disse Ciro Simoni,
Secretário Estadual da Saúde, em entrevista àRádio Gaúcha.
O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, que
tem uma unidade especializada em queimaduras, também receberá feridos.
'Banda
utilizava efeitos pirotécnicos'
Taynne Vendrúsculo, estudante que estava na boate durante o incêndio, afirmou
ter visto o vocalista da banda que se apresentava no localutilizando efeitos pirotécnicos
durante o show.
"Foi durante uma música em que o cantor estava
fazendo uma apresentação que tinha efeitos [pirotécnicos], porque provocou
faíscas, alguma coisa que acreditamos que possa ter sido isso que causou [o
incêndio]. Foi muito rápido. Ele estava cantando e, quando a gente viu, ele
parou de cantar e aí a gente olhou e prestou atenção no que estava acontecendo
e tinha o fogo no teto", contou àGloboNews.
'Fumaça
se espalhou muito rápido'
A estudante Luana Santos Silva, de 23 anos, que estava no local no momento do
incidente, disse em relato àGloboNewsqueo fogo se alastrou rapidamente
pelo interior da boate.
Ela afirmou que estava próxima à saída quando o
fogo começou. "Nós olhamos para o teto lá na frente do palco e estava
começando um fogo. Foi um amigo nosso que nos mostrou, aí nós começamos a cair.
Minha irmã me puxou e eu saí arrastada pelo chão", contou Luana.
Segundo a jovem, a fumaça se espalhou rapidamente.
"Foi bem no início, foi só atravessar a rua e começou a sair fumaça. Aí
começou a sair o pessoal desesperado e gente machucada. Era uma porta pequena
para muita gente sair".
Trabalho
salva fotógrafa
O trabalho da fotógrafa Fernanda Freire Gomes Bona, de 23 anos,a salvou de ser mais uma das
vítimasdo incêndio que
atingiu a boate Kiss, em Santa Maria (RS). Fotógrafa oficial da casa noturna,
ela estava em uma área VIP próxima à saída quando o incêndio começou. O local
tinha uma vista privilegiada da boate, permitindo não apenas que ela tirasse
fotos, mas também que percebesse rapidamente o incêndio e escapasse do local em
poucos minutos.
"Como estava perto da porta graças a Deus eu
saí correndo, em cinco minutos estava do lado de fora. Uma pessoa me chamou
para fotografar na área VIP, por isso que eu fui para lá, tem uma visão
melhor", contou Fernanda aoG1. "Normalmente eu fico no meio das pessoas. Foi sorte. Seu eu não
estivesse trabalhando, não estaria na área VIP".
Aí começou a sair o pessoal desesperado e gente
machucada. Era uma porta pequena para muita gente sair"
Luana Santos Silva, estudante que deixou a boate no início do incêndio
Dilma
cancela agenda e vai ao RS
A presidente Dilma Rousseff cancelou três reuniões bilaterais que teria neste
domingo (27) no Chile e embarca ainda pela manhã para Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, em razão da tragédia ocorrida em boate na cidade, onde pelo
menos 245 pessoas morreram após o incêndio.
Em entrevista antes da viagem,Dilma disse que mobilizou os
ministros para monitorar e que o governo federal fará "tudo o que for
necessário". Emocionada, ela lamentou a tragédia.
"Eu queria dizer à população do nosso país e
de Santa Maria o quanto, nesse momento de tristeza, estamos juntos. E
necessariamente iremos superar, mantendo a tristeza", disse com a voz
embargada.
Mais cedo, ela telefonou para o governador gaúcho
Tarso Genro e ofereceu "toda ajuda necessária" para lidar com a
situação.
"A presidenta telefonou para o governador
Tarso Genro e ofereceu toda a ajuda necessária. Ela determinou a todos os
ministros que deem apoio em suas respectivas áreas", informou a assessoria
de imprensa do Planalto.
'Brasil
está de luto', diz Lula
Oex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva divulgou nota, na manhã deste domingo, na qual
manifesta solidariedade a amigos e familiares das vítimas do incêndio em uma
boate em Santa Maria.
"O Brasil inteiro está triste e de luto pelas
mortes ocorridas no incêndio em Santa Maria. Nesse momento difícil, expressamos
nossa solidariedade aos amigos e familiares das vítimas e à toda a população da
cidade, mas em especial aos pais e mães por essas perdas irreparáveis. Nossos sentimentos",
diz a nota assinada por Lula e pela ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Tarso
Genro lamenta tragédia e viaja para Santa Maria
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,manifestou no Twitter o seu
pesar pelas mortesprovocadas pelo incêndio ocorrido na madrugada. O chefe do Executivo no
estado afirmou ainda que se deslocará até a cidade para acompanhar o trabalho
dos Bombeiros e da Polícia Civil, que realizam a retirada e a identificação dos
corpos.
“Domingo triste! Estamos tomando as medidas
cabíveis e possíveis. Estarei em Santa Maria no final da manhã”, escreveu o
governador na rede social. Em entrevista à Rádio Gaúcha mais cedo neste
domingo, o secretário de Segurança Pública do RS, Airton Michels, afirmou que
todas as forças de segurança pública do estado já foram acionadas para se
deslocarem até Santa Maria.
Prefeitura
decreta luto oficial de 30 dias
O prefeito de Santa Maria (RS), Cezar Schirmer, decretou luto oficial de 30 dias
pelas mortesocorridas
durante incêndio em uma boate e que vitimou pelo menos 245 pessoas. De acordo
com o secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Manica, é a
primeira vez que um luto tão extenso é decretado na cidade.
Tragédia
é destaque na imprensa mundial
O incêndio ocorrido em Santa Maria (RS)repercutiu na imprensa
internacional, com jornais e agências de notícias de outros
países publicando reportagens sobre o assunto. Ojornal espanhol El País noticiava
a tragédiacomo manchete
de sua edição na internet. "Dezenas de mortos em incêndio de uma discoteca
no sul do Brasil", dizia a publicação.
A rede britânicaBBC informou que
"dezenas" de pessoas morreramno incêndio, e pedia relatos de testemunhas. O
jornal norte-americanoNew
York Post deu destaque para o ocorridoem sua página na internet, relatando as dezenas de
mortes. A publicação inglesa Daily
Mirror divulgou
imagens da fachadada boate no Rio Grande do Sul junto com relatos sobre as mortes.
Numa demonstração de que a Feira de Agricultura Familiar de Minas Gerais (AgriMinas) está cumprindo o seu papel, a Fetaemg firmou parceria com a rede de supermercados Martplus para a comercialização de produtos da agricultura familiar nos gôndolas dos 77 supermercados que hoje congregam a rede Martplus na capital mineira. De acordo com o gerente operacional do Martplus, Rogério Andrade, há um interesse muito grande dos consumidores por produtos produzidos artesanalmente e a agricultura familiar tem produtos de qualidade, com forte potencial para o mercado. “Nós temos hoje nas lojas áreas para receber esses produtos regionais valorizando a diversificação de Minas Gerais através de suas regiões e de encontro à necessidade do consumidor em resgatar os sabores do campo. Essa parceria é para desenvolvermos isso, buscando dentro da agricultura familiar todas as opções para abastecer as lojas e ter um produto diferenciado que remeta as origens da população, principalmente da capital”, explica Andrade.
O interesse pelos produtos da agricultura familiar surgiu a partir de visitas de representantes da rede Martplus à AgriMinas, que puderam conhecer e comprovar o diferencial dos produtos, resultando, inclusive, no fechamento de negócios com agricultores.
O integrante da Conspiração Gastronômica Eduardo Maya diz que a ideia é valorizar e dar nome aos produtos e o consumidor já tem consciência da importância para a saúde de um produto de qualidade e assim, valoriza o que é produzido no campo sem uso de agrotóxico ou conservante. Maya diz que a parceria do Martplus com a Fetaemg já comprova que há muito espaço para os produtos da agricultura familiar no mercado. “Eu acho que ao colocarmos esses produtos nessa rede de supermercados, que está entre as dez maiores do Brasil, nós vamos conseguir cada vez mais valorizar os pequenos produtores.”
O presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, diz que já não há mais dúvidas que a AgriMinas está abrindo portas e para ocupar esse espaço o agricultor precisa estar a cada dia mais organizado. Vilson diz ainda que a ideia é criar o selo AgriMinas para a identificação dos produtos, o que pode ampliar ainda mais a abertura de mercados.
Será que Ricardo Noblat, o blogueiro favorito da famiglia Marinho, não acredita mais na oposição tucana, que ele vive chamando de inapta e incompetente? Será que o seu ódio a Lula o levou a torcer por Dilma Rousseff? Ou ele continua fazendo o jogo das intrigas para afastar o ex-presidente da sua sucessora? O texto de hoje do jornalista levanta tais dúvidas. De maneira inesperada, Noblat faz uma defesa “apaixonada” da atual presidenta. “Respeitem Dilma!”, é o título do seu risível artigo.
Para ele, o líder petista é a maior ameaça à reeleição de Dilma. “Lula está pronto para entrar em campo. Para entrar em campo é modo de dizer. Lula nunca saiu de campo”. O jornalista chega a afirmar que o ex-presidente articulou emenda para disputar o terceiro mandato consecutivo. Não apresenta provas, apenas especula – bem diferente da situação do seu amigo FHC, que “comprou” a emenda da reeleição e rasgou a Constituição. Ainda segundo Noblat, o “caudilho” Lula desistiu para “voltar revigorado quatro anos depois”.
Diante deste plano petista-maquiavélico, o colunista da Globo aconselha Dilma Roussseff a resistir e a disputar a reeleição. Noblat ainda dá uma dura no ex-presidente, num linguajar asquerosamente machista. “E então, companheiro? Enquanto a mulher lhe foi útil não havia ninguém melhor do que ela. Agora que você descansou mesmo contra a sua vontade, planeja dar uma rasteira na mulher pedindo de volta a cadeira que ela mal esquentou? Você usou a mulher como quis. E pretende continuar usando”. O desespero de Noblat é patético!
Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 — São Paulo, 21 de agosto de 1989) foi um cantor e compositor brasileiro,
frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro.
Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de "Pai do
Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza". Sua obra musical é composta
de 21 discos lançados em seus 26
anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião,
e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing". Seu álbum
de estreia, Raulzito e os Panteras (1968), foi produzido
quando ele integrava o grupo Os Panteras, mas só
ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-ha,
Bandolo! (1973), como "Ouro de Tolo",
"Mosca na Sopa",
"Metamorfose Ambulante". Raul Seixas adquiriu um
estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se
deve aos ideais que vindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado
por figuras como Aleister Crowley.
Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim e algumas crenças
dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção
boa ou de curiosidade por conta disso. Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua
vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!(1987) e A Panela do Diabo (1989), esse último
em parceria com Marcelo Nova, e sua
obra musical tem aumentado continuamente de tamanho, na medida em que seus
discos (principalmente álbuns
póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do
país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos
quarenta anos. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas
da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando a
posição 19ª , encabeçando nomes como Milton Nascimento,Maria Bethânia, Heitor
Villa-Lobos e outros. No ano anterior, a mesma
revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da
Música Brasileira, onde dois de seus álbuns apareceram Krig-ha,
Bandolo! de 1973 atingiu a 12ª posição
e Novo Aeon ficou em 53º lugar , demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser
considerado importante hoje em dia.
Primeiros anos
Infância
Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de Junho de 1945 numa família de
classe média baiana que vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador. Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada
de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas,
se dedicava às atividades domésticas.No próximo mês ele foi registrado no Cartório de Registro Civil de
Salvador com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro do mesmo ano,
batizaram-no na Igreja Matriz da Boa Viagem. Em 4 de dezembro de 1948, Raul Seixas ganhou um irmão, o único,
Plínio Santos Seixas, com quem teria um bom relacionamento durante sua
infância. Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário
estudando com a professora Sônia Bahia. Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns
amigos. O trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957, quando ele
ingressou no ginásio Colégio
São Bento, onde foi reprovado na 2ª série por três anos.Um dos motivos da reprovação, segundo alguns biógrafos, é que ele, em
vez de ir assistir as aulas, ouvia rock and roll — em seus primórdios — na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de Julho, Raul
Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão. Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, é através de Serrão que Raul
Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla.Segundo Raul, o encontro com Waldir foi fantástico: "me preparei
todo, botei a gola pra cima, botei o topete,
engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, masclando chiclete". O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça,
roubava bugigangas e quebrava vidraças.Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma
maneira de ser".
Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno
Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela
leitura. O pai de Raul Seixas amava os livros e possuía uma vasta biblioteca em casa. Tão logo decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os
volumes que encontrava na biblioteca do pai Raul. Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação
e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos,
para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando
interessado e comprava os esboços. Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um
cientista maluco chamado "Mêlo" (algo como "amalucado"),
que viajava para diversos lugares imáginarios como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis
Ao Cubo, Oceanos de Cores. Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as
respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que
só cabia um só passageiro... Melô-eu." Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do
quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator. Ambos os irmãos tinham algo em comum: adoravam literatura, mas
odiavam a escola. Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria: "Eu era um fracasso na
escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia
era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do
ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la." De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava frequentar a escola vez ou
outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou a Raul como ele ia na escola
e pediu seu boletim. Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias
resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas Maria Eugênia interrompia,
dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rock o tempo inteiro, essa porcaria desse
béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices." Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem-vindo entre as
famílias.
Os Panteras
Embora Raul mantivesse um gosto muito
sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua
cidade, escutavam Luís Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos.
Enquanto isso Raul junta-se a cena do Rock que se formava em Salvador. "Em
54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando
Little Richard." Com o passar do
tempo a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relampagos do Rock,
formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, passa
por várias formações e em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora
já se tornara sensação de Salvador. A fama se espalha, e a banda é rebatizada
pelo nome Os Panteras. Em 1967 Raul Seixas começa um relacionamento com Edith
Wisner, filha de um pastor protestante americano. O pai de Edith não aceita o
namoro da filha. Em seis meses completa o segundo grau, faz cursinho
pré-vestibular e passa em Direito, Psicologia e Filosofia. Com isso casa-se com
Edith. Logo em seguida, abandona os estudos, volta a reunir os Panteras e
aceita o convite de Jerry Adriani para ir para o Rio de Janeiro.
Em 1968, Raulzito e Os Panteras gravam
seu primeiro e único Disco, Raulzito e Os Panteras. Assinando contrato com a
gravadora Odeon, após encontrarem Chico Anysio e o rei Roberto Carlos, que os
reconheceu nos corredores de uma grande gravadora. O Disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. Eládio
Gilbraz, um dos panteras, diria: "De um lado havia a inexperiência de
quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical,
agnosticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional
que só falava em "comercial". Talvez não tenha sido o disco que o
grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco. A partir daí, Raulzito e Os Panteras passariam sérias dificuldades no
Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para
tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso. Algumas
vezes os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando como banda de apoio,
o que, segundo o próprio Raul, lhe deu muita experiência e lhe ajudou a
descobrir como se comunicar, pois suas "músicas eram muito
herméticas". Raulzito
passaria então fome no Rio de Janeiro (como mais tarde escreveria em Ouro de Tolo).
Yê-yê-yê realista
Raul Seixas estava totalmente abalado
pelo fracasso com Os Panteras, e a sua volta a Salvador. Escrevia ele:
"Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz
bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] Eu comprei uma motocicleta
e fazia loucuras pela rua." No entanto a sorte começaria a mudar, um dia, conhece na Bahia um
diretor da CBS Discos. Mais tarde ele convidaria Raul para ser produtor da
gravadora. Sem pensar duas vezes, ele faz as malas, junto a Edith, e volta para
o Rio.Raul volta ao Rio para usar seus enciclopédicos conhecimentos de música
como produtor fonográfico. Nos cadernos de composições de Raul começaria a ser
alimentada uma revolução. Esta seria a segunda chance de Raul, apostando no talento do amigo,
Jerry Adriani convence o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a
Raulzito um emprego de produtor. Raulzito trabalhou anonimamente por um bom
tempo.
Raul após ter entrado na CBS, fez
grandes aliados e amigos. Ainda em 1968, a dupla Os Jovens e a banda The
Sunshines apostaram em suas letras. No entanto, Raul faria um grande amigo e
parceiro: Leno, da dupla Leno e Lilian.
"Raulzito sempre esteve 20 anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia;
na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua". Diria Arlindo
Coutinho, da relações públicas da CBS. Em seu compacto duplo Papel Picado,
lançado em 1969, Leno registrou Um Minuto Mais, versão de Raulzito para I Will
(nada a ver com a canção de Paul McCartney). Também não se pode esquecer de Mauro Motta, outro grande parceiro de Raul nesta
fase. Jerry Adriani decide convocar Raulzito para ser o produtor de seus
discos. No álbum de 1969, aproveitou para gravar uma de suas músicas, Tudo Que
É Bom Dura Pouco. Naquela mesma época, outros ídolos da Jovem Guarda também apadrinharam Raulzito gravando suas letras como Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Jerry
Adriani, Odair José. 1970
marcou o início de uma fase muito ativa na carreira de Raulzito, como produtor
da CBS. Primeiramente, suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas
do cast da gravadora. Passou o ano produzindo discos para Tony & Frankye,
Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade
enorme de músicas para os colegas da gravadora.
Algumas de muito sucesso, como Doce
doce amor (Jerry Adriani), Ainda Queima a Esperança (Diana) e Se ainda existe amor (Balthazar). Raulzito nessa época passa a
ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas
composições como Hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas.
Mas Raulzito não se conformava apenas com isso, com o apoio de Sergio Sampaio,
Raul passa cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda morava em
Salvador, que era ser um cantor. Ao lado de Leno, Raulzito participa do disco Vida e Obra de Johnny McCartney, disco solo de Leno,
em que ambos buscam novos caminhos e experimentações. Juntos assinam letras e
composições em parcerias. Foi o primeiro Lp gravado em oito canais no Brasil. As
letras do Disco foram censuradas, e o Disco não foi lançado na época. Outro
projeto mal sucedido seria a Sociedade da Grã-Ordem
Kavernista Apresenta Sessão das 10 onde Raul Seixas deu inicio a produção
de um projeto de ópera-rock, tendo as letras mutiladas pela censura do Regime
Militar. O Sociedade Grã Ordem Kavernista era um disco Anarquico, inspirado em
Frank Zappa e o então cultuado Disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles misturado a elementos brasileiros, como samba, chorinho, baião. O
Movimento no entanto não dera certo.
Auge e queda
No início dos anos 1970, Raul decide
participar do Festival Internacional da Canção, de 1972, sendo
convencido pelo amigo e parceiro Sérgio Sampaio. Raul
inscreve-se no Festival duas de suas músicas, Let me sing My Rock n Roll, defendida pelo
próprio Raul e Eu sou eu e Nicuri é o diabo,
defendida por Lena Rios & Os Lobos, ambas chegam a final, obtendo sucesso
de critica e de público. Na época, Raul também se interessa por um artigo sobre extraterrestres publicado na revista A Pomba e teve o seu primeiro contato com o escritor Paulo Coelho, que
mais tarde, se tornaria seu parceiro musical. No ano de 1973, Raul conseguiu um grande sucesso com a
música "Ouro de Tolo" no álbum Krig-ha, Bandolo!, uma música com
letra quase autobiográfica, mas que debocha da Ditadura e do "Milagre
Econômico". O mesmo LP também continha outras músicas que se
tornaram grandes sucessos, como: "Metamorfose Ambulante, "Mosca na Sopa"
e Al Capone. Raul Seixas finalmente alcançou grande repercussão nacional como
uma grande promessa de um novo compositor e cantor. Porém, logo a imprensa e os fãs da época foram aos poucos percebendo que
Raul não era apenas um cantor e compositor. No ano de 1974, Raul Seixas e
Paulo Coelho criam a Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos
preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley,
onde a principal lei é "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei".
Em todos os seus shows, Raul divulgava a Sociedade Alternativa com a música de
mesmo nome. A Ditadura, então, através do DOPS (Departamento de
Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade
Alternativa fosse um movimento armado contra o governo.
Depois de torturados, Raul e Paulo
foram exilados para os Estados Unidos onde Raul Seixas teria supostamente se encontrado com John Lennon. No
entanto, o seu LP Gita gravado poucos meses antes faz tanto sucesso, que ambos voltaram ao
Brasil. O álbum Gita rendeu a Raul um
disco de ouro, após vender 600.000 cópias. Ainda neste ano, Raul separa-se de
Edith, que vai para os Estados Unidos com a filha do casal, Simone. Em 1975, casa-se com Gloria Vaquer, e grava o LP Novo Aeon, onde Raul compôs
uma de suas músicas mais conhecidas, "Tente Outra Vez". O LP, porém, vendeu
menos de 60 mil cópias. Em 1976, Raul supera a má-vendagem do disco
anterior com o disco Há Dez Mil Anos Atrás. Neste mesmo ano,
nasce sua segunda filha, Scarlet. Naquele final de década as coisas começaram a
ficar ruins para Raul. A parceria com Paulo Coelho é desfeita. O cantor lança
três discos pela WEA (hoje Warner
Music Brasil), a partir de 1977, que fizeram sucesso de público e
desgosto na crítica (O Dia Em Que A Terra Parou, que continha
canções como "Maluco
Beleza" e "Sapato 36"; Mata Virgem (de volta com a parceria de Paulo Coelho, em 1978 e Por Quem os Sinos Dobram, em 1979). Por volta
deste período, intensifica-se a parceria com o amigo Cláudio Roberto Andrade de Azevedo (geralmente creditado como Cláudio Roberto), com quem Raul compôs várias
de suas canções mais conhecidas. A partir do ano de 1978, começa a ter
problemas de saúde devido ao consumo de álcool, que lhe
causa a perda de 1/3 do pâncreas. Separa-se de Glória, que vai embora para os Estados
Unidos levando a filha Scarlet. Neste ano,
conhece Tania Menna Barreto, com quem passa a viver. No ano de 1979, separa-se
de Tania. Começa então a depressão de Raul Seixas junto com uma internação para
tratar do alcoolismo. Conhece
Angela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira.
Altos e baixos
Em 1980 assina novamente contrato com a
CBS (desta vez como cantor) lançando mais um álbum, Abre-te
Sésamo, que contém outros sucessos e têm as faixas "Rock das
'Aranha'" e "Aluga-se"
censuradas. Logo depois o contrato é rescindido. Em 1981 nasce a terceira
filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika. Em 1982 faz um show na praia
do Gonzaga, em Santos, reunindo mais de 150 mil pessoas. No
mesmo ano, Raul apresenta-se bêbado em Caieiras, São Paulo, e é quase
linchado pela platéia que não acredita que Raul é o próprio, mas um impostor.
Desde 1980 Raul estava sem gravadora e agora também sem perspectiva de um novo
contrato. Mergulhado na depressão, Raul afunda-se nas drogas. Porém, em 1983, Raul é
convidado para gravar um disco pelo Estúdio Eldorado. Logo depois, Raul é
convidado para gravar o especial infantil Plunct,
Plact, Zuuum da Rede Globo, onde canta a música
"Carimbador Maluco". O álbum Raul
Seixas(1983), que continha
a canção, dá à Raul mais um disco de ouro. Em 1984 grava o LP "Metrô Linha 743"
pela gravadora Som Livre. Mas
depois Raul teve as portas fechadas novamente, devido ao seu consumo excessivo
de álcool e constantes internações para desintoxicação. Também em 1984 a Eldorado
lança o disco Ao Vivo - Único e Exclusivo.
Em 1985, separa-se de Kika Seixas. Faz um show em 1
de dezembro 1985, no Estádio
Lauro Gomes, na cidade de São
Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova.
Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi lançado somente
no ano seguinte, devido ao alcoolismo de Raul. O disco Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! faz grande sucesso entre os fãs, chegando a ganhar disco de ouro e
estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico. Nesta época,
conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano,
estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no disco Duplo
Sentido, da banda Camisa de Vênus). Um
ano mais tarde, 1988, já separado de Lena, faz seu último
álbum solo, A
Pedra do Gênesis. A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador,
após três anos sem pisar num palco. No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora
parceiro musical, totalizando 50 apresentações pelo Brasil. Durante os
shows, Raul mostra-se debilitado. Tanto que só participa de metade do show, a
primeira metade é feita somente por Marcelo Nova.
Morte.
As 50 apresentações pelo Brasil
resultaram naquele que seria o último disco lançado em vida por Raul Seixas. O
disco foi intitulado de A Panela do Diabo, que foi lançado
pela Warner
Music Brasil no dia 22 de agosto de 1989. Na manhã
do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama , por volta
das oito horas da manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma parada
cardíaca: seu alcoolismo, agravado
pelo fato de ser diabético, e por não
ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova,
tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira. Raul foi
velado pelo resto do dia no Palácio das Convenções do
Anhembi. No dia seguinte seu corpo foi levado por via aérea até
Salvador e sepultado às 17 horas, no Cemitério Jardim da Saudade.
Após a morte
Depois de sua morte, Raul permaneceu
entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 - Eldorado), Se o Rádio não Toca... (1994 - Eldorado) e Documento (1998). Inúmeras coletâneas também foram lançadas, como Os Grandes Sucessos de Raul Seixas de (1993), a grande maioria sem novidades, mas algumas com músicas
inéditas como As Profecias (com uma versão ao vivo de "Rock das Aranhas") de 1991 e Anarkilópolis(com "Cowboy Fora da Lei Nº2") de 2003. Sua penúltima mulher,
Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em
escritos dos diários de Raul Seixas desde os seis anos de idade até a sua
morte. Em 2004, o canal a cabo Multishow promoveu um show especial de tributo a Raul, intitulado O Baú do Raul: Uma Homenagem a Raul Seixas. O show, gravado na Fundição
Progresso (Rio de Janeiro) e lançado em CD e DVD,
contou com artistas como Toni Garrido, CPM 22, Marcelo D2, Gabriel
o Pensador, Arnaldo Brandão, Raimundos, Nasi, Caetano
Veloso,Pitty e Marcelo Nova (os três últimos baianos, como Raul). Mesmo depois de sua morte, Raul
Seixas continua fazendo sucesso entre novas gerações. Vinte anos depois de sua
morte, o produtor musical Mazzola, amigo
pessoal de Raul, divulgou a canção inédita "Gospel", censurada na
década de 1970. A canção foi incluída na trilha sonora da telenovela Viver a Vida, da Rede Globo.
Uma manifestação contra o ex-presidente Lula e o PT reuniu 20 pessoas na avenida Paulista, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na tarde deste domingo (13) em São Paulo.
O encontro, marcado via redes sociais, tinha como um dos lemas "Mexeu com o Brasil, mexeu comigo. Por um Brasil sem LULA/PT" e associava Lula ao processo do mensalão.
Os manifestantes entoavam gritos e seguravam faixas contra o partido e o ex-presidente Lula.
O professor Antonio da Silva Ortega, 60, dizia ter nojo do PT. "Estou aqui porque não quero que o Brasil vire uma Venezuela ou Cuba, mas não sou de nenhum partido."
A professora aposentada Miriam Tebet veio de Ribeirão Preto para a manifestação. Descrevendo-se como "PTfóbica", afirmava no início do evento que mais pessoas poderiam comparecer. "Mas não esqueço o país em que vivo", completou.
Cerca de 1.800 pessoas haviam confirmado presença no protesto no Facebook. A "OCC - Organização de Combate à Corrupção" foi uma das principais organizadoras do evento.
A psicóloga Marta Abdo, 55, passava pelo local e disse estranhar a "timidez" dos manifestantes. "Parece meia dúzia de pessoas paradas, sem organização alguma."
A auxiliar de almoxarifado Ângela Pires da Silva, 25, afirmou que "achava engraçado aquele pessoal parado".
Já o aposentado Carim Facuri, 61, disse que via no protesto "uma bela surpresa a favor da honestidade".
O vendedor de artesanato Antonio José da Silva, 48, dizia acreditar que o protesto fora organizado por algum partido antiPT.
Ativistas exibiam cartazes e frases no corpo em defesa dos gays. Protesto ocorreu enquanto Papa fazia a oração dominical do Ângelus.
Ativistas do grupo feminista Femen protestaram seminuas neste domingo (13) na Praça de São Pedro, no Vaticano, enquanto o Papa Bento 16 fazia a tradicional benção dominical da oração do Ângelus da janela de seu apartamento. As ativistas exibiam cartazes e frases no corpo em defesa dos gays.
As quatro mulheres estavam posicionadas ao lado da Árvore de Natal na praça, diante da Basílica de São Pedro. Quando o Papa apareceu em sua janela para o Ângelus, elas começaram a se despir, e em segundos mostraram os seios no meio dos fiéis.
As militantes exibiam no peito a expressão “Cale a boca” e nas costas ‘In gay we trust’, alusão a ‘In god we trust’ (Em Deus confiamos, lema oficial dos Estados Unidos) e algumas exibiam cartazes nos quais estava escrito em letras garrafais “Cale a boca”. A ação durou apenas alguns minutos e elas foram imediatamente detidas.
O Femen é conhecido desde 2010 por suas ações de ‘topless’, principalmente em Rússia, Ucrânia e Inglaterra. Em setembro, elas criaram em Paris “o primeiro centro de treinamento” do “novo feminismo”. Essas feministas defendem também a democracia e o combate à corrupção.
Kristinn Hrafnsson, porta-voz do Wikileaks; Ignácio Ramonet, o criador do Le Monde Diplomatique; e o jornalista e blogueiro Luis Nassif debateram sobre o papel das novas mídias na primeira mesa do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, que teve início nesta quinta-feira (27) e segue até sábado (29) na Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR).
Enquanto o porta-voz do Wikileaks relatou a experiência da organização com a mídia tradicional e apontou a importância de uma ação integrada com os blogs, Ignácio Ramonet falou das possibilidades e limites das novas mídias e Luis Nassif pautou a importância da informação de qualidade para a guerra de informações na qual os blogueiros se inserem.
Wikileaks não morreu
Kristinn Hrafnsson iniciou desmentindo as notícias de que o Wikileaks estaria prestes a acabar. Ele disse que a organização suspendeu suas atividades para concentrar esforços em levantar fundos frente ao boicote promovido pelas empresas Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America. Mas ele garante que as ações do Wikileaks serão retomadas.
O finlandês se disse decepcionado com a mídia tradicional pelas tentativas de supressão de informações e existência de censura interna, além de relação muito próxima aos governos. Kristinn diz que não esperava, por exemplo, que uma potência como o The New York Times, jornal que veiculou o escândalo de Watergate na época de Nixon, se dobraria diante de um pedido da Casa Branca de não publicação de histórias, como aconteceu. Ele relatou ainda sobre a recusa dos jornais de denunciarem práticas como esta, mesmo que o veículo a ser denunciado não disputasse público por ser em outro país, por exemplo.
Para Kristinn, é evidente a existência de uma lacuna entre o público e a confiança na mídia, algo constatado desde uma das primeiras ações do grupo, com a divulgação dos “Diários de Guerra do Afeganistão”. Para ele, uma ação conjunta do Wikileaks com blogueiros pode ser uma resposta eficaz à sociedade. “Wikileaks e blogueiros devem atuar de mãos dadas, quero que tenhamos a oportunidade de trabalhar juntos, pois sabemos que essa lacuna existe”.
Ramonet: luzes e sombras
O teórico da comunicação e criador do Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, abordou o que ele próprio chamou de “luzes e sombras” do papel dos novos meios. O francês afirmou que já não é possível fazer jornalismo desconsiderando os novos meios e os novos atores que surgem com a utilização destes. Em seguida, listou as principais consequências que identifica a partir da utilização das novas mídias.
Entre as luzes, que seriam os aspectos positivos, Ramonet avalia que os veículos tradicionais vivem uma crise e, ainda, que os Estados autoritários já não podem controlar a circulação de informação, de forma que os cidadãos podem se organizar utilizando a internet – o exemplo dado pelo palestrante foram as recentes manifestações no norte da África. Ele avalia como positiva ainda a substituição da figura do jornalista como herói solitário pela produção de informação a diversas mãos, com uma estratégia de “enxame” que caracteriza a blogosfera, como ele define. “A inteligência coletiva é superior à proeza individual”, concluiu Ignácio Ramonet.
Quanto às sombras, ou seja, os aspectos a respeito dos quais se deve refletir, o intelectual alerta que o momento que vivemos é transitório. Ele lembra que há cinco anos não existiam Twitter, Facebook, i-phone, tablet e Wikileaks, por exemplo. “É certo que blogueiros, twitteiros, serão cada vez mais importantes. Mas não sabemos como o Estado e as empresas de comunicação se organizarão para retomar um poder que perderam”.
Para Ignácio Ramonet, o momento de mudança que vive a comunicação é comparável ao surgimento da imprensa com Gutemberg, que foi um elemento importante em grandes mudanças sociais do período, como o surgimento do protestantismo, ou de novas formas de Estado, entre outras. “Alterações nos campos estruturais da comunicação sempre refletem em campos gerais da sociedade”, alertou o teórico.
Ele afirmou ainda que o trabalho voluntário de milhões de blogueiros contribui para o enriquecimento de grandes conglomerados, citando o Google e o Facebook como exemplos. Por fim, falou sobre a característica de dispersão e fragmentação da informação que marca a blogosfera, para concluir: “o jornalismo não pode ser eliminado”, justificando que o papel do jornalismo deve ser o de dar sentido geral às coisas, a fim de “melhor compreender o mundo, para melhor participar dele”.
Nassif e a mídia do capital financeiro
Luis Nassif completou o debate ao focar a relação da imprensa com o capital financeiro no Brasil. Ele fez um histórico do comportamento da mídia convencional no país e resgatou exemplos de ação coordenada dos seus veículos, como no caso dos ataques recentes ao ministro Orlando Silva. “Após a queda do Orlando a mídia deu voz ao seu advogado, para defender a sua reputação(…). Quado ela quer, a mídia cria um clima de corrupção com um fato irrelevante por dia – como o caso da tapioca”, denunciou o jornalista.
Para Nassif, o papel que a blogosfera cumpriu rebatendo o discurso da mídia convencional sobre o caso Satiagraha foi um bom exemplo do seu potencial. “A mídia jogou seu poder para atacar a operação e defender Daniel Dantas e Gilmar Mendes. O contraponto foi na blogosfera, que respondeu, ponto por ponto, as inverdades levantadas pela mídia, com informações”. Para ele, a tendência é que sejam criados espaços de discussão e mediação do conjunto de informações que circulam na blogosfera, fortalecendo o papel das novas mídias de informar e combater a contra-informação veiculada pelas mídias convencionais.