Deputado do PSol alega perseguição no pedido de suspensão de mandato feito por Ricardo Izar (PP)
Em resposta às provocações contínuas de Jair Bolsonaro, em meio à abertura do processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff da Presidência, em abril deste ano, Jean Wyllys (PSol) cuspiu em direção ao deputado do Partido Social Cristão (PSC).
A ação, que resultou em um processo disciplinar levado ao Conselho de Ética da Câmara, teve novo episódio nesta terça-feira (15), quando o deputado Ricardo Izar (PP), relator do processo, recomendou que Wyllys fosse suspenso por 120 dias.
A ação, que resultou em um processo disciplinar levado ao Conselho de Ética da Câmara, teve novo episódio nesta terça-feira (15), quando o deputado Ricardo Izar (PP), relator do processo, recomendou que Wyllys fosse suspenso por 120 dias.
No parecer, Izar diz que "tendo em vista o alto grau de reprovabilidade da conduta perpetrada pelo deputado", ele deveria sofrer "severa reprimenda" por parte da Câmara. Caso a recomendação seja aprovada, os deputados votarão em plenário.
Em entrevista à Caros Amigos, Jean Wyllys afirma a partir do seu depoimento e de várias testemunhas, inclusive de adversários políticos, ficou claro que não houve quebra de decoro parlamentar.
“Eu reagi aos insultos e à violência sistemática desse senhor. Izar entendeu isso perfeitamente, mas ele faz um jogo político, porque responde aos interesses de seu partido, campeão de acusados na Lava Jato, e dos seus aliados, notoriamente Eduardo Cunha, que é quem está por trás desse processo contra mim. Eles não querem me punir pelo cuspe, mas por ser homossexual, por defender os direitos humanos e por ter me posicionado contra o golpe”, argumenta o deputado.
No início do mês, a Polícia Civil do Distrito Federal apontou como incorreta a legenda de um vídeo apresentado à Comissão de Ética da Câmara em que Jean Wyllys teria premeditado cuspir em Bolsonaro. Para o deputado do PSol, o processo é uma retaliação e manifestação de ódio. “Bolsonaro é um deles, então jamais será punido, mesmo que cuspa cinquenta vezes. De fato, o filho de Bolsonaro cuspiu contra mim, está filmado cuspindo e o Conselho de Ética nada fez. É muita hipocrisia! O único parlamentar que foi suspenso na história do País estava envolvido num esquema de corrupção com Carlinhos Cachoeira, e deram 90 dias. Ser gay é um crime pior que ser corrupto, por isso pedem 120 (dias de suspensão) pra mim”.
O deputado duvida que o parecer será aprovado, mas, caso seja, irá recorrer à CCJ. Segundo ele, é possível pedir a nulidade do processo pelo fato de Izar ter antecipado ilegalmente o voto antes do fim da instrução do processo, além de demonstrar parcialidade, ignorar provas e admitir provas falsificadas durante o processo. O psolista alega que Izar deturpou falas e textos escritos por ele e por sua advogada no dia da apresentação do parecer.
“Não descartamos recorrer ao STF e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, para denunciar a perseguição política de que sou objeto. Aliás, se eu, um deputado honesto, que não está citado na Lava Jato, que nunca cometeu desvio ético, for suspenso por minha orientação sexual e por ter reagido a um bullying orquestrado e sistemático, vai ser um escândalo internacional. Eles fiquem sabendo que, caso esse parecer absurdo seja aprovado, passarei os 120 dias denunciando o governo brasileiro em todos os fóruns e tribunais internacionais de direitos humanos do mundo”, comenta Wyllys.
Declarações de apoio
Diversas personalidades como a filósofa Márcia Tiburi, os atores Camila Pitanga, Gregório Duvivier, e o jornalista Bob Fernandes, assim como os deputados Marcelo Freixo (PSol) e Manuela D’Avila (PCdoB), entre outros, publicaram declarações de apoio a Jean Wyllys e repudiaram a recomendação de Izair.
“O mandato do Jean é fundamental para a democracia que queremos, defende pautas decisivas para vida dos que mais precisam de justiça. Essa punição descabida, baseada num vídeo que a perícia já declarou falso, é resultado de um Congresso com a cara de Cunha e outros. Em tempos de graves denúncias de corrupção, suspender o mandato de um dos poucos honestos na Câmara é inaceitável”, escreveu Marcelo Freixo em seu perfil oficial no Facebook.
Com a hashtag #queremcalarumdenós, a executiva nacional do partido organiza uma moção de apoio ao deputado federal.
Fonte: Caros Amigos
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