Grazi Oliveira conta que está sendo ameaçada por pessoas que querem deslegitimizar seu relato e critica a cultura do estupro, que culpa a vítima e tenta justificar o crime do agressor. A jovem revela que sua postagem não foi deletada, mas suspensa pelo facebook após receber milhares de denúncias
Os últimos dias não têm sido dos mais fáceis na vida de Grazi Oliveira, de 22 anos, estudante de publicidade de Curitiba (PR), que na última terça-feira decidiu postar em seu Facebook um relato chocante sobre o assédio sofrido por ela em um ônibus (relembre aqui).
De acordo com o post de Grazi, o agressor teria gemido e respirado fundo sobre seu ombro, tendo inclusive ejaculado em sua saia. Na publicação, a jovem incluiu a foto com a saia suja.
Em questão de horas, o depoimento de Grazi foi alvo de críticas e ataques nas redes sociais. Seu post, inicialmente compartilhado por milhares de pessoas, foi retirado do ar. A jovem concedeu entrevista ao jornal Extra sobre o episódio. Confira trechos:
“Não apaguei a postagem. O Facebook a suspendeu depois de várias denúncias. Por mim, ele continuaria existindo”, confessa Grazi, mencionando a criação de perfis fakes e páginas criadas especificamente para atacá-la. “Essas continuam no ar. Segundo o Facebook, não violam os termos de uso de imagem. Vai entender…”
Sobre os supostos argumentos apontados pelas pessoas e a tentativa de deslegitimar suas palavras, Grazi cita o que chama de “cultura que culpabiliza a vítima”.
“Disseram que havia um pacote de camisinha ao fundo na foto. Não havia, mas e se houvesse? Qual o problema? O que tem a ver? Também disseram que a saia estava suja acima da mancha e que seria impossível ejacular para cima. Na verdade, é uma sujeirinha no espelho… Nenhuma dessas pessoas teve que lavar minha saia, mas minha mãe teve.”
Outros detratores de seu depoimento insinuam que não seria o primeiro post da jovem com um teor de denúncia, o que, segundo estas pessoas, tiraria o crédito de Grazi.
“Então devo escolher um assédio apenas e comentar somente sobre ele? Trata-se de um absurdo corriqueiro. Não é a primeira vez que sofro, não foi a primeira vez que posto sobre e pretendo continuar denunciando este tipo de abuso Minha mãe está mais assustada que eu. Na verdade, estou apenas cansada. Mas não vou desistir, nem cancelar minha conta no Facebook. Mensagens de apoio de amigos e pessoas que nem conheço me motivam a continuar em frente.”
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