Wagner Moura e Letícia Sabatella estão sofrendo uma verdadeira caça às bruxas nas redes sociais. Insultos, acusações absurdas e macartismo, tudo isso por terem se manifestado contra o golpe e a favor da democracia, ainda que nenhum deles seja petista ou governista
O ator Wagner Moura e a atriz Letícia Sabatella – talentosíssimos e queridos amigos – estão sofrendo uma verdadeira caça às bruxas nas redes sociais, que inclui ataques de trolls no perfil da Letícia (que chegou a ser suspenso), insultos, acusações absurdas e macartismo, tudo isso por terem se manifestado contra o golpe e a favor da democracia, ainda que nenhum deles seja petista ou governista (e mesmo que fossem isso não justificaria os ataques).
A caça às bruxas contra os artistas (que começa sempre com a velha acusação de “comunismo”) foi uma característica comum de todas as ditaduras.
Em toda a América Latina houve, nas décadas tenebrosas de 1960 e 1970, listas negras de artistas proibidos, censurados e perseguidos. Semanas atrás, confirmando aquela velha afirmação de Marx de que a história sempre se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa, o colunista fascistinha e indigente intelectual Rodriguinho Pateta publicou sua lista negra pessoal na internet e a claque de ignorantes que o segue começou o ataque contra os talentosos músicos, atores, diretores, poetas e escritores mencionados nela, com especial ênfase, nos últimos dias, contra Wagner e Letícia.
O que revolta os patéticos perseguidores-online é o enorme sucesso e prestígio destes dois extraordinários artistas e o engajamento político deles, que entendem que, como figuras públicas que são, queridas e admiradas por tanta gente, devem se posicionar diante da grave situação política que vive o Brasil.
Nem deveria ser necessário explicar isto, mas, já que é o argumento preferido dos fascistas contra todos os artistas que defendem a democracia (argumento falacioso alimentado por alguns veículos de comunicação), vamos esclarecer a eles que a Lei Rouanet, sancionada em 1991 sob a presidência de Fernando Collor, não é nenhuma concessão do governo do PT, mas um direito conquistado há tempos, ou, na verdade, dois: o direito dos artistas a recolher fundos privados com incentivo fiscal para possibilitar o desenvolvimento de seu trabalho artístico e o direito da população a ter acesso à cultura e à arte, que também são necessidade básicas de uma sociedade democrática que valoriza a vida com pensamento. Qualquer artista, seja qual for o pensamento político dele, tem esse direito, que não depende do governo, mas da lei!
É especialmente revoltante que os jornais O Globo e Estado de São Paulo tenham endossado, de maneira enviesada, essa estupidez contra os artistas, através de matérias tendenciosas que pretendem confundir seus leitores sobre o que significa a lei Rouanet.
Nesses casos, não se trata de ignorância, mas de má de fé, já que os editorialistas de ambos os jornais sabem que as grandes beneficiadas pela Lei Rouanet são as fundações dos bancos (Itaú e Bradesco em especial) e as empresas de telefonia (Oi, Tim e Vivo), que anunciam em suas páginas.
Aliás, se as acusações contra Wagner Moura e Letícia Sabatella procedessem, o diretor Cláudio Botelho, o músico Lobão, o jornalista Leandro Narloch e o cineasta José Padilha (todos conhecidos pelo antipetismo virulento que expressam) teriam que entrar para o rol dos “sustentados pelos governos do PT” ou dos que “recebem do governo”, já que todos foram contemplados por leis de incentivo, seja pela Rouanet, seja pela lei de audiovisual e os fundos da Ancine. É um direito deles, claro, que não depende de suas filiações políticas. Mas não só deles!
Então, o que temos no caso desses ataques e difamações absurdas contra Wagner Moura e Letícia Sabatella é uma mistura – perigosa para a democracia brasileira – de burrice (por parte de quem “opina” sem conhecimento de causa), má fé (por parte dos canalhas deflagradores da difamação, sejam aqueles ligados ao PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e grupelhos de extrema-direita como MBL e Revoltados Online, sejam os que atuam em redações dos principais jornais – na edição de domingo de O Globo, o Artur Xexéo e a Patrícia Kogut decidiram fazer ameaças veladas aos artistas da Globo que se posicionaram a favor da democracia) e de fascismo (por parte dos que não suportam a divergência nem a crítica política).
Burrice, má fé e fascismo têm sido as armas dos golpistas!
Mas, no caso dos ataques a Wagner e Letícia, há um componente a mais: a inveja! Os insultadores e caluniadores não suportam o fato de Wagner e Letícia serem incontestavelmente talentosíssimos, inteligentes, lindos, bem-sucedidos, politizados e se colocarem contra o golpe.
Seus detratores golpistas gostariam de ter alguém desse quilate de seu lado, pois só contam com “artistas” menores, sub-celebridades, gente de talento discutível e um ou outro verdadeiro talento, mas carente de informação de qualidade que lhe permita pensar criticamente (não dá pra achar que pode opinar sobre o que está acontecendo no Brasil lendo apenas Veja, Estadão, IstoÉ e O Globo, né?). Mas os detratores não têm. Então, como na fábula de La Fontaine, eles dizem que as uvas estão verdes já que não podem alcançá-las.
Toda a minha solidariedade ao Wagner, à Letícia e a todos os artistas que fazem nossa vida mais feliz e mais livre! Todo o meu repúdio às listas negras e aos ataques covardes contra eles! Fascistas, não passarão!
Fonte: Pragmatismo Político
A caça às bruxas contra os artistas (que começa sempre com a velha acusação de “comunismo”) foi uma característica comum de todas as ditaduras.
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