Projeto brasileiro instala máquinas movidas a energia solar para conservar alimentos de populações no interior do Amazonas.
Donas dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, populações isoladas do estado do Amazonas sofrem com a falta de acesso à energia elétrica.
Além de perder alimentos, moradores têm dificuldades para comercializar o que pescam – um quadro difícil, mas que pode começar a mudar com a instalação de máquinas de gelo movidas apenas a energia solar, sem o uso de baterias. A iniciativa, que já está em curso, é uma parceria entre o Instituto Mamirauá e o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
Além de perder alimentos, moradores têm dificuldades para comercializar o que pescam – um quadro difícil, mas que pode começar a mudar com a instalação de máquinas de gelo movidas apenas a energia solar, sem o uso de baterias. A iniciativa, que já está em curso, é uma parceria entre o Instituto Mamirauá e o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
O projeto esteve entre os dez finalistas do prêmio Desafio de Impacto Social Google2014, que reuniu iniciativas sociais de todo o Brasil. A recompensa, além do reconhecimento, foi de 500 mil reais, verba que ajudou a proposta a sair do papel. Segundo a assessoria do Instituto Mamirauá, a instalação das máquinas já está em estágio avançado e, no final de setembro, serão promovidas oficinas de capacitação com os moradores das áreas beneficiadas, para que aprendam a utilizar os aparelhos.
Três máquinas de gelo foram instaladas na Vila Nova do Amanã, comunidade do município de Maraã, com cerca de 17.000 habitantes, a mais de 600 quilômetros de Manaus. “O lugar em que a máquina fica é central e permite o acesso de outras comunidades que lá vivem”, explica Dávila Corrêa, pesquisadora do Instituto Mamirauá e coordenadora da iniciativa. Daqui para frente, o objetivo é que a tecnologia chegue a mais de 250 comunidades das Reservas Mamirauá e Amanã.
Corrêa reafirma que, entre as maiores dificuldades enfrentadas pelos povos que vivem às margens dos rios Solimões e Japurá, está o acesso à energia elétrica. “Na maioria desses locais, a energia fornecida vem do diesel, oferecido pelas prefeituras, que rende apenas cerca de quatro horas diárias de uso”, relata. “Esse fornecimento não é regular e, quando existe, dura muito pouco”.
Como, na Amazônia, uma das principais atividades econômicas é a pesca, a ideia dos pesquisadores é fornecer um meio rápido e fácil de acesso ao gelo – fundamental na preservação dos peixes até a venda ao consumidor final. Para funcionar, as máquinas de gelo precisam apenas de Sol e água. O Sol incide seus raios sobre os 60 módulos fotovoltaicos, posicionados sobre telhados, e sua energia faz movimentar um gás no interior da máquina. Ao percorrer a tubulação, esse gás chega a uma câmara fria, onde irá solidificar a água captada das chuvas.
Como, na Amazônia, uma das principais atividades econômicas é a pesca, a ideia dos pesquisadores é fornecer um meio rápido e fácil de acesso ao gelo – fundamental na preservação dos peixes até a venda ao consumidor final. Para funcionar, as máquinas de gelo precisam apenas de Sol e água. O Sol incide seus raios sobre os 60 módulos fotovoltaicos, posicionados sobre telhados, e sua energia faz movimentar um gás no interior da máquina. Ao percorrer a tubulação, esse gás chega a uma câmara fria, onde irá solidificar a água captada das chuvas.
Sem baterias, com resultado
O fator econômico falou mais alto na hora de buscar um equipamento que utilizasse apenas placas para captar a energia que vem do Sol
O fator econômico falou mais alto na hora de buscar um equipamento que utilizasse apenas placas para captar a energia que vem do Sol. “Em todo o Brasil, podemos comprar máquinas de gelo que são movidas a eletricidade. Estas máquinas, quando alimentadas por energia solar fotovoltaica, necessitam de baterias para suprir o fornecimento de energia elétrica no período em que não há sol”, explica o físico Roberto Zilles, da Universidade de São Paulo, integrante do projeto. “Mas baterias possuem um ciclo de vida e, por isso, devem ser trocadas periodicamente, aumentando o custo”, completa.
Apesar de econômica, a escolha traz um contratempo: sem baterias, as máquinas de gelo do projeto rendem bem menos do que se estivessem operando com fornecimento contínuo de eletricidade. “A máquina que usa baterias pode produzir até 90 quilos de gelo por dia quando alimentada de forma contínua”, calcula Zilles. “Já as máquinas adaptadas para trabalhar conectadas diretamente aos módulos solares fotovoltaicos, sem o uso de baterias, produzem cerca de 30 quilos diários, o que resulta em um terço da produção”. Entretanto, o especialista afirma que essa quantidade de energia atende de maneira satisfatória às demandas da população local.
Um projeto quente
A criação da “Máquina de Gelo Solar” teve início com outro projeto desenvolvido pela USP, também relacionado à produção de gelo utilizando a energia solar fotovoltaicasem uso de baterias. Os cientistas paulistas entraram em contato com os pesquisadores do Mamirauá. “Fomos motivados pela experiência obtida na implantação de um projeto de eletrificação com energia solar em uma comunidade ribeirinha que demandava gelo para conservação do pescado”, conta Zilles.
Segundo a coordenadora do projeto, as famílias atendidas podem manter seus alimentos e comercializar a pesca com mais facilidade. “Antes, os moradores tinham que andar quilômetros até o município mais próximo para buscar gelo”, lembra Corrêa. “Agora, com essa iniciativa, trouxemos uma oportunidade de acesso à energia a milhares de famílias que passam por tantas dificuldades”, comemora.
Fonte: Ciência Hoje
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