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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Pró-Esia - Fábrica de Versps... Paulo Leminski Poeta brasileiro

Ocupação
Poeta brasileiro

Data do Nascimento
24/08/1944

Data da Morte
07/06/1989 (aos 44 anos)


Biografia de Paulo Leminski

Paulo Leminski (1944-1989) foi um poeta, escritor, tradutor e professor brasileiro. Fez uma poesia sem compromisso, destacou-se com “Catatau”, obra “maldita” marcada por exacerbado experimentalismo linguístico e narrativo.

Paulo Leminski Filho nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 24 de agosto de 1944. Era filho de Paulo Leminski, militar de origem polonesa, e Áurea Pereira Mendes, de descendência africana.

Com 12 anos, Paulo ingressou no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde estudou latim, teologia, filosofia e literatura clássica.

Em 1963, abandonou o Mosteiro, e nesse mesmo ano foi para Belo Horizonte onde participou da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, quando conheceu Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, criadores da Poesia Concreta.

Em 1964, publicou seu primeiro poema na revista “Invenção”, editada pelos concretistas. Nesse mesmo ano, assume o cargo de professor de História e Redação em cursinhos pré-vestibulares.

Publicava seus textos em revistas alternativas, antológicas do tempo marginal, como “Muda”, “Código” e “Qorpo Estranho”, segundo ele mesmo, publicações que consagraram grande parte da produção dos anos 70.

Catatau

Em 1975, Paulo Leminski iniciou sua trajetória de “escritor maldito” com a obra “Catatau”, um polêmico livro de prosa em que o experimentalismo atinge níveis pouco usuais, classificada pelo autor como mero romance ideia.

A obra, uma ágil alegoria tropicalista, apresenta o filósofo francês René Descartes vivendo no Brasil holandês de Maurício de Nassau, no século XVII, fumando maconha e comparando o pensamento europeu à natureza do povo tropical.

Quase incompreensível, o autor falava em “essências puando como um geroclips” ou “captainhas recém-recuptas”, gerando críticas que oscilavam entre “pretencioso” e “um talento passível de recuperação”.

Com a recepção dada a Catatau, que levou oito anos para concluir, Leminski jurou que jamais voltaria a escrever prosa e, em 1980 publicou dois instigantes livros de poesia: “Polonaises” e “80 Poemas”. Lançados com diferença de poucos meses e ambos  herdeiros, na forma, dos melhores momentos da “geração mimeógrafo”.

Casado com a também poetisa Alice Ruiz, com duas filhas, passou a ganhar a vida em Curituba como redator de publicidade, depois de ter sido jornalista e professor de Português e História.

Características

Paulo Leminski tornou-se um dos mais destacados poetas brasileiros da segunda metade do século XX. Inventou seu próprio jeito de escrever poesias, fazendo trocadilhos ou brincando com ditados populares:

“sorte no jogo / azar no amor / de que me serve / sorte no amor / se o amor é um jogo / e o jogo não é meu forte, / meu amor?”.

Leminski era fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, era faixa preta de caratê. Escreveu a biografia de Matsuo Bashô, e dentro do território livre da poesia marginal escreveu poemas à moda de um grafiti, com sabor de haicai.

Leminsk escreveu também letras de músicas em parcerias com Caetano Veloso, Itamar Assumpção e o grupo A Cor do Som.

Exerceu intensa atividade como crítico literário e tradutor, vertendo para o português as obras de James Joyce, Alfred Jarry, Samuel Beckett e Yukio Mishima. Viveu durante 20 anos com a poetisa Alice Ruiz, que organizou sua obra.

Morte

Paulo Leminski faleceu em Curitiba, Paraná, no dia 7 de junho de 1989, em consequência do agravamento de uma cirrose hepática, que o acompanhou por vários anos.

Frases de Paulo Leminsk

Viver é super difícil, o mais fundo está sempre na superfície.

Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além.

A vida não imita a arte. Imita um programa ruim de televisão.

Lugar onde todos têm razão, melhor não ter nenhuma.

Quando eu vi você tive uma idéia brilhante. Foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante.

Salve-se quem quiser, perca-se quem puder!

Para cada bicho de sete cabeças, tem sete sem nenhum.


Poemas de Paulo Leminski

Dor Elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Amor

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Marginal

Marginal é quem escreve à margem,
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.

Marginal, escrever na entrelinha,
sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha.

Obras de Paulo Leminski

Catatau (1976)
80 Poemas (1980)
Caprichos e Relaxos (1983)
Agora é Que São Elas (1984)
Anseios Crípticos (1986)
Distraídos Venceremos (1987)
Guerra Dentro da Gente (1988)
La Vie Em Close (1991)
Metamorfose (1994)
O Ex-Estranho (1996)

Fonte: Ebiografia

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