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segunda-feira, 17 de março de 2014

Contra Igreja Católica, sacerdotisas realizam batismo e missa

Contra Igreja Católica, sacerdotisas realizam batismo e missa

Em 29 de junho de 2012, o arcebispo argentino Rômulo Braz ordenou as primeiras sete mulheres sacerdotisas na história da Igreja Católica. Para que nenhuma arquidiocese pudesse revogar o sacramento, realizou a cerimônia a bordo de um barco no rio Danúbio, Alemanha. Quase 12 anos depois, há 180 mulheres ordenadas.

Entre elas está a colombiana Olga Lucía Álvarez, 72 anos. Há três anos, ela se tornou a primeira sacerdotisa da América do Sul. Olga questiona diante da poderosa Igreja Católica o papel da mulher no catolicismo, rebelando-se contra as políticas do Vaticano e sua hierarquia. Ministra missa e executa todas as funções que qualquer sacerdote católico pode desempenhar.
A rebeldia dessas mulheres custou caro: elas serão excomungadas, o máximo castigo dentro da Igreja Católica. A instituição religiosa que hoje está sob liderança do Papa Francisco compreende que somente os homens podem ser sacerdotes.
"Mesmo que a hierarquia nos diga que estamos excomungadas, não aceitamos. É absurdo que nos estejam negando que prestemos um serviço ministerial dentro da Igreja. Não há nenhuma razão nem bíblica nem teológica para que nos marginalizem da forma como nos têm marginalizado. Somente há um cânone, dentro dos cânones da Igreja, o 10-24, que diz que apenas os homens batizados podem aspirar à ordem sacerdotal", argumenta Olga.
O secretário-geral do Episcopado colombiano, monsenhor Daniel Falla, explica que a Igreja entende que os sacerdotes simbolizam Jesus Cristo na Terra e, portanto, deve-se manter a tradição da representação masculina. Sendo o caso das sacerdotisas latae sententiae, ou seja, aquele em que o fiel incorre no momento em que comete a falta previamente condenada pela religião, motivo para excomunhão automática. "Digamos que elas mesmas tenham se excomungado. Não estão em comunhão com a Igreja, com o que se quer preservar ao longo da história. Não as podemos chamar de membros da Igreja Católica Apostólica Romana", explica Falla.
Para Olga, há machismo na doutrina católica, no que rebate o secretário-geral do Episcopado: "A Igreja não é uma instituição social, política, mas uma instituição divina, que faz presente o mistério de Deus, de Jesus Cristo encarnado como homem. Se esquecemos isso, seguramente poderia ser visto como algo machista, mas quando tratamos de conservar a essência da Igreja, entendemos que não é uma posição machista", contra-argumenta.
A sacerdotisa colombiana não possui paróquia e rejeita a opulência. "Eu posso trabalhar onde as comunidades me chamam e me pedem", diz. Ela percorre comunidades de bairros de Medellín e Soacha, onde interpreta de outra maneira o Evangelho católico.
Posição tradicional X Inclusão
Caracol Televisón
A Igreja Católica, durante milênios, tem excluído a mulher de qualquer posição de poder. Atualmente, o Vaticano não reconhece as mulheres sacerdotisas e parece distante a possibilidade de serem aceitas na instituição. O Papa Francisco aparece como a figura que representa a transformação e modernização da Igreja Católica.
Ao longo de seu primeiro ano de pontificado, Francisco tem reafirmado a intenção de valorizar o papel das mulheres na Igreja, ampliando os espaços para uma presença feminina mais incisiva. "Para mim, a presença de Francisco na Igreja é muito importante. Não porque vá nos ordenar ou aceitar, porque isso não é fácil para ele. O que mais me importa desse homem é que é puro Evangelho", afirma Olga.
A Associação de Sacerdotisas Católicas Romanas, mesmo que se baseie pelo mesmo evangelho dos sacerdotes tradicionais, se distancia das políticas que têm sido implementadas pelos hierarcas do Vaticano. Para elas, por exemplo, a homossexualidade não é uma questão moral, sendo motivo de inclusão.
Como se não houvessem desafiado suficientemente o Vaticano, muitas dessas sacerdotisas são mulheres casadas e com filhos. Para elas, o celibato é mais um ato econômico, para que as propriedades da Igreja não sejam divididas entre famílias. Elas também têm tratado de renunciar à imagem opulenta e poderosa das gigantescas catedrais e dos valiosos adornos religiosos. "Nossas bispas e bispos não têm mitra nem báculo, que são símbolos de poder. Eles são do nosso mesmo nível", afirma Olga.
Das sete primeiras sacerdotisas ordenadas, três foram escolhidas para serem ordenadas como bispas, para que tivessem autoridade de ordenar novas sacerdotisas. Recentemente, foi ordenada a primeira mulher afro-colombiana. Marina Tereza Sánchez é a terceira sul-americana que se ordena sacerdotisa. "Decidi me ordenar porque isso faz parte da identidade de representantes de Deus", justifica. "Ser a primeira sacerdotisa afro é um grande compromisso com nossas comunidades latino-americanas em geral", complementa.

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