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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ONU condena demolições de casas palestinas por Israel na véspera de natal

Notícia foi revelada no mesmo dia que "canal secreto" de comunicação entre Netanyahu e Abbas foi descoberto

Cerca de 68 pessoas perderam suas casas na véspera de natal

A ONU (Organização das Nações Unidas) condenou a demolição de habitações palestinas na Cisjordânia por Israel na noite de natal, pedindo a suspensão imediata das atividades. Cerca de 68 pessoas perderam suas residências.

"A UNRWA (A agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos) condena as últimas demolições na Cisjordânia, as mais recentes na véspera do Natal", afirmou em um comunicado, Chris Gunness, porta-voz da entidade. Até agora, pelo menos 1.103 palestinos foram desalojados em 2013 por estas demolições, "que violam o direito internacional", de 663 construções, entre elas, 250 casas, na Cisjordânia e Jerusalém oriental", afirma a ONU em nota oficial.

Como consequência, a UNRWA "pede a Israel que ponha fim, imediatamente, as demolições administrativas", informa o comunicado.

Canal secreto entre Israel e Palestina

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, têm há anos um canal secreto de diálogo por meio de um empresário palestino que reside em Londres.

Esta via alternativa de comunicação foi estabelecida quando Netanyahu chegou ao poder em 2009, informou nesta quinta-feira (26/12) o jornal israelense Yedioth Ahronoth, ressaltando que perdeu força desde que as partes começaram a falar diretamente, em julho passado, ao redor da mesa de negociações.
Segundo o jornal, nos últimos anos o assessor e homem de confiança de Netanyahu, o advogado Itzjak Moljo, costumava viajar de vez em quando a Londres para abordar questões de interesse mútuo com um interlocutor palestino e homem de confiança do presidente Abbas.

Este tipo de canal informal de diálogo - conhecido no jargão diplomático como "backchannel"- serviu para resolver problemas que preocupavam ambas partes e teve grande importância na legislatura anterior de Netanyahu.

"Tinha três objetivos: resolver problemas diários no terreno, abrir caminho para um possível acordo político, e convencer a outra parte do interesse em retomar as negociações de paz", segundo o "Yedioth".

(*) Com informações da Agência EFE, AFP e RT
Fonte: Opera Mundi

Os anúncios mais sexistas de 2013

Os 10 anúncios mais sexistas de 2013. Confira os anúncios que despertaram a ira dos consumidores em 2013 pelo modo como retrataram as mulheres, a partir de seleção feita pelo AdWeek
10. Estereótipo
Sem dúvida o mais brando entre os representantes dessa lista, o comercial do Google acabou pecando pela estereotipização. No anúncio do novo Gmail, é possível observar uma mulher conversando com suas amigas sobre assuntos cliché como tricô, calçados e compras de maneira geral.
9. Ícone

A figura de “Rosie The Riveter” é um ícone cultural nos Estados Unidos, representante das mulheres americanas que trabalharam em fábricas na Segunda Guerra Mundial. Usá-la como uma dona-de-casa satisfeita com a limpeza proporcionada pelo anunciante Swiffer. Depois da recepção azeda na internet, a marca pediu desculpas e prometeu remover a imagem de todos os seus materiais de marketing.
8. Oportunismo
O oitavo lugar da lista é um comercial de orçamento astronômico da Axe para o Super Bowl 2013. Mas o dinheiro não garantiu a boa recepção da campanha, criticada por mostrar uma mulher oportunista que julga seus interesses amorosos tendo como base o status. A modelo troca sem pestanejar um salva-vidas por um astronauta no vídeo criado para promover o Axe Apollo.
7. Fome voraz
O tema do anúncio é um sanduíche da rede de fast-foods Carl Jr. Mas o conteúdo preferiu focar nas formas feminas de uma bela modelo de biquíni. O excesso de erotismo causou incômodo na Nova Zelândia, e o vídeo foi considerado muito libertino para a TV.
6. Motoristas
O site de serviços automotivos TrueCar.com estreou uma campanha que se afirmava como feminista. A estratégia era vender a marca como ajudante para mulheres, retratadas como inseguras e desinformadas quando o assunto é a compra de carros. O site ajudaria a dispensar a presença de um homem durante o processo. Mas todas as mulheres realmente não sabem comprar veículos? A recepção negativa mostrou que a ideia escolhida não foi muito feliz.
5. Quente
A campanha do macarrão instantâneo Pot Noodle foi batizada de “Peel the Top Off a Hottie”, frase ambígua que pode ser traduzida como “Tire o top de uma gostosa”. Não bastasse a abordagem, a execução do vídeo também foi criticada por sua infantilização e abuso de clichês.
4. Duas medidas
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A mesma camisa, dois anúncios totalmente diferentes. A Ameican Apparel causou desconforto este ano quando o post de uma blogueira chamada Emelie Eriksson correu o mundo apontando as incríveis diferenças entre a versão masculina e feminina da mesma campanha. A marca defendeu-se, afirmando que não via discriminação.
3. Beleza
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O anúncio da empresa de TI Acora mostra uma mulher obesa deitada na frente de um homem indeciso e a pouco feliz frase: “Algumas tarefas podem ser terceirizadas”. A ideia gerou, merecidamente, uma série de protestos. A companhia britânica voltou atrás no Twitter. “Pedimos desculpas a qualquer um que pode ter sido ofendido, e o anúncio já foi removido.”
2. Sequestro
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Um anúncio no qual mulheres são sequestradas e ficam presas no porta-malas não parece ser a melhor maneira de promover um carro. Adicione a isso a presença do ex-primeiro ministro italiano Sílvio Berlusconi e as caricaturas de conhecidas amantes dele chorando. O resultado? Um grande escândalo internacional para a Ford, que justificou que a peça não foi autorizada.
1. Objetos
O varejista de eletrônicos RadioShack utilizou mulheres seminuas (e modelos masculinos completamente vestidos) para tentar deixar sua marca mais sexy. O comercial foi alvo de muitas críticas em blogs, veículos e comunidades feministas, que destacaram o uso de produtos fálicos e as cenas em que as modelos substituem móveis e objetos.

MPL convoca ato contra o aumento da tarifa no Rio de Janeiro


O Movimento Passe Livre (MPL) do Rio de Janeiro faz manifestação nesta sexta-feira (20), às 17 horas, na Candelária, no Rio de Janeiro. A manifestação foi marcada após o anúncio de Eduardo Paes de que a Prefeitura irá elevar a tarifa em 2014, justificando a decisão pelo contrato que tem com as empresas.
O movimento afirmou, na página do evento, que "querem atacar a mais destacada conquista da população menos de 6 meses após a vitória das ruas. Este não é somente um ataque ao MPL, ou aos usuários desse caquético sistema de transporte coletivo, mas também contra todos que resolveram se erguer e usar a rua como espaço para exercício da política. A redução das tarifas é hoje o símbolo mais forte da força vinda das ruas. Por isso defender a manutenção da tarifa é lutar por uma perspectiva de luta popular e de massas (...). A rua e a luta não pertencem a este ou aquele coletivo, mas é de todos nós e na vitória todos nós avançamos por uma sociedade mais justa e livre de todas as catracas!"
A tarifa do ônibus no Rio de Janeiro atualmente custa R$ 2,75, valor reduzido após as diversas mobilizações e a lutas populares que ocorreram durante o mês de junho deste ano.
Fonte: Portal Caros Amigos

Sacudiu na rede/Fevereiro: Portuários se mobilizam contra a MP 595

sacudiu fevereiro
Durante as festas de final de ano, o Portal CTB recordará alguns dos textos que mais repercutiram na rede e no mundo sindical em 2013. A série continua com o mês de fevereiro, quando trabalhadores do setor portuário se mobilizaram contra a Medida Provisória (MP) 595, que tratava da reestruturação dos portos no país.
A CTB teve presença fundamental nessa discussão. Para o presidente da Federação Nacional dos Conferentes de Carga e Descarga, Vigias Portuários, Consertadores e Trabalhadores de Bloco (Fenccovib) e dirigente da CTB, Mário Teixeira, a reunião do dia 14 de fevereiro marcou o início dos debates em torno das propostas do governo que regulamentam o funcionamento dos portos.
No mês seguinte, a MP 595 seria assinada pela presidenta Dilma Rousseff, alterando o marco regulatório do setor. Além de Mario Teixeira, José Adilson, do Sindicato dos Estivadores do Espírito Santo e secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, também teve papel de grande importância durante as negociações.
Fonte: Portal CTB

China promete manter no alto para sempre a bandeira de Mao

O presidente chinês, Xi Jinping , disse nesta quinta-feira (26) que o Partido Comunista da China (PCCh ) vai manter bem alto e para sempre a bandeira do pensamento de Mao Tsetung, na busca do rejuvenescimento da nação chinesa. A declaração foi feita durante um simpósio dedicado ao fundador do Partido Comunista Chinês e líder da revolução Chinesa, na passagem do seu 120º aniversário de nascimento, transcorrido nesta quinta-feira (26)



 
Foto pública
Mao nasceu no dia 26 de dezembro de 1893 na aldeia de Shaoshan, situada na província central chinesa de Hunan, e faleceu em 1976 aos 83 anos. Como um dos fundadores da República Popular China, Mao Tsetung é uma das figuras mais influentes da história moderna da China.

O simpósio foi realizado no Grande Salão do Povo e presidido por Liu Yunshan com a participação de outros líderes , incluindo Li Keqiang , Zhang Dejiang , Yu Zhengsheng , Wang Qishan e Zhang Gaoli .

Antes do simpósio , os sete líderes visitaram o mausoléu de Mao na Praça Tian'anmen , fazendo três arcos em direção à estátua sentada de Mao e prestando suas homenagens aos restos mortais do grande líder da Revolução Chinesa .

Na passagem do 120 º aniversário do nascimento do líder chinês , Xi elogiou Mao e outros membros da antiga geração de revolucionários como "grandes figuras" na luta contra a opressão nacional e de classe.

Xi disse que Mao, o principal fundador do Partido Comunista, do Exército de Libertação e da República Popular da China, foi “um grande revolucionário proletário, estrategista e teórico” .

"Mao é uma grande figura que mudou a face da nação e levou o povo chinês a um novo destino ", disse Xi, que é também secretário-geral do Comitê Central do PCCh e presidente da Comissão Militar Central.

Ele ressaltou que uma visão histórica correta deve ser adotada para avaliar uma figura histórica . "Os líderes revolucionários não são deuses, mas seres humanos", disse.

“Não podemos adorá-los como deuses ou nos recusarmos a permitir que as pessoas apontem e corrijam seus erros , apenas porque eles são grandes , nem podemos repudiá-los totalmente e apagar seus feitos históricos só porque eles cometeram erros ", disse Xi .

"Não devemos simplesmente atribuir o sucesso em circunstâncias favoráveis históricas aos indivíduos , nem devemos culpar os indivíduos por contratempos em situações adversas ", disse ele .

"Não podemos usar as condições de hoje e o nível de desenvolvimento e compreensão para julgar nossos antecessores , nem podemos esperar que os antecessores tenham feito coisas que somente os sucessores podem fazer ", disse Xi .

Nas novas condições , os membros do Partido devem aderir e fazer bom uso da "alma viva" do pensamento de Mao Zedong , ou seja, buscar a verdade nos fatos , a "linha de massas" e a independência, afirmou o dirigente .

O Partido Comunista Chinês iniciou em junho último uma campanha de um ano para fortalecer a "linha de massas", uma diretriz que afirma que o Partido é necessário para priorizar os interesses do povo .

Xi disse que não foi fácil encontrar um caminho correto . "O caminho decide o destino da nação".

"O socialismo com características chinesas não cai do céu", disse Xi, acrescentando que foi conseguido através do trabalho duro e do sacrifício do Partido e do povo.

Xi prometeu "tratar com seriedade” as "doenças" que prejudicam a natureza e a pureza do Partido e extirpar quaisquer “tumores malignos" no corpo saudável do Partido Comunista da China". O líder chinês salientou que o Partido deve fazer esforços persistentes para exercer a liderança do socialismo com características chinesas.

Nas províncias
Um simpósio foi realizado nesta quinta-feira (26) no berço da Revolução Chinesa para comemorar o 120º aniversário do nascimento de Mao Tsetung. O simpósio teve lugar em Xibaipo, uma antiga base revolucionária onde a direção do Partido Comunista da China se aquartelou de maio de 1948 até princípios de 1949 para preparar o projeto de um novo país e preparar o novo papel do PCCh como partido no poder.

Autoridades, moradores da localidade e outros visitantes participaram no simpósio no Museu Comemorativo Xibaipo.

Zhou Benshun, secretário do Comitê Provincial do PCCh em Hebei, pronunciou um discurso no simpósio, sublinhando a contribuição de Mao à causa revolucionária da China e seus esforços para construir o socialismo com características chinesas.

Outros dois simpósios foram organizados na cidade de Yan'an na província de Shaanxi, no noroeste e na cidade de Nanchang na província oriental de Jiangxi. Ambos os lugares foram famosas bases revolucionárias.

Nova publicação

No domingo passado (22) foi publicada uma cronologia em seis volumes sobre a obra do líder revolucionário, pelo Escritório de Pesquisas e Literatura do Partido Comunista da China

A cronologia oferece um panorama dos discursos e conversações de Mao, que nunca foram publicados em suas obras, explicaram os editores.

A obra desempenha um papel significativo na orientação das pesquisas sobre os pensamentos, teorias, trabalhos e ações práticas de Mao, assim com no estudo de suas conquistas, experiências e a árdua luta da revolução socialista da China e a construção dirigida pelo PCCh.

Os editores consideram ainda que a obra é muito importante também para estudar a origem e o fundamento das teorias socialistas com características chinesas.

Fonte: Portal Vermelho

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O financiamento da mídia alternativa e a revolução silenciosa

mídia
A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) abre as discussões sobre o financiamento público da mídia
Não há novidade nenhuma em afirmar que os meios de comunicação no Brasil são extremamente concentrados nas mãos de algumas poucas famílias. A surpresa que nos atinge está em saber que é justamente o dinheiro público do governo federal e dos governos estaduais e municipais o principal patrocinador dessa concentração.
No caso do governo federal é a Secretaria de Comunicação Social (SECOM) da Presidência da República, dirigida pela ministra Helena Chagas, a responsável por esse repasse de verbas para os grandes meios de comunicação. Nesse momento alguém poderia se perguntar: “Mas Helena Chagas, aquela jornalista da Globo?” Sim, a própria.
Esse repasse de verbas da SECOM é a principal fonte de sobrevida dos grandes meios de comunicação no Brasil. Para termos uma ideia do montante, apenas em 2012 cerca de R$ 10,8 bilhões foram repassados para os quatro grandes canais de televisão: Globo, Record, SBT e Band, sendo que 70% dessas verbas foram repassadas apenas para a Rede Globo.
Outro exemplo costumeiro é o da Editora Abril – responsável pela revista (semanal de ultradireita)Veja, entre outras – no Estado de São Paulo. Os paulistanos sabem que há anos o seu governo estadual vem patrocinando fortemente a editora da família Civita sem que haja qualquer transparência sobre as vantagens que tal parceria traz para o bem público. A coincidência entre a linha editorial da Abril e o programa político do partido que dirige o governo de São Paulo não parece ser fruto do acaso.
O interesse público depende da diversidade de fontes para a produção da informação. Uma sociedade que possui apenas poucas possibilidades de acesso a novos conteúdos torna-se refém sem sequer saber que suas mãos estão acorrentadas. É necessário que haja fontes diversas e plurais para que possamos confrontá-las e produzirmos nossas próprias opiniões.
No entanto, se por um lado os governos não manifestam desejo em alterar a estrutura da comunicação no país, por outro lado os movimentos sociais e a sociedade civil subalterna começam a reivindicar mudanças estruturais que venham de baixo para cima. Aí estão os exemplos dos milhares de jornais de bairros, rádios e tvs comunitárias e blogs alternativos que surgem diariamente. A indignação com as narrativas monocórdicas materializam-se assim nas mídias alternativas. E essas mídias alternativas querem recursos para sobreviver e cobram justa e legitimamente que mudanças sejam feitas nas prioridades dos governos.
O debate no Congresso Nacional
Na Câmara dos Deputados o debate sobre a necessidade do financiamento para a mídia alternativa tem ocorrido na Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados sobre Mídia Alternativa presidida pela deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE). A subcomissão funciona no âmbito da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática desde dezembro de 2011 e ao longo desse período ouviu uma série de especialistas sobre o tema. O relatório final dos trabalhos da subcomissão foi aprovado em 13 de novembro de 2013 e agora será transformado em projeto de lei para seguir em votação no plenário da Câmara dos Deputados.
O relatório final apresentado pela deputada Luciana Santos é formado por 17 itens que, em síntese, afirmam ser responsabilidade do governo federal e de suas agências o fomento das mídias alternativas e a pluralidade e diversidade na distribuição das verbas oficiais de publicidade. De forma concreta o relatório propõe que 20% da publicidade oficial do governo federal sejam apenas para a mídia alternativa.
Brasília dá o primeiro passo
Brasília deu na semana passada o primeiro grande passo no sentido de democratizar o financiamento da mídia alternativa. A Proposta de Emenda à Lei Orgânica 51/2013 indica que 10% das verbas de publicidade dos poderes locais deverão ser repassados para veículos da blogosfera e da imprensa comunitária.
A proposta da deputada distrital Luzia de Paula (PEN) foi aprovada por unanimidade na Câmara Legislativa do Distrito Federal e será aceita com tranquilidade pelo governador Agnelo Queiroz (PT).
No Rio de Janeiro proposta está na ALERJ
No Rio de Janeiro a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) apresentou na Assembleia Legislativa no dia 23 de maio de 2013 o projeto de lei nº 2248/2013. A proposta da deputada comunista é a de que 20% da publicidade oficial do governo do Estado do Rio de Janeiro seja destinado à mídia alternativa como jornais comunitários, rádios e Tvs comunitárias e blogs.
Mas no Rio de Janeiro a proposta já indica que encontrará maiores obstáculos. Na semana seguinte à apresentação do PL na ALERJ, o gabinete da deputada Rejane recebeu a visita de advogados da Editora Abril para apontar o descontentamento da família Civita com a redistribuição das verbas para a mídia alternativa.
Ao contrário de Brasília que é governada por um histórico militante da esquerda, o Rio de Janeiro possui como governador o peemedebista Sérgio Cabral. E as boas relações de Cabral com a mídia carioca são bem conhecidas. Não passa pela cabeça de ninguém imaginar que Cabral permitirá que sua base na ALERJ aprove facilmente o PL 2248/2013.
Da revolução silenciosa para a revolução barulhenta
Aprovar mudanças na distribuição da publicidade oficial dos governos não é pouca coisa. No dia em que jornais de bairros, blogs, rádios e Tvs comunitárias passarem a receber uma parte do bolo, uma grande mudança se iniciará em nossa sociedade. Uma mudança de sotaque, uma mudança de cor, uma mudança de cultura. Uma nova narrativa de baixo para cima emergirá e verdades que hoje são absolutas passarão a ser contestadas. A revolução silenciosa passará então a ser barulhenta. Esse dia chegará.
Fonte: Portal FNDC

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Concentração da mídia é maior ameaça à liberdade de expressão

Para Frank La Rue, relator especial da ONU para a liberdade de expressão, maior ameaça hoje é a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos. 


“Há uma relação direta entre vigilância, privacidade e liberdade de expressão”, defendeu nesta quinta-feira (12) Frank La Rue, relator especial para a liberdade de expressão da ONU. La Rue apresentou alguns dos resultados de suas pesquisas hoje, no Fórum Mundial de Direitos Humanos, ao abrir o debate “Internet e o direito à privacidade e à liberdade de expressão”.
Para La Rue, a liberdade de expressão é um direito humano, e deve passar a ser visto como tal cada vez mais. Para além disso, é importante que seja entendido como um direito humano que facilita o acesso a outros direitos humanos. Poder expressar ideias e receber informação de qualidade, sem o filtro dos interesses mais estreitos, pode fomentar a participação e a cidadania.
Logo antes do painel, La Rue falou com Carta Maior e contou que entende hoje que a maior ameaça à liberdade de expressão paira hoje sobre os jornalistas e o jornalismo de maneira geral. Para ele, o maior problema é a concentração dos meios de comunicação nas mãos de alguns poucos grupos, fenômeno que acontece em nível mundial.
Ele ainda afirmou que considera o atual projeto de marco civil regulatório da internet do Brasil bom, mas que é preciso se estar atento a dois pontos: a questão da propriedade intelectual e a da neutralidade de rede – como ele mesmo explicitou mais tarde, no painel, basilar para uma internet democrática.
O advogado, nascido e formado na Guatemala, foi enfático ao dizer que “não podemos permitir que a internet sirva apenas a uma elite”. Ele fez o paralelo entre o fornecimento de energia elétrica, reconhecido como uma necessidade humana, com o serviço de internet, que deveria chegar a todas as pessoas, com a mesma qualidade.
Para ele, há uma relação direta entre vigilância, privacidade e liberdade. Ele questiona e critica o atual confronto que se coloca entre segurança nacional e respeito à privacidade na rede, e afirma que não há como existir liberdade de expressão de fato sem o respeito às privacidades.
La Rue usa o exemplo dos discursos de ódio e dos casos de cyberbullying presentes na internet, que, por mais que tenham que ser combatidos, não podem ser usados como pretexto para se controlar e censurar a internet. Não se pode deixar que os estados fiquem à vontade para decidir o que pode e o que não pode circular ou ser privilegiado na rede, pois nada garante que, por exemplo, um discurso de oposição ao governo poderia simplesmente ser qualificado como discurso de ódio e não circular livremente.
Fonte: Portal FNDC

Chile: a AL não tolera mais a desigualdade

Piñera emergiu na AL chamada de chavista, em 2010, como o anfíbio ansiosamente aguardado: pensava a economia como Pinochet, sem ter vestido o capuz negro.



A volta de Bachelet ao comando do Chile, após levar 62% dos votos no 2º turno, domingo, envia uma mensagem às elites da região.

A sociedade latino-americana não tolera mais a desigualdade.

Enquanto o conservadorismo se aferra à ideia de dar eficiência às estruturas carcomidas que instalaram aqui uma das piores assimetrias de renda do planeta, as urnas  --e as ruas--  sistematicamente invertem a equação.

Em recados de crescente contundência à direita e à esquerda , avisam:  a meta deve ser a equidade, a economia  não pode funcionar mais contra as urgências da população.

O Chile rico e educado é a confirmação  enfática da fraude arquitetada por aqueles que propõem  chilenizar o Brasil primeiro (‘as reformas’), para depois distribuir.

Tudo funciona nesse modelo, mas tudo  só funciona a quem paga.

A maioria não pode pagar, por  exemplo, uma educação universitária de qualidade.
Nem a classe média remediada.
Essa, a origem da revolta dos pinguins que premiou o Chile com uma  renovação de liderança política inédita na região, pela esquerda.

Jovens comunistas  se projetam à frente da sociedade chilena dando , inclusive, uma sobrevida representativa ao Partido Comunista local, só encontrável em nações estilhaçadas pelo bisturi implacável do ajuste neoliberal. Caso da Grécia, por exemplo.

Um minúsculo enclave de 5%  da população chilena fatura por ano  quase 260 vezes mais que o seu extremo oposto na pirâmide de renda.

A principal riqueza do país, o cobre, preserva uma estatização de fachada na qual os maiores beneficiários sãos as castas fardadas que se reservaram durante a ditadura Pinochet uma fatia cativa dos rendimentos da maior reserva do metal no planeta.

Pior que o Brasil, pior que os EUA ou a Alemanha, a plutocracia chilena aferrou-se de tal maneira a seus privilégios que hoje 1% da população detém 31% de toda a riqueza nacional (21% nos EUA ; 13% no Brasil; 12,5% na Alemanha).

O conjunto faz do Chile um paradigma odioso de segregação econômica escolar.

Segundo a OCDE, dentre todos os seus membros, o Chile é o país com maior índice de financiamento privado da educação primária e secundária.

O resultado das urnas deste domingo esfarela e devolve às goelas conservadoras o júbilo manifestado em janeiro de 2010, quando um  Chile cansado das hesitações de seu centrismo, elegeu  o bilionário Sebástian Piñera  ao final do primeiro mandato de Bachelet.

Piñera reacendeu a esperança conservadora na América Latina.
Sua vitória reluzia como a revanche diante de um colar de governos progressistas que asfixiavam o horizonte da direita regional.  Enfim, um presidente para chamar de seu.

Um porta-voz moderno do dinheiro grosso.

Alguém talhado para fazer a ponte entre a inconclusa redemocratização chilena e o necessário arejamento das agendas apuradas no calabouço escuro da ditadura Pinochet.

Recorde-se que o Chile é o que é hoje  porque, antes mesmo de Thatcher,  foi militarmente capturado para ser a cozinha experimental do neoliberalismo no mundo.

Talvez fosse mais apropriada a metáfora 'açougue'.

Ali se sangrou, retalhou, picou e moeu uma nação até reduzi-la a uma massa disforme e vegetativa.

Dessa matéria-prima, nasceu a primeira receita mundial bem sucedida do cardápio que decretaria o fim do capitalismo regulado, a partir dos anos 70.

O quitute indigesto foi enfiado goela abaixo de uma das sociedades mais democráticas do continente latino-americano. Por isso mesmo, exemplarmente esgoelada na sua tentativa de construir o socialismo pela via eleitoral.

O recado foi escrito com sangue na pele da esquerda latino-americana: 'a democracia promete mais do que os mercados estão dispostos a conceder'.

Mestres-cucas da direita regional e global aderiram em massa ao mutirão corretivo.

Piñera não serviu diretamente à ditadura mais sanguinária da AL.  Justamente por isso, sua vitória em 2010 acendeu o entusiasmo conservador.

Eis o anfíbio tão aguardado.

Porque pensava a economia como Pinochet, sem ter vestido diretamente o capuz negro, era a ponte palatável entre dois mundos, no caminho de volta a uma democracia bem comportada.

"É provável que se fortaleça na América do Sul uma "frente antichavista", integrada por Álvaro Uribe (Colômbia), Alan García (Peru) e o próprio Piñera".

O augúrio do editorial da "Folha", de 22 de janeiro de 2010, externava essa aposta ansiosa.

O dote de mandatário-ponte servia ademais para espicaçar a viabilidade da jejuna e também recém-eleita presidenta brasileira, Dilma Rousseff.

Transcorridos quatro anos, Piñera devolve o lugar a Bachelet.

Os jornalismo que apostou na ressurgência neoliberal, porém, não desiste. No Brasil flerta com anfíbios tropicalizados. 

Ou não será a mesma receita da chilenização do país que emitem as goelas de veludo dos Campos & Aécios?

Quiçá de alas petistas obsequiosas aos lamentos dos mercados?

O Chile fez tudo como eles querem fazer aqui.

É a economia "mais aberta" da América Latina.

O Estado é mínimo: a dívida do setor público é de apenas 11,5% do PIB (37% no Brasil, no conceito líquido; 60% no bruto).

A previdência foi privatizada. A proteção trabalhista é pífia.

A linha da desigualdade parece o eletrocardiograma de um morto: o índice de GINI chileno oscilou de 0,55 para 0,52 entre 1990 e 2009 (o do Brasil melhorou de 0,61 para 0,54).

Segundo a CEPAL, entre 1990 e 2009, o investimento público na área social oscilou mediocremente no país: de 15,2% para 15,6% do PIB.

Até o México deu um passo maior no mesmo período: passou de 5,5% para 11,3% do PIB.

Na direitista Colômbia, o salto foi de 6,1% para 11,5%.

No Brasil, a ' gastança' avançou de 17,6% para 27,1% do PIB; na Argentina, de 18,6% para 27,8%.

O jornalismo conservador atribui à falta de 'traquejo' político do empresário-presidente o paradoxo entre uma economia 'saudável' e a rejeição política esmagadora.

O raciocínio condescendente desdenha de uma lacuna-chave.

Piñera não foi programado para transformar a maçaroca econômica em uma Nação.

Mas para transformar uma nação em mercado.

Por que teria apoio dos seus órfãos?

O Chile tornou-se um país simplificado por uma ditadura que decidiu exterminar fisicamente o estorvo ideológico e social no seu caminho: a classe trabalhadora organizada.

Uma parte foi sangrada nas baionetas de Pinochet.

A outra, exterminada estruturalmente pelos sacerdotes do laissez-faire.

Os Chicago's boys reduziram a economia às suas estritas 'vantagens comparativas'.

Um pomar de pêssego. Vinícolas. Uma mina de cobre.

Um acervo como esse não precisa de projeto nacional.

Um fluxo de mercadorias não requer formulação intelectual própria. Logo, não precisa de universidade pública autônoma.

Um aglomerado de consumo não reclama cidadania.

Piñera tentou ser o cadeado moderno entre isso e uma redemocratização intrinsecamente tensa e limitada. Os estudantes rechaçaram esse entendimento do que seja um 'Chile moderno' .

E carregaram para as ruas o inconformismo de décadas que se consagrou nas ruas deste domingo. Mas que explica, também, o monstruoso incide de abstinência de 59%.

O desinteresse pelo voto é um aviso a Bachelet: um pedaço do país, quase suficiente para eleger um outro presidente, não aguenta mais simulacros de justiça social e maquiagens estruturais.

O fracasso de Piñera não deve ser desfrutado com precipitações simplistas.

O jogo não acabou na AL. Nunca acaba.

Os embates tendem a se acirrar.  Não por acaso Aécio e Campos acercam-se de profissionais do ramo e de modelos estratégicos que caberiam perfeitamente num ministério de Piñera.

O Chile, pequeno, mas historicamente imenso, tem muito a dizer à experiência política latinoamericana.

Não foi qualquer apego a efemérides que motivou Carta Maior a reunir, este ano,  uma dezena e meia de analistas, personagens, cineastas e filmes para registrar os 40 anos do golpe militar de 11 de setembro no Chile.

O Especial ‘Chile de Allende, 40 anos do golpe’ não mira o passado.

A atualidade da arguição inclui nuances. Algumas delas falam diretamente ao Brasil dos dias que correm. Exemplos.

O que acontece em um país quando o conservadorismo forma a percepção de que as possibilidades democráticas e eleitorais de seu retorno ao poder se estreitaram?
Que contrapesos poderiam, ou melhor, deveriam ser acionados quando a judicialização da política e o golpismo midiático compõem um corredor polonês asfixiante em torno de um governo democrático e progressista?

Em que medida é realista apostar em um alicerce defensivo ancorado exclusivamente nas instituições existentes, quando o propósito é superar o que elas guarnecem? É um primeiro indicativo.

Há outros a sinalizar que não estamos falando de ontem. Mas das evocações que 1973 inspira em 2013. E em 2014.

Fonte: A Carta Maior

Grecia: Encontro da FSM e PAME com familiares dos cinco


A PAME, juntamente com a FSM, recebeu em sua sede, em Atenas, Ailí Labañino, filha de Ramón Labañino, um dos Cinco cubanos presos nos cárceres norte-americanos há 15 anos.
A delegação cubana foi acompanhada pelo Embaixador cubano na Grécia, Osvaldo Cobacho e Sailí Sanchez, funcionária do MINREX de Cuba.
No encontro, Ailí explicou a situação atual dos 5 cubanos, 4 deles ainda seguem presos, por infiltração em grupos contrários à revolução cubana apenas com a intenção de denunciar e alertar a Cuba sobre ataques e atos terroristas que estas organizações financiadas e apoiadas pelo governo dos Estados Unidos estavam organizando e assim, evitar mortes desnecessárias e atentados contra Cuba e em qualquer lugar do mundo.
O líder da PAME, George Perros, saudou a delegação e lhes expressou que sua organização trabalhou em solidariedade com os cinco desde o primeiro momento em que foram encarcerados e sua solidariedade sempre está presente em cada uma de suas lutas, greves e manifestações. Este apoio igualmente foi expresso por Dimos Koumpouris, membro do Secretariado da PAME e Secretário da Associação de Amizade Helênico-Cubano, e que relembrou todas as ações realizadas por meio da Associação e como membro da PAME.
O companheiro Valentín Pacho, Secretário Geral Adjunto da FSM, enviou uma fraternal saudação em nome do secretariado e reiterou a decisão da FSM de manter como uma de suas principais prioridades, a solidariedade e apoio aos Cinco e a Cuba, como tema permanente em cada uma de nossas tarefas, ações e eventos, “a FSM, junto aos seus 86 milhões de filiados, seguirá com Cuba até a libertação do último dos cinco e continuará apoiando sua Revolução, não apenas por Cuba, senão também pela América Latina e por todos os países do mundo”, reiterou.
O embaixador cubano agradeceu também, em nome do seu país, todas as manifestações de solidariedade, fraternidade e apoio da FSM, PAME, dos trabalhadores e do povo grego aos cinco irmãos presos nos Estados Unidos e a Cuba.
Fonte: FSM

Dilma lança a P-62. Petrobras bate recorde de novas plataformas e mira salto na produção

p62
Enquanto os bobalhões da mídia se dedicam a reproduzir factóides – como o da maquininha virtual que foi transformada em “consultoria americana” para prever a falência da Petrobras, a piada do ano – a petroleira brasileira vai preparando a base para o maior salto já registrado de aumento de produção na indústria petrolífera.
Amanhã, a presidenta Dilma Roussef participa, no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, da cerimônia de conclusão da P-62, um navio plataforma capaz de processar 180 mil barris de petróleo por dia, e que vai operar no campo de Roncador, na Bacia de Campos, o  mesmo da pior cena já vivida pela atividade petroleira no Brasil: o afundamento da P-36, no governo FHC.
É a nona plataforma construída apenas neste ano de 2013.
Juntas, elas tem uma capacidade de produção de quase 1,5 milhão de barris por dia. Ou 70% de tudo o que a Petrobras produz hoje.
Plataformas, entretanto, não são como comprar um carro na concessionária e sair dirigindo. É preciso tempo para contectá-las aos poços, iniciar o comissionamento de carga nas suas instalações lentamente, ajustar e apurar o funcionamento destas imensas bombas de óleo em pleno oceano.
Nada pode ser feitos às pressas, de qualquer maneira.
A entrada em produção plena leva meses e, em casos onde há poços produzindo próximos a outros em perfuração, até anos, enquanto funcionam com carga parcial.
Lentamente, de agora até 2020, nossa produção vai subir até cerca de 5 milhões de barris – em petróleo e em gás – o que significa simplesmente dobrar a produção atual.
Em 2014, mais 11 plataformas serão licitadas.
Reproduzo, aí embaixo, o filme publicitário que a empresa lançou no final de semana.
Que desperta amor ou ódio, na medida em que se ame ou odeie a ideia de um Brasil livre e rico, para seu povo.
Fonte: Blog O Tijolaço

"Golpe" pode antecipar fim da 1ª prefeitura do PSOL

Sem base de apoio na Câmara, prefeito do interior do Rio de Janeiro sofre CPI e mobiliza a cúpula do partido para evitar destituição.

De Itaocara
“Povo itaocarense! Aqui é o prefeito Gelsimar Gonzaga. Querem me tirar do cargo, mas só com o povo na rua conseguiremos acabar com essa tentativa de golpe.” Um carro de som percorria diversas vezes o município do interior fluminense na tarde da última quinta-feira 12. Nas ruas íngremes da periferia da cidade, panfletos chamavam para uma manifestação “contra o golpe” naquela noite.
A prefeitura passava à população a ideia de que o chefe do Executivo poderia ser retirado do cargo a qualquer momento, uma possibilidade plausível diante dos atos da Câmara de Vereadores durante o primeiro ano de mandato do prefeito do PSOL. Gelsimar enfrenta a resistência do Legislativo municipal, onde somente um vereador o apoia e uma CPI foi aberta para investigá-lo.
Itaocara tem somente 23 mil habitantes, mas recebe atenção nacional do PSOL. A cidade é uma das duas primeiras prefeituras do partido, após quase dez anos como oposição no Legislativo. O PSOL acredita que a Itaocara poderia servir como uma vitrine de suas administrações, um exemplo da possibilidade de governar sem se comprometer com as concessões da “governabilidade” –principal motivo para dissidentes do PT terem formado o partido no começo da década passada.
Figuras mais conhecidas do PSOL, como o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) e a ex-deputada Luciana Genro (RS), já estiveram na cidade para demonstrar apoio ao prefeito. O diretório nacional e as bancadas do Congresso seguem na mesma linha, argumentando que a investigação na cidade é um golpe contra o prefeito.
Câmara não divulga motivo da CPI
A Câmara instalou a comissão no dia 3 de dezembro, com somente um voto contrário. Os aliados do prefeito Gelsimar Gonzagaargumentam que a CPI não tem um objeto claro e não investiga nada relacionado a corrupção. Segundo informações da Câmara, a comissão foi aberta porque um cidadão fez um ofício à casa pedindo informações da prefeitura. De lá, os requerimentos foram enviados ao prefeito, mas ele não deu respostas.
A reportagem tentou ter acesso aos pedidos não respondidos, mas o presidente da Câmara, Robertinho Cruz (PR), não os forneceu. O vereador alegou que o requerimento é um “documento da casa, interno”, e seria necessário o aval de toda a mesa diretora para ele ser acessado. Em entrevista, Robertinho não especificou quais foram os pedidos:
CartaCapital: No que consistem esses pedidos que não foram respondidos?
Robertinho: Informações do executivo, da administração.
CC: E o senhor sabe dizer quais informações são essas?
R: Assim de memória, todos, não. Se qualquer pessoa que faz a denúncia, você tem que se explicar. E agora, quem tem que se explicar é o prefeito. Nós não temos a resposta porque ele foi omisso.
CC: Mas quais foram os requerimentos?
R: Eu já entendi sua pergunta e você já teve sua resposta.
A reportagem tentou falar com os três integrantes da CPI para entender o que seria investigado nela. O vereador Edson da Sinuca (PMN) e a vereadora Aveline (PMN) se recusaram a dar entrevista. O vereador Renato do Papagiao (PMDB) não foi encontrado.
O único vereador do PSOL, Fernando Arcenio, diz que não teve acesso aos requerimentos e não conhece seu conteúdo. O vereador solicitou à mesa diretora acesso aos pedidos. Caso o pedido seja negado, Arcenio vai recorrer à Justiça.
O prefeito diz estar disposto a dar respostas, mas não tem como faze-lo sem saber do que tratam os requerimentos. “Não responder requerimento... tem sentido isso? CPI é para quando tem corrupção comprovada, ou mesmo não comprovada. Mas essa não tem justificativa nenhuma”, diz Gelsimar.
A prefeitura diz que esta não foi a primeira resistência da Câmara dos Vereadores. Outro episódio ocorreu na aprovação do aumento de salário de todos os servidores da cidade, feito em dezembro de 2012. Isso fez com que o custo dos salários em Itaocara extrapolasse os limites permitidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (46,55% da receita) quando o novo prefeito assumiu o cargo. Gelsimar se recusa a demitir funcionários e tenta outra forma de sanar as contas, enquanto rompe os limites da lei federal.
O prefeito também alega que a compra de remédios na cidade foi impedida durante 25 dias porque a Câmara não permitia o remanejamento de verbas, deixando os cidadãos cerca de um mês sem medicamentos. O presidente da Câmara, por sua vez, rebate. Segundo Robertinho Cruz, o problema foi gerado pela má administração do prefeito, a quem ele se referiu como “bobo da corte”. Assim como no caso da CPI, a prefeitura tentou mobilizar a população para conter os danos. Foram distribuídos panfletos em que se explicava a dificuldade com a Lei de Responsabilidade e os remédios.
Ex-cortador de cana, Gelsimar foi eleito na sétima tentativa
O atual prefeito de Itaocara perdeu seis eleições antes de ser eleito. Tentou ser deputado, vereador e prefeito em outros pleitos. Cortador de cana na infância, Gelsimar fez parte do sindicato dos bancários no Rio de Janeiro e entrou para o PT. De volta a Itaocara, militou no sindicato dos servidores públicos na cidade. Quando foi candidato a vereador pela primeira vez, em 1992, recebeu 56 votos.
Sua votação cresceu nos 18 anos seguintes. Neste período, migrou do PT ao PSOL, quando os “radicais” do PT foram expulsos porque votaram contra a Reforma da Previdência proposta por Lula. Em sua primeira tentativa de se eleger prefeito, em 2008, Gelsimar obteve pouco mais de 6% dos votos. Em 2010, conseguiu quase 25% dos votos para deputado estadual da cidade, quando anunciou que deveria ser candidato novamente. Em 2012, foram 44,3% do total – 6.796 votos.
Gelsimar diz que seu principal programa na prefeitura foi a instituição do “passe livre” para os estudantes que moram em Itaocara e estudam em faculdades de outras cinco cidades do noroeste carioca.
O prefeito também tem tentado aumentar a participação da população no mandato. Seus secretários, por exemplo, foram escolhidos em praças públicas. O prefeito também tem feito reuniões na periferia da cidade, onde responde qualquer questionamento dos cidadãos. Robertinho, o presidente da Câmara, diz que os secretários eram pré-indicados e que as assembleias do prefeito são “um circo”.
Gelsimar alega que não consegue governar por não ter aceitado se submeter às práticas de corrupção da cidade. O combate à corrupção é a principal bandeira do prefeito, que inclusive usa o termo “marajás” em seus discursos. Antes de Gelsimar assumir a prefeitura, Itaocara povoou o noticiário político com casos de funcionários fantasmas no serviço público e a dispensa ilegal de licitação pública, ambos denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Em 2012, um secretário foi preso por desviar marmitas de um hospital público. No ocasião, foram apreendidas 16 quentinhas.
Itaocara é prefeitura mais radical do PSOL
Itaocara foi a única cidade em que o PSOL venceu no primeiro turno da eleição municipal de 2010. A outra prefeitura do partido é Macapá, a capital do Amapá, onde Clécio Luis foi eleito com apoio de outros partidos e doações de empresas. A postura gerou críticas das tendências mais à esquerda do PSOL.
Em Itaocara, uma ala menos sujeita a alianças foi vitoriosa. Para Gelsimar, Clécio pratica o “mensalão” para se manter na cidade, já que busca alianças amplas. Ele também diz que não irá apoiar a candidatura do senador Randolfe Rodrigues (AP) à presidência se ele não “vier mais para a esquerda”.
Gelsimar faz parte da tendência de influência trotskista Corrente Socialista dos Trabalhadores, cujo nome mais conhecido é o ex-deputado federal Babá (PA). Ele esteve no protesto da cidade na última quinta-feira, quando cerca de 300 militantes foram à frente da prefeitura em apoio ao prefeito. Um ônibus de militantes do PSOL, vindo do Rio de Janeiro, também compunha o ato.
O chefe de gabinete do prefeito, Marco Antonio, faz parte da mesma corrente de Gelsimar e Babá. Críticos à nomeação de Marco Antonio, vereadores se mobilizaram contra a presença do que chamavam de “forasteiros” na prefeitura. Em junho, eles chegaram a fazer protestos pedindo a saída do chefe de gabinete, nascido em Macapá e radicado no Rio de Janeiro. “Ninguém sabe suas origens. O que é, para que veio. Esse rapaz caiu de paraquedas e hoje é o homem que manda no município, um cidadão que nem voto tem. O prefeito eleito não escuta ninguém, só esse rapaz,” diz Robertinho.
O chefe de gabinete diz ter buscado diálogo com os vereadores desde que chegou, no ano anterior, mas não foi bem sucedido. “Somos revolucionários, mas não somo porra-loucas,” diz Marco Antonio.
Isolado, Gelsimar diz que governar desta forma era sua única alternativa, e faz um paralelo com o ex-presidente Lula. “[Os vereadores] falaram: ou você dá o dinheiro, ou você não vai governar. Nós vamos bagunçar seu orçamento e nós vamos tentar te afastar de todas as formas,” diz Gelsimar. “Eu resolvi não dar. Eu prefiro ser cassado do que implementar a corrupção que era antes aqui, e que acontece no Brasil todo”.
Fonte: A Carta Capital