Em uma semana, 138 leitos (34 UTIs e 104 enfermarias) foram adicionados às alas para pacientes com coronavírus. Mesmo assim, ocupação não caiu
Belo Horizonte vive o período mais crítico da pandemia do novo coronavírus desde que o primeiro caso foi registrado, em março. O avanço acelerado da COVID-19 e a consequente sobrecarga no sistema público de saúde fizeram a prefeitura fechar o comércio considerado não essencial desde a última segunda-feira (29/6). Nesse meio-tempo, a administração municipal corre para ampliar a estrutura da rede hospitalar.
Em uma semana, 138 leitos (34 UTIs e 104 enfermarias) foram adicionados à rede de atendimento para pacientes com a doença - a maioria deles já existente, proveniente de alas destinadas ao tratamento de outras enfermidades.
Mesmo assim, a taxa de ocupação não caiu, o que faz crescer a expectativa por um lockdown (bloqueio total) na cidade.
Em 25 de junho, o Sistema Único de Saúde (SUS) de BH contava com 301 UTIs e 798 leitos de enfermaria para pacientes com COVID-19. Em 2 de julho, uma semana depois, os números saltaram, respectivamente, para 335 e 902. A demanda por internações decorrentes da doença, porém, cresceu em um nível ainda mais acelerado. Por isso, a rede de hospitais públicos continua sob pressão.
Há uma semana, as taxas de ocupação de UTIs e leitos de enfermaria para pessoas com coronavírus estavam em 86% e 67%, respectivamente. Aliados ao Rt (número médio de transmissão por infectado, que estava em 1,09), esses percentuais justificaram a decisão do prefeito Alexandre Kalil (PSD) de fechar o comércio.
Segundo as informações mais atualizadas - que dizem respeito a essa quinta-feira (2/7) -, a taxa de ocupação de UTIs em Belo Horizonte subiu de 86% para 87%, mesmo com a abertura de novos equipamentos. Para as enfermarias, o índice continuou em 67%, apesar da ampliação da estrutura hospitalar.
Os números inviabilizaram a reabertura do comércio. Em reunião com representantes lojistas, Kalil prometeu que reavaliará a situação na próxima terça-feira, mas frisou que os resultados mais concretos de um isolamento social mais rigoroso só serão perceptíveis daqui alguns dias. Por isso, a necessidade de manter as lojas fechadas e diminuir a velocidade de propagação do vírus.
“Nós vamos sentir o resultado deste fechamento do comércio na próxima semana. Os números estão subindo no restante do estado porque houve flexibilização precoce. Vamos tentar controlar a situação e, quando esses números preocupantes baixarem, nós vamos abrir o comércio”, disse.
Novos leitos
No processo de ampliação da estrutura para pacientes com COVID-19, a prefeitura trabalha com diferentes estratégias. Além de criar novos leitos, a administração municipal transfere para as alas específicas de coronavírus equipamentos que originalmente eram destinados a pacientes com outras enfermidades.
Em uma semana, o número de UTIs para pacientes com demais doenças caiu de 689 para 685. Nos leitos de enfermaria, a queda é mais evidente: de 3.725 para 3.621.
Na prática, foram abertos 30 leitos em uma semana. Consideradas todas as enfermidades, os números gerais de UTIs e enfermarias subiram de 5.513 para 5.543 entre 25 de junho e 2 de julho.
Outra alternativa buscada pela PBH é a contratação de UTIs de hospitais privados da capital. Nessa quinta-feira, a administração publicou no Diário Oficial do Município (DOM) os detalhes do processo, que prevê 30 dias de prestação de serviço (renováveis pelo mesmo período em caso de necessidade).
Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas na última terça-feira, Kalil revelou que, em julho, a prefeitura abriria “mais 209 leitos de UTI e 263 de enfermaria”. “Nós estamos mexendo com crescimento exponencial (nos casos do vírus)”, disse.
Chance de lockdown
Por causa dos preocupantes índices de ocupação de leitos, o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH) recomendou à prefeitura que decrete lockdown imediato para conter o avanço do vírus. “Apesar de ser uma medida drástica, é a alternativa mais adequada para reduzir a taxa de ocupação dos leitos de CTI e enfermarias e evitar desassistência de usuárias e usuários do SUS em BH”, lê-se em documento assinado por Carla Anunciatta de Carvalho, que preside o órgão.
Fonte: Estado de Minas
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