Segundo agricultor, mais de 20 policiais estiveram no local e revistaram casas, mesmo em meio a riscos da covid-19
Segundo relatos de acampados, os agentes entraram nos imóveis que ficam no limite da sede, armados de fuzis e pistolas, quebrando portas e janelas. Eles prenderam o acampado Celso Augusto, conhecido como Celsão.
“Sete carros de polícia entraram nos nossos acampamentos, invadiram a casa do nosso companheiro Celso. Esse companheiro tem problemas psiquiátricos, mora conosco e nós cuidamos dele há quase 20 anos. Coagiram ele, foram quebrando janela, arrebentando a porta e [Celsão] acabou sendo preso e levado pela polícia”, relata Tuira Tule, da coordenação do MST.
A PM também entrou na casa do acampado João da Silva, conhecido como Joãozinho. Ele afirma que houve ameaças e truculência.
“Tive minha casa invadida, fuviaram minha casa toda. Teve um menino que passou mal, eu também não fiquei bom. Minha mulher também esteve ruim. Vou pedir para o governo do estado ou federal: na hora que quiser mandar a polícia lá em casa, manda uma pessoa sozinha, porque nós não devemos nada à polícia”, clama o acampado.
A ação ocorre em meio a uma ordem de despejo da vila de moradores e da escola do acampamento, emitida pela Justiça estadual mesmo sob decreto de calamidade pública em Minas Gerais, por causa da pandemia de coronavírus.
A decisão descumpre acordo firmado em mesa de diálogo sobre conflitos de terra, para que as famílias permanecem no local ao menos enquanto houvesse necessidade de isolamento social, ainda segundo o MST.
Despejo
A ação de reintegração de posse prevê a retirada da vila de moradores e da estrutura da Escola Popular Eduardo Galeano, que oferece educação popular aos jovens, crianças e adultos. Durante a pandemia, a escola tem cumprido o papel de acompanhar as crianças que estão em regime de educação a distância.
No acampamento Quilombo Campo Grande residem 450 famílias, que produzem o café Guaií. São mais 20 anos de resistência e construção da reforma agrária popular na área.
Fonte:Brasil de Fato
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