Pré-candidata do PSOL busca apoio de legendas do campo progressistas, mas lançamentos de candidaturas próprias é obstáculo para aliança
A pouco mais de dois meses do início da campanha eleitoral, a deputada federal Áurea Carolina (PSOL), pré-candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, segue tentando viabilizar a construção de uma frente unificada de esquerda com o objetivo de frear o avanço da direita na cidade.
No entanto, candidaturas anunciadas por outros partidos progressistas tornam a tarefa difícil.
A princípio, Áurea não seria candidata, mas acabou cedendo diante do que considera um recrudescimento de ameaças à democracia brasileira promovida pelo presidente Bolsonaro.
“Tenho defendido que se consolide uma frente ampla de esquerda para as eleições em BH. Que possa apresentar uma candidatura competitiva aglutinando o maior número possível de partidos do campo progressista. Capaz de fazer um debate de alternativas para a cidade e se contrapor à ameaça bolsonarista, neste momento um problema grave no Brasil e que também se apresenta na capital mineira”, afirma a pré-candidata.
Ela diz que tem mantido diálogo com PT, PCdoB, PCB e com a Unidade Popular. “Mas não há nenhuma sinalização de composição eleitoral com esses partidos”, disse.
Áurea enfrenta dificuldades para formar a frente pretendida e terá que convencer demais partidos a retirar candidaturas próprias. O PT anunciou Nilmário Miranda como candidato, enquanto o PCdoB lançará Wadson Ribeiro. O PSB tem o deputado Júlio Delgado como pré-candidato, e a Rede Sustentabilidade – parte da administração do prefeito Alexandre Kalil (PSD), com o vice-prefeito Paulo Lamac – repetirá o apoio.
Uma sinalização positiva vem do PDT. Duda Salabert retirou pré-candidatura à prefeitura para apoiar a candidata do PSOL e trabalha para que a legenda faça o mesmo. “Não houve a convenção. É lá que ocorrerão os debates e a escolha. Mas muitos setores do PDT estão declarando apoio a Áurea”, disse Duda.
A cientista política Mara Telles afirma há dois cenários para a esquerda em BH: a fragmentação das candidaturas, que, somadas, segundo ela, podem alcançar entre 15% e 20% dos votos, ou formarem coalizão para nacionalizar o debate contra a extrema direita. “As esquerdas podem federalizar o discurso ou se manter fragmentadas, em função dos seus interesses, que são de se manter vivas na cidade, mesmo que elegendo uma bancada pequena, para se fortalecerem para 2022”, disse.
União somente no 2º turno
O apoio entre partidos de esquerda, seja à candidatura de Áurea Carolina ou outro nome progressista, deve acontecer apenas no segundo turno, avaliam o cientista político Felipe Nunes e os próprios candidatos e dirigentes partidários.
Lançar candidato majoritário ganhou importância nessas eleições porque não há mais coligações proporcionais para vereador. Assim, as siglas passaram a apostar no espaço da propaganda eleitoral e no voto de legenda para eleger seus candidatos no Legislativo.
“Direita, esquerda e centro têm incentivos de fazer contabilidade eleitoral e imaginar: ‘olha, para que a gente possa ganhar, é melhor uma eleição menos fragmentada’. Mas em uma eleição de segundo turno isso faz pouca diferença porque aquele candidato com melhor desempenho no primeiro turno vai acabar apoiado pelos outros candidatos da esquerda no segundo”, avalia Nunes.
O cálculo político é expresso de forma mais direta pelo candidato do PCdoB, Wadson Ribeiro, que também é o presidente do partido em Minas.
“É uma eleição em que Kalil está perdendo popularidade. Então tende a ser pulverizada, e pode ser que 10%, 15% dos votos levem para o segundo turno”, disse.
O presidente do PT no Estado, Cristiano Silveira, ressalta a boa relação do partido com o PSOL e com o PCdoB. “O ambiente para a construção de unidade no segundo turno é possível e muito favorável”, disse.
Fonte: O Tempo
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