Em 3º disco, JAMBINAI soa mais original e preciso ao unir instrumentos tradicionais da Coreia do Sul e o senso rítmico de gêneros pesados
Data de Lançamento: 7 de junho de 2019
Épico, pesado, autêntico
JAMBINAI em busca de novas atmosferas
Data de Lançamento: 7 de junho de 2019
Épico, pesado, autêntico
JAMBINAI em busca de novas atmosferas
Gravadora: Bella Union
O título do disco remete a algo praiano e o nome da banda, totalmente pronunciável em nosso idioma. Vê-se que a própria arte da capa já representa uma contradição a ONDA (que, na verdade, é um termo em coreano que significa ‘vir’).
Mas, vamos lá! JAMBINAI é um quinteto da Coreia do Sul que faz post-rock propondo coexistência entre sutileza e brutalidade, tradição e inovação.
Tem um pouco de metal, um pouco de jazz e desenvolve uma complexidade rítmica com elementos da música europeia e da tradição sul-coreana, vide o uso de instrumentos como geomungo (longo instrumento de corda que lembra uma cítara) e haegum (que lembra um berimbau misturado à cabaça).
Três anos após o celebrado A Hermitage – um dos melhores discos de 2016 na nossa seleta – JAMBINAI se mostra mais intenso, coeso e com a autoridade de que domina um som próprio em seu 3º disco: ONDA.
Épico, pesado, autêntico
A audição de ONDA se revela mais efetiva como uma experiência do que possível representação do post-rock, gênero com que a banda tem mais proximidade.
Isso porque o JAMBINAI tem repertório para se mostrar épico em diversos sentidos.
Pode ser por meio de uma longa introdução com o haegum da talentosa Kim Bo-mi, em “Sawtooth”, que aos poucos resulta em um som pesado, com bateria (de Jaehyuk Choi, agora membro permanente do grupo) e geomungo (assumido por Sim Eun-yong) disputando em firmeza.
Ou, como acontece na faixa-título, ter instrumentos percussivos operando como se fossem um baixo, criando terreno para que a voz de Lee Il-woo surja como prelúdio de uma manifestação pacifista.
Não se descarta, também, a possibilidade de juntar todos esses elementos com uma energia free, como é o caso de “Event Horizon”, que culmina em um momento pacífico, como se defendesse a ideia de que não existe caos sem momentos de paz.
Momento, na verdade, é algo peculiar na música de JAMBINAI. Cada música aposta em desenrolares distintos.
A atmosfera sonora foge do esperado e surpreende por suas transições tão ligeiras quanto convincentes. É como testemunhar um orador talentoso que começa com uma analogia longínqua e, de repente, resume a história da antropologia para você, simples assim, com poucas idas e vindas.
Isso porque as transições são impactantes o suficiente, tornando a música do JAMBINAI consistente. Às vezes parece uma banda de metal, como em “Sun. Tears. Red”. Ou um ambient que se transforma em música carnática, vide “Small Consolation”.
Quando Lee assume a voz, na intrincada “Square Wave”, a impressão é de uma banda em combustão com muita vontade de estourar – mas com técnica o suficiente para deixar que o canto sobressaia.
“Vozes e letras possuem forte energia e podem tocar no coração de forma mais direta que os instrumentos”, explicou o bandleader no texto de divulgação. “Além disso, poucas pessoas conhecem coreano, então elas escutam nossas vozes como se fossem sons, mais do que procurar algum significado. E estávamos precisando de mais sons neste álbum”.
Tão criativo quanto versátil, o JAMBINAI prova que as conexões musicais não precisam se prender a gêneros, tempos e culturas. Mais importante que isso é determinar um posicionamento artístico ímpar – e, se a rica tradição da música sul-coreana tem tanto a contribuir, por que ficar preso aos mesmos instrumentos de sempre?
Fonte: Na Mira do Goove
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