O carnaval chegou ao Brasil colonial com os navegadores portugueses e, naqueles tempos, era chamado de Entrudo: nele, se atiravam frutas de cera, limões ou laranjas, repletos de água de cheiro nos passantes, além de se pintar à cara com farinha ou pó branco.
Seringas enormes, cheias de líquido colorido, também eram esvaziadas sobre as pessoas. Homens, mulheres e crianças, livres e escravos, brincavam juntos nestes dias de alegria. Nas festas, de modo geral, havia todos os tipos de excessos, inclusive sexuais.
Seringas enormes, cheias de líquido colorido, também eram esvaziadas sobre as pessoas. Homens, mulheres e crianças, livres e escravos, brincavam juntos nestes dias de alegria. Nas festas, de modo geral, havia todos os tipos de excessos, inclusive sexuais.
Além da comida e da bebida, música e dança animavam nossos antepassados. Os batuques africanos influenciaram muito a nossa identidade musical. Danças, como o calundu ou lundu, escandalizavam e surpreendiam quem vinha de fora. Quanto ao samba, existem várias versões sobre sua origem, sendo que uma das mais aceitas relaciona o ritmo à palavra “semba” ou “umbigada”, um gesto coreográfico presente em diversos tipos de dança da época.
Viajantes estrangeiros apontaram a diferença entre o nosso carnaval e o deles. O pintor francês Debret foi um que comentou: “O Carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas”. A ideia, aqui, era se inundar de água. E muitas vezes, tais banhos eram brutais, como se queixaram alguns, posteriormente resfriados!
Cena de carnaval, de Debret.
Na primeira metade do século XIX, o carnaval ganhou um empurrão. Em 1840 realizou-se o primeiro baile aberto ao público, no hotel Itália, na Corte. Alguns anos depois, o português José Paredes saiu às ruas tocando um bumbo e criando o personagem do Zé Pereira. A rua do Ouvidor, maior artéria da capital, era invadida por cortejos que passavam por baixo de arcos decorados o oferecidos por “homens de negócios”, ricos da cidade. Tais grupos fantasiados seguiam cantando versos cômicos, em que satirizavam os fatos políticos do ano. Nas sacadas, belas damas e cavalheiros fantasiados, aplaudiam. Foliões de rua se juntavam aos blocos e aos ranchos que cantavam e dançavam ao som de bumbos, harmônicas e pandeiros. A primeira sociedade carnavalesca, surgiu em 1855; antes chamada de Zuavos Carnavalescos, depois se tornou os Tenentes do Diabo. Em 1862, o caricaturista Henrique Fleiuss estampou, na revista Semana Illustrada, o desenho do Rei Momo. Até Machado de Assis escreveu sobre a festa.
No século XX, os ranchos ganharam influência iorubá. Nos bairros de Botafogo ou Catete desfilavam baianas e pastoras tocando castanholas. Multiplicaram-se os rancheiros nos grupos intitulados Ameno Resedá ou Flor do Abacate. Os sucessos do teatro de revista e da ópera também davam o tom dos enredos cantados na rua. A gravação do primeiro samba de sucesso, em 1917, o “Pelo telefone”, associou o samba ao maxixe e ao lundu, tornando-se o maior sucesso. Em 1932, o prefeito do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto deu início ao processo de oficialização do carnaval das chamadas Escolas, criadas por Tia Ciata, Sinhô e outros sambistas dos bairros do Estácio e Mangueira, promovendo os desfiles e prêmios para os mesmos. Em 1949, a Rádio Continental fez a primeira transmissão do Carnaval carioca. Daí para frente, a festa não parou mais. Em 1950, Dodô e Osmar inventaram o duo elétrico e, em 1994, o sambódromo do Rio se tornou patrimônio Cultural do Estado.
Hoje, além dos tradicionais desfiles das escolas de samba e dos bailes fechados, temos os animados blocos de rua que reúnem multidões por todo o país em um animado carnaval de rua. – Texto de Mary del Priore e Márcia Pinna Raspanti.
O lundu, por Rugendas (1835).
Fonte:História Hoje
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