Após outro violento ataque perpetrado por pistoleiros, com uma aldeia Guarani Kaiowá inteira incendiada, no tekoha [lugar onde se é] Kurussu Ambá, em Coronel Sapucaia [Estado do Mato Grosso do Sul], cerca de 80 famílias indígenas que fugiram já retornaram ao local e começam a construir suas casas destruídas.
O retorno só foi possível depois que técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) juntamente com membros do Ministério Público Federal estiveram no local, na última terça-feira, 02, e aguardaram a presença da Polícia Federal, que só chegou ao local no dia seguinte, fazendo com que os pistoleiros que atacaram os indígenas fugissem. Não houve vítimas fatais nem feridas. No entanto, há a preocupação de que a situação de tenda a motivar novos ataques aos indígenas.
O retorno só foi possível depois que técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) juntamente com membros do Ministério Público Federal estiveram no local, na última terça-feira, 02, e aguardaram a presença da Polícia Federal, que só chegou ao local no dia seguinte, fazendo com que os pistoleiros que atacaram os indígenas fugissem. Não houve vítimas fatais nem feridas. No entanto, há a preocupação de que a situação de tenda a motivar novos ataques aos indígenas.
O tekoha incendiado fica numa área da Fazenda Bom Retiro, de propriedade do fazendeiro José Carlos Rangel, a quem os indígenas acusam de ser o mandante do crime. A assessoria da Funai, em Brasília, informa à Adital que, ainda que os pistoleiros tenham deixado o local, há riscos de que eles retornem, principalmente durante o período do Carnaval. Contatos com a Polícia estão sendo realizados pela Funai que para haja um monitoramento e segurança policial reforçados na área. Há ainda a iminência de um ataque a outra fazenda – Barra Bonita – nas proximidades, onde há acampamentos indígenas.
Segundo o servidor da Funai na região Jorge Pereira, "um grupo de indígenas ouviu os pistoleiros dizerem que iriam aguardar a Funai sair do local para atacarem também a [fazenda] Barra Bonita”, explica. "Nós chegamos e vimos as casas sendo queimadas, pessoas correndo, gritando. A gente tem medo de sair daqui e a coisa piorar. Eles vão atacar”, assinala Pereira. "Os indígenas nos mostraram as cápsulas de balas. A gente vê o movimento de caminhonetes, cavalos”.
Ataque
Após ter todos os seus pertences pessoais e moradias incendiadas, o grupo de indígenas e abrigou no acampamento vizinho, localizado junto à fazenda Barra Bonita, que também incide sobre o tekoha. Servidores da Funai presenciaram a destruição dos vestígios do conflito por maquinários agrícolas que gradeavam a terra, barracos sendo queimados em Bom Retiro e um grupo de indígenas, que ainda estava no local, em fuga desesperada de seus agressores.
Os servidores da Fundação também enfrentam hostilidades por parte dos funcionários das fazendas em disputa, e destacam a impossibilidade da instituição combaterem, sem apoio, as práticas criminosas.
Novo ataque
Um novo ataque foi perpetrado na tarde da última terça-feira, 02, por volta das 13h, no acampamento localizado na região da fazenda Guapey. Há informações da ocorrência de novos incêndios, onde residem cerca de cinco famílias.
Kurussu Ambá
O Tekoha Kurussu Ambá faz parte da área abrangida no âmbito dos estudos do Grupo Técnico Iguatemipeguá, autorizado pela Portaria Funai/PRES n° 790/2008, e complementares. As situações de retomadas de propriedades particulares por indígenas no Mato Grosso do Sul são, portanto, com raríssimas exceções, relacionadas a imóveis já identificados ou em processo de estudo, pela Funai, como terras tradicionais indígenas. Os referidos estudos e seus resultados preliminares já apresentam elementos históricos e antropológicos que sinalizam a legitimidade da demanda como ocupação tradicional.
Cimi
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também denuncia a ausência das forças policiais na contenção do conflito. "É inadmissível o descaso das forças de segurança”, diz a entidade, acusando a polícia de fazer um "jogo de empurra-empurra entre Polícia Militar, Polícia Federal, Departamento de Operações da Fronteira (DOF) e Força Nacional”.
"Enquanto novos crimes e atentados premeditados ocorrem, as forças policiais, o Ministério da Justiça e o Governo do estado do Mato Grosso do Sul assistem a tudo calados, garantindo, assim, aos jagunços uma porteira aberta para a possibilidade de novos assassinatos”, conclui a nota.
Demarcação
Há quase uma década, o tekoha Kurusu Ambá está em processo de identificação e delimitação. Com os prazos estourados, o relatório de identificação sobre a área deveria ter sido publicado pela Funai, em 2010, segundo o Termo de Ajustamento de Conduta estabelecido pelo Ministério Público Federal, em 2008. No entanto, o relatório foi entregue pelo grupo técnico somente em dezembro de 2012, e ainda aguarda aprovação da Funai de Brasília.
Em junho de 2015, os indígenas haviam tentado ocupar a mesma fazenda, sendo violentamente expulsos pelos fazendeiros. O saldo do ataque foi de duas crianças desaparecidas, casas incendiadas e dezenas de feridos. Em 2007, ano em que os Kaiowá iniciaram a retomada de Kurusu Ambá, duas lideranças foram assassinadas. Entre 2009 e 2015, mais dois indígenas foram mortos em Kurusu, no contexto da luta pela terra.
Fonte:Adital
Nenhum comentário:
Postar um comentário