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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Na Ucrânia, Otan e EUA auxiliam cerco mortal a Donetsk e Lugansk

Na Ucrânia, Otan e EUA auxiliam cerco mortal a Donetsk e Lugansk
Até dia 8 de agosto a atenção da opi­nião pública mundial estava presa ao ge­nocídio que o exército sionista estava re­alizando com o cerco à Faixa de Gaza. Depois, o sino de alarme tocou no Iraque para lembrar os massacres que os com­batentes do Estado Islâmico estavam re­alizando no norte e no centro do país es­traçalhando os corpos dos cristãos e tam­bém dos muçulmanos contrários às leis do fundamentalismo islâmico.
Mas uma terceira tragédia política e humanitária está no ar com seus 1.134 mortos, 3.245 feridos e mais de 700.000 desabrigados, em sua maioria refugiados na Rússia, pa­ra escapar das vingativas violências do exército ucraniano.
A secessão da Crimeia e sua anexação à Rússia, realizada com um referendo que os EUA e os países da União Europeia não reconheceram, reabriu um conten­cioso histórico que não se limita somente à Ucrânia, mas que compreende os paí­ses onde vivem as minorias de origem russa na Moldávia, na Bielorrússia, na Lituânia e na Estônia. Países, cujos go­vernos, depois da queda do muro de Ber­lin e da desastrada administração de Bo­ris Yeltsin viraram inimigos políticos da nova Rússia.
Este fato determinou o crescimen­to político e cultural da “russofobia” (o ódio aos russos) que, em um país como a Ucrânia, dividiu o país em dois, com uma população majoritária e aberta­mente russófila nas regiões orientais, en­quanto nas regiões do oeste e do nordes­te se afirmou um fanático regionalismo, sabiamente explorado pelo partido neo­nazista Svoboda e demais grupos nacio­nalistas da direita e da extrema-direita.
Por que a crise explodiu?
É necessário lembrar que na época da União Soviética, a Bielorrússia e, em particular, a Ucrânia jogavam um papel muito importante no desenvolvimento do Comecon (Conselho de Mútua Assis­tência Econômica), cujas relações econô­micas não se fecharam com a queda da URSS.
Mesmo com a introdução da economia de mercado e com a metodologia liberal no comércio, as 147 indústrias que a UR­SS instalou na Ucrânia continuaram tra­balhando preferencialmente com os pó­los industriais da nova Rússia, que tam­bém foram liberalizados e privatizados.
Essa ligação bem como a dependência energética dos países europeus em rela­ção à Rússia foram sempre consideradas pelos EUA uma pedra nos sapatos. De fa­to, para a Casa Branca a questão da de­pendência energética europeia tornou­-se de extrema importância em termos geoestratégicos, já que os laboratórios das transnacionais estadunidenses en­contraram uma fórmula tecnológica pa­ra aproveitar os xistos betuminosos que abundam nos EUA.
Uma solução que dá aos Estados Uni­dos o título de potencial produtor de gás no mundo e que alimenta uma no­va perspectiva geoestratégica que dese­ja com veemência reconduzir os países da União Europeia à esfera de influência dos EUA através de um gradual proces­so de ruptura com a Rússia, que nos úl­timos anos voltou a assumir um papel de opositor qualificado à estratégia dos EUA no Oriente Médio, na África e, sobretudo, na Europa.
Oferta de gás
Nos últimos dois anos o presidente dos EUA, Barack Obama, tentou im­por aos líderes dos países europeus a questão da ruptura da dependência energética da Rússia com a proposta de se associar aos EUA na exploração dos xistos betuminosos. Porém, ne­nhum país, a não ser a servente Grã­-Bretanha aceitou trocar o barato gás da Rússia pelo prometido gás betumi­noso dos EUA, cujo custo ainda é qua­se o dobro do que a Rússia vende com contratos decenais.
Por outro lado, se considerarmos que os principais países da União Europeia detêm um parque tecnológico que não depende das soluções estaduniden­ses ou até das japonesas e que, em ter­mos financeiros, o euro é o direto con­corrente do dólar em matéria de inves­timentos nas bolsas internacionais, é evidente que para a Casa Branca sub­sistem somente três setores que podem alimentar o estreitamento das relações de dependência dos países da União Europeia com os EUA: 1) a produção de foguetes; 2) a venda de aviões de guer­ra; 3) a questão energética.
De fato, a própria primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, admitiu que “o gás russo não é somente o mais barato, mas é o que permite aos países europeus adquirirem mais autonomia em relação aos EUA e aos fornecedores árabes”, dando também a entender que a Alemanha poderia rever o contrato de fornecimento do gás russo somente no fim do mesmo, isto é daqui a 12 anos.
É claro que os Estados Unidos não podem esperar todo esse tempo, in­clusive o Partido Democrático – que pretende impor Hillary Clinton como candidata nas próximas eleições pre­sidenciais. Por isso, as excelências da Casa Branca acreditam que a explosão dos conflitos regionais irá gerar uma latente situação de instabilidade polí­tica em nível mundial que obrigará a Rússia a assumir posições ofensivas, o que permitirá aos EUA se apresenta­rem como o extremo defensor dos pe­quenos Estados.
Dupla ofensiva
Poucos conhecem o que a CIA e os ser­viços secretos europeus fizeram na Ucrâ­nia nos últimos cinco anos, porém, to­do o mundo sabe como explodiu a revol­ta em Kiev, também intitulada “Rebelião Euro-Maiden”. Uma rebelião que deter­minou a ruptura dos equilíbrios étnicos e políticos na Ucrânia com o objetivo de provocar a fuga das populações russófi­las, que nas regiões orientais da Ucrânia são majoritárias.
Por isso, a guerra civil, mascarada com o termo “guerra ao terrorismo”, repete os passos que os sionistas israelenses de­ram em 1948 na Palestina, quando força­ram a saída de quase 2 milhões de pales­tinos, cujas terras, casas e locais de tra­balhos foram ocupadas por imigrantes judaicos vindos de todo o mundo em fun­ção da grande campanha midiática arre­gimentada pelos grupos sionistas.
O líder dos separatistas russófilos, Ale­xander Zakharchenko, já anunciou que nos próximos dias os combatentes da “República Popular de Donetsk e a de Lugansk” vão realizar um contra-ataque com o objetivo de romper o cerco que o exército regular de Kiev está articulando com a ajuda de inúmeros assessores da Otan. Um contexto que empurra as ope­rações militares cada vez mais em dire­ção à fronteira com a Rússia, que a mídia ocidental – sob orientação dos oficiais da Otan – já acusa de estar preparando a in­vasão da Ucrânia com 24 mil homens.
Fábulas midiáticas
O paradoxo disso tudo é que após as declarações do chefe da Otan, o dina­marquês Anders Fogh Rasmussen, o go­verno de Kiev foi solicitado pelo Depar­tamento de Estado a reforçar o perigo da invasão russa que, agora segundo os ucrainos deverá mobilizar 45 mil solda­dos russos, além de milhares de tanques e centenas de aviões. Para melhor enfei­tar a fábula midiática faltava somente dizer que Putin havia programado lan­çar foguetes atômicos sobre a capital da Ucrânia, Kiev.
A manipulação das verdadeiras infor­mações e a consequente criação de fábu­las midiáticas são os elementos funda­mentais da dupla ofensiva que, hoje, os EUA estão promovendo na Ucrânia es­perando que o presidente Putin cometa o erro de responder às contínuas provo­cações do governo e do exército de Kiev.
De fato, o dinamarquês Anders Fo­gh Rasmussen em todas as conferências de imprensa que convocou nos últimos dois meses declarou: “A Otan alerta que não há sinais que comprovem a retira­da das tropas russas ao longo da fron­teira com a Ucrânia e que há uma cla­ra probabilidade de a Rússia estar pre­parando-se parar intervir militarmente na Ucrânia”.
Consequentemente, também, a britâ­nica Catherine Ashton, representante da política exterior da União Europeia con­vocou uma “reunião extraordinária” dos embaixadores do Comitê Político e de Se­gurança (Cops) para avaliar a “situação emergencial na Ucrânia, já que a União Europeia está profundamente preocupa­da com o ajuntamento de inúmeras tro­pas russas ao longo da fronteira oriental da Ucrânia”.
Palavras perigosas e provocatórias que lembram as frases estereotipadas proferidas nos anos da Guerra Fria. É evidente que nesse contexto a chama da rebelião no Leste da Ucrânia fica ca­da vez mais profunda e, sobretudo, cada vez mais popular.
Nesse âmbito, as excelências da Casa Branca, depois de terem arruinado a Lí­bia, o Iraque e o Afeganistão e após terem perdido a batalha para derrotar Bashar el-Assad na Síria, o Hamas em Gaza e o Irã pretendem transferir o ciclone belige­rante para a Europa tentando envolver a Rússia, desqualificando o presidente Pu­tin, que a mídia ocidental vulgariza apre­sentado-o como um “aspirante a ditador ex-comunista disfarçado de nacionalista que ameaça a paz mundial”.
No interior da Ucrânia, todas essas al­quimias da nova Guerra Fria estaduni­dense devem provocar mais mortes, so­bretudo, nas fileiras do exército ucrania­no, que já perdeu 596 soldados, e nas po­pulações de Donetsk e de Lugansk, que agora vivem a mesma situação dos pa­lestinos sitiados em Gaza. É evidente que se o exército de Kiev conseguir esmagar a resistência em Donetsk e em Lugansk, em pouco tempo, também as outras for­talezas da rebelião – Gorlovka, Shakhtar­sk e Enakievo – serão teatro de dramáti­cos combates.
Fonte: Brasil de Fato

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