Mais uma frente se abre na cidade de São Paulo com a intenção de roubar espaços que sempre foram dos automóveis e trazer um pouco humanidade à capital paulista.
Desta vez o que está pegando são as minipraças – também conhecidas como parklets ou pocket parks. Ou, ironicamente, “zonas verdes”, já que a ideia é ocuparvagas de estacionamento de veículos nas ruas, as chamadas “zonas azuis”.
Desta vez o que está pegando são as minipraças – também conhecidas como parklets ou pocket parks. Ou, ironicamente, “zonas verdes”, já que a ideia é ocupar
Claro, diante da falta de lugares assim na metrópole insana, não é de espantar que os parklets estejam caindo na graça dos paulistanos.
O mais recente – o sexto instalado na cidade – foi inaugurado em agosto no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo. Com direito à presença do prefeito Fernando Haddad, que apoia a iniciativa. Desenhado e instalado pela organização não governamental Instituto Mobilidade Verde, em parceria com escritórios de arquitetura, o novo parklet fica na rua Coronel Oscar Porto, próximo à movimentada Abílio Soares.
Muitas outras dessas minipraças ainda vão pipocar pela cidade. Em abril, a prefeitura criou até um decreto estabelecendo regras para quem pretende instalar uma no seu bairro. Pela lei fica definido que elas não podem ser implantadas em vagas de veículos destinadas a idosos, sobre bocas de lobo ou em ruas que costumam sofrer com as enchentes.
A regulamentação também estabelece parâmetros de tamanho e a padronização do mobiliário. Empresas comerciais da vizinhança onde são instalados podem patrocinar os parklets. Comerciantes estão adorando a iniciativa, simplesmente porque os espaços atraem a clientela para a região. A própria prefeitura de São Paulo abraçou a causa e pensa em instalar parklets na cidade.
Um manual de instruções para a instalação dos espaços foi preparado pelo Instituto Mobilidade Verde. Nesses pequenos espaços de convivência – uma espécie de “puxadinho” da calçada que pode ser permanecer apenas por alguns meses ou indefinidamente – estão cadeiras ou bancos confortáveis, mesas, guarda-sóis, vasos, floreiras e guarda-corpo para proteger os usuários do trânsito de veículos. Podem abrigar também pequenos bicicletários e equipamentos de ginástica.
São ótimos lugares para ler, bater papo com os amigos, fazer um lanche ou simplesmente descansar. Em geral, os equipamentos são feitos de madeira (devidamente certificada) para tornar os parklets mais aconchegantes.
O Instituto Mobilidade Verde montou as primeiras minipraças um ano atrás nos bairros de Higienópolis e Itaim Bibi. A inspiração veio de São Francisco, cidade que está na vanguarda em termos de sustentabilidade urbana. Acredita-se, porém, que o pioneiro tenha sido criado em 1967, em Nova York, nas proximidades da famosa 5ª avenida. Foi uma iniciativa do presidente da rede de comunicação CBS. Ele teria pedido a dois urbanistas que criasse um parque, pequeno e barato, na porta da empresa.
A prefeitura de São Paulo está analisando muitos pedidos de instalação de parklets em vários bairros. A previsão é de que ao menos cinquenta deles sejam montados, ainda este ano. O movimento em torno dessa intervenção urbana é tão forte e promissor que o Instituto Mobilidade Verde criou a Escola de Parklet. São cursos preparados por arquitetos para que os alunos entendam como montar os espaços urbanos.
Mais que um lugar para relaxar, os parklets são também uma proposta simpática para estimular o debate em torno de uma cidade mais agradável e democrática, menos fria e cruel. Foram feitos para incentivar os cidadãos e as comunidades a ocuparem seu espaço de direito nas ruas, que hoje é dos carros . Por enquanto.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
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