A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quarta-feira mandados de busca e apreensão contra aliados e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura fake news e ataques contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Foram cumpridos 29 mandados no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, no Paraná e em Santa Catarina. O inquérito é presidido pelo ministro Alexandre de Moraes. Saiba quem são os principais alvos:
Roberto Jefferson (PTB-RJ)
O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi um dos alvos da operação da PF na manhã desta quarta-feira. Os agentes foram até a casa do petebista e recolheram computadores e armas que ele mantinha.
Presidente do PTB, Jefferson foi o responsável por denunciar o do mensalão no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi preso por participar do esquema de compra de votos no Congresso. Desde então, se tornou adversário do PT.
Recentemente, ele passou a fazer ataques ao STF e aos ministros da Corte. Em postagens nas redes sociais, o ex-deputado chegou a pregar o fechamento do Supremo ao postar fotos com armas. E pediu à Presidência que dê um golpe à Constituição. Pouco antes de aparecer com um fuzil na mão para "combater o comunismo", ele também pediu a Bolsonaro para "demitir" os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal.
Luciano Hang
O empresário Luciano Hang é um dos fundadores da Havan, rede de lojas de departamentos com mais de 15 mil funcionários. Hang ganhou notoriedade por críticas ao Partido dos Trabalhadores nas redes sociais e pelo apoio ao presidente Jair Bolsonaro. É considerado um dos empresários mais ativos nas redes sociais e acusado de financiar disparos irregulares de mensagens de WhatsApp na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018.
Hang foi condenado na segunda-feira a indenizar em R$ 20,9 mil o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, por postar no Twitter uma informação falsa e xingar o docente. A decisão ainda obriga uma retratação na mesma rede social após o trânsito em julgado do processo. Cabe recurso.
Sara Winter
Entre abril e outubro do ano passado, atuou como coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Ministério da Família, Mulheres, e Direitos Humanos, por indicação da ministra Damares Alves, com quem compartilha bandeiras contra o feminismo e o aborto.
É uma das criadoras do grupo “300 do Brasil” que tem divulgado manifestos sugerindo o uso de táticas de guerrilha para “exterminar a esquerda” e “tomar o poder para o povo”. O nome é uma referência aos 300 de Esparta, história em quadrinho que virou filme baseado na batalha de Termópilas, em 480 A.C., em que 300 espartanos lutaram até a morte contra o exército persa. Criado no mês passado, quando a ativista começou a recrutar voluntários num grupo do aplicativo Telegram, o grupo hoje soma 3,2 mil participantes.
Allan dos Santos
O blogueiro Allan dos Santos — apoiador de Jair Bolsonaro e pessoa próxima dos filhos do presidente — é dono do site "Terça Livre". Em março do ano passado, o site citou dois posts falsos, atribuídos à repórter Constança Rezende, do jornal "O Estado de S. Paulo", para atacá-la nas redes sociais com o objetivo de atacar a cobertura do caso que envolve o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e o ex-assessor dele, Fabrício Queiroz. Os posts foram compartilhados pelo presidente Jair Bolsonaro, no Twitter, e desmentidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
O "Terça Livre" também divulgou trechos de uma conversa telefônica de Constança em inglês com traduções em português acompanhadas por acusações falsas. As publicações distorceram trechos da conversa para difamar o trabalho da jornalista, o que foi repudiado por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e até pelo site francês "Mediapart", onde um de seus blogueiros fez a postagem original.
Allan dos Santos também chegou a ser convocado pela CPI das Fake News em outubro do ano passado. Ele é acusado de integrar o gabinete do ódio e de divulgar notícias falsas para a radicalização política, um grupo batizado de “gabinete do ódio” que também é alvo da CPI das Fake News.
Outros alvos da PF
Também são alvo da investigação Winston Rodriges Lima, conhecido como Comandante Winston, militar reformado da Marinha, candidato a deputado distrital em 2018 e coordenador de manifestações pró-Bolsonaro; Marcelo Stachin, militante bolsonarista que participou de manifestação de apoio ao presidente em Brasília e Bernardo Kuster, youtuber com 862 mil inscritos que costuma elogiar Bolsonaro e atacar adversários e a imprensa.
Alvos de busca e apreensão:
- Allan Lopes dos Santos, blogueiro (DF)
- Bernardo Pires Kuster, youtuber (PR)
- Edson Pires Salomão, chefe de gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP)
- Eduardo Fabris Portella, ativista (PR)
- Enzo Leonardo Suzi Momenti (SP)
- Marcelo Stachin, militante (MT)
- Marcos Dominguez Bellizia (SP)
- Rafael Moreno (SP)
- Paulo Gonçalves Bezerra (RJ)
- Rodrigo Barbosa Ribeiro (SP)
- Otavio Oscar Fakhoury, investidor (SP)
- Sara Winter, ativista (DF)
- Roberto Jefferson, ex-deputado federal (RJ)
- Edgard Gomes Corona, empresário (SP)*
- Luniano Hang, empresário (SC)*
- Reynaldo Biachi Junior, humorista (RJ) *
- Winston Rodrigues Lima, militar reformado e coordenador de manifestações pró-Bolsonaro (DF)*
*Alvo de quebras de sigilo bancário e fiscal, entre julho de 2018 e abril de 2020.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário