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sábado, 25 de junho de 2016

A luta contra o desmonte da Petrobras

Nesta sexta-feira (24), centenas de manifestantes ocuparam o prédio central da Petrobras na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. O protesto, organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Frente Brasil Popular, teve como objetivo alertar a sociedade para os riscos do desmonte da maior estatal brasileira.
Desde a concretização do “golpe dos corruptos”, o Judas Michel Temer tem sinalizado que pretende esvaziar o papel estratégico da empresa e acelerar a abertura da exploração do pré-sal - bem ao gosto das multinacionais do petróleo e da cobiça do império ianque.

Como advertiu Cibele Vieira, coordenadora do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, "está havendo o desmonte da Petrobras. A nomeação de Pedro Parente para a presidência e a contratação de Nelson Luiz Costa Silva para pensar a estratégia são sinais claros desta entrega. Precisamos fazer isso chegar à população", afirmou à reportagem da Rede Brasil Atual. A sindicalista também criticou a postura entreguista do governo interino. "O pré-sal nos coloca entre os quatro maiores produtores de petróleo do mundo e podemos chegar logo ao primeiro lugar. É muita coisa. O mundo todo está estatizando as reservas de petróleo, porque esse é um bem estratégico. Então, as empresas privadas não têm mais para onde ir e por isso estão vindo com tudo na maior descoberta mundial, que é o pré-sal".

Já Onofre Gonçalves, presidente da sessão paulista da Central dos Trabalhadores do Brasil, lembrou que os golpistas pretendem acelerar a aprovação de um projeto de lei que desobriga a Petrobras de ser operadora única e ter participação de 30% na exploração. O texto, de autoria do então senador José Serra, agora ministro de Relações Exteriores, já foi encaminhado à Câmara Federal. "Parece que o governo está priorizando a aprovação desse projeto. Estamos muito preocupados com isso, porque pensamos que a Petrobras é o maior patrimônio brasileiro, maior empresa, que emprega milhares de trabalhadores, e que defende, de fato, o investimento no nosso país. Não podemos aceitar uma proposta dessas, que vai tirar recursos dos programas sociais".

Carta aberta dos petroleiros

A ocupação do prédio central da Petrobras em São Paulo serviu para aquecer ainda mais a luta dos petroleiros contra o desmonte da empresa. Na semana retrasada, os petroleiros já tinham paralisado várias unidades em todo o Brasil em protesto contra as intenções nefastas dos golpistas e pelo "Fora Temer". As lideranças da categoria também têm feito vigílias no Congresso Nacional, pressionando os parlamentares privatistas e entreguistas. O tucano Aloysio Nunes, líder do governo no Senado, foi um dos alvos destes escrachos. Toda esta movimentação, segundo os dirigentes da FUP, visa criar o clima para uma greve por tempo indeterminado em defesa da estatal e do pré-sal. Na semana passada, foi divulgada uma carta aberta a sociedade advertindo para os riscos atuais. Vale conferir:

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Ao longo dos últimos dois anos, a Petrobrás vem sendo vítima de um bombardeio midiático que nada tem a ver com os crimes de corrupção que sangram a empresa desde muito antes de 2003 e com os quais jamais fomos e seremos complacentes. Esses ataques têm por objetivo fragilizar a estatal brasileira e com isso justificar a entrega do Pré-Sal.

Nós trabalhadores da Petrobrás, próprios e terceirizados, assim como a sociedade brasileira, somos todos vítimas dessa campanha de desmoralização da companhia. Os prejuízos são mais do que visíveis: a cadeia produtiva do setor petróleo foi fortemente impactada, a indústria naval está em frangalhos e a engenharia nacional, desmontada. O resultado são milhares de desempregados e o PIB em queda livre, puxada pelos desinvestimentos da Petrobrás.

É em meio a esse cenário que Pedro Parente assume interinamente a Presidência da Petrobrás pelas mãos de um governo golpista. Já chegou avisando que não interessa à empresa ser operadora do Pré-Sal, que intensificará a venda de ativos e que não admitirá interferência política na companhia, sendo ele próprio fruto de uma indicação política do PSDB.

Além disso, Pedro Parente tem se posicionado de forma oportunista em relação à crise da Petrobrás, como se fosse algo isolado do que ocorre com outras petrolíferas no mundo, também impactadas pela brutal queda dos preços do barril do petróleo. Trata o estratégico legado de conquistas da companhia como “administração desastrosa” e diz que sua missão é recuperar a credibilidade da empresa junto ao mercado. Certamente ele não se recorda, mas a primeira vez que a Petrobrás recebeu avaliação de grau de investimento por uma agência internacional de classificação de risco foi em 2005, seguida de outras duas certificações em 2007.

É no mínimo leviano Pedro Parente querer atribuir a crise da Petrobrás à corrupção, quando na verdade várias outras companhias estão em dificuldades financeiras em função da queda de mais de 40% nos preços do petróleo. A britânica BP registrou prejuízo em 2015 de 8,49 bilhões de dólares. A Statoil perdeu US$ 4,9 bilhões e a norte-americana ConocoPhillips, fechou o ano negativamente em US$ 4 bilhões. No caso da Petrobrás, o impacto da crise foi ainda maior por conta da desvalorização cambial.

Respeito aos trabalhadores

Em mensagem enviada aos trabalhadores no dia 13 de junho,  Pedro Parente tentou se explicar sobre as ações a que responde na Justiça. Disse que o fazia “em respeito” aos trabalhadores que merecem a sua “total consideração”. Que respeito e consideração ele tem por nós se já avisou que irá abrir mão do Pré-Sal, beneficiando as multinacionais, que são concorrentes da Petrobrás? Respeitar a categoria é despejar ativos no mercado com os preços do petróleo em baixa? Que consideração tem pelos trabalhadores descartando qualquer tipo de intervenção financeira por parte do acionista majoritário?

Sem novas reservas do Pré-Sal, sem ativos e sem recursos do Estado, qual será o futuro da Petrobrás e dos seus trabalhadores, a quem Pedro Parente diz ter tanto respeito e consideração?

Nada a Temer?

Ao tentar esquivar-se dos prejuízos que causou aos cofres públicos no período em que foi ministro de Fernando Henrique Cardoso, Pedro Parente se fez de vítima, alegando ser “alvo de ataques pessoais por parte de órgãos sindicais”. Mas, os processos que correm na Justiça contra ele não foram inventados pela FUP ou por seus sindicatos. São fatos.

Quem acusa o presidente da Petrobrás é o Ministério Público Federal, nas ações que move contra ele nas 20° e 21° Varas Federais de Brasília por conta de sua participação no Proer. O socorro financeiro que o governo FHC deu aos banqueiros entre 1995 e 2001 causou na época um rombo bilionário nos cofres públicos. As ações contra Pedro Parente são referentes a dois dos sete bancos privados beneficiados pelo Proer, o Bamerindus e o Econômico, que, segundo o MPF, causaram prejuízos de R$ 2,9 bilhões ao Estado, que corrigidos em valores atuais equivalem a mais de R$ 15 bilhões.

Também não é ilação da FUP a participação do atual presidente da Petrobrás na venda de 30% da Refap, em dezembro de 2000, que causou à companhia prejuízos de US$ 2,3 bilhões, em função da troca de ativos realizada com a Repsol/YPF. A estatal cedeu na época US$ 3 bilhões em ativos à multinacional e recebeu em troca US$ 750 milhões. Pedro Parente era membro do Conselho de Administração da Petrobrás e autorizou a negociata. Por isso responde à Ação Civil Pública no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Rio Grande do Sul, que aguarda a perícia dos valores negociados e suas implicações. 

A FUP e seus sindicatos continuarão mobilizando a categoria e a sociedade brasileira em defesa da soberania nacional. O Pré-Sal e a Petrobrás são os maiores bens que o povo dispõe para construir uma nação com desenvolvimento econômico e social. Não podemos permitir que Pedro Parente e os golpistas entreguem esse patrimônio de mão beijada ao mercado.

Lutar sempre.  Temer jamais.

Fonte: Blog do Miro

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