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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Após protestos, entidade tira expressão “democracia” de debate com FHC

A doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília Mariana Kalil foi a organizadora de uma petição que advertia a LASA de que seria inapropriado escolher FHC para falar sobre democracia num momento em que o ex-presidente e seu partido, o PSDB, apoiam um processo de impeachment questionável constitucionalmente, para destituir uma presidente que não cometeu crime de responsabilidade. “Respeitamos as contribuições passadas de FHC ao pensamento internacional. Entretanto, este convite vem num momento bastante infeliz”, diz o texto da petição, assinada por 168 membros da LASA e 337 não-membros, a maioria intelectuais de prestígio de universidades brasileiras e estrangeiras.
Continua a petição: “Ao convidar o ex-presidente para falar sobre a evolução da democracia institucional justamente em um momento extremamente frágil da democracia brasileira, quando o próprio Cardoso, bem como o partido no qual ele ainda desempenha um papel central, não hesitaram em pôr em risco a paz interna nem os mais básicos mecanismos da democracia, como a Constituição, a LASA estaria demonstrando franco desrespeito aos estudiosos que lutaram –por vezes literalmente– para construir a estabilidade democrática em toda a região hoje em dia e nos últimos 50 anos, além de manchar a credibilidade da associação, exatamente no seu 50º aniversário”.
Após protestos de membros, a LASA (Latin American Studies Association), a mais importante associação de estudiosos da América Latina do mundo, decidiu mudar o título do painel em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participará, ao lado do ex-presidente do Chile Ricardo Lagos, do congresso dos 50 anos da entidade, entre os dias 27 e 30 de maio em Nova York.
Antes denominado 50 Anos de Democracia na América Latina, o painel agora aparece, no programa oficial, como 50 Anos de Vida Pública na América Latina: Um Diálogo Sobre os Desafios da Política, Educação e História.
A doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília Mariana Kalil foi a organizadora de uma petição que advertia a LASA de que seria inapropriado escolher FHC para falar sobre democracia num momento em que o ex-presidente e seu partido, o PSDB, apoiam um processo de impeachment questionável constitucionalmente, para destituir uma presidente que não cometeu crime de responsabilidade. “Respeitamos as contribuições passadas de FHC ao pensamento internacional. Entretanto, este convite vem num momento bastante infeliz”, diz o texto da petição, assinada por 168 membros da LASA e 337 não-membros, a maioria intelectuais de prestígio de universidades brasileiras e estrangeiras.
Continua a petição: “Ao convidar o ex-presidente para falar sobre a evolução da democracia institucional justamente em um momento extremamente frágil da democracia brasileira, quando o próprio Cardoso, bem como o partido no qual ele ainda desempenha um papel central, não hesitaram em pôr em risco a paz interna nem os mais básicos mecanismos da democracia, como a Constituição, a LASA estaria demonstrando franco desrespeito aos estudiosos que lutaram –por vezes literalmente– para construir a estabilidade democrática em toda a região hoje em dia e nos últimos 50 anos, além de manchar a credibilidade da associação, exatamente no seu 50º aniversário”.
A velha mídia chegou a noticiar que a petição seria uma tentativa de “censura” a FHC, o que Mariana desmente. “O objetivo da petição jamais foi de censurar ou de ferir qualquer princípio democrático, mas de garantir que a LASA não se envolvesse em assuntos domésticos brasileiros, não legitimasse um dos vociferantes e articulistas em favor de um processo de impeachment que é, para dizer pouco, duvidável jurídica e politicamente”, escreveu em seu facebook.
Dois dias atrás, a LASA publicou um comunicado em seu site reiterando a participação de Fernando Henrique no congresso. “Nunca desqualificaríamos um acadêmico reputado de participar baseado em sua posição política”, disse a entidade. No entanto, a direção da entidade negociou com Mariana Kalil, por email, o convite a algum representante da esquerda para compor uma nova mesa (provavelmente o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim ou o ex-ministro de Assuntos Estratégicos Samuel Pinheiro Guimarães).
Hoje, quando sairia o programa definitivo do congresso, a entidade modificou, sem fazer alarde, o título do painel com FHC, trocando a expressão “democracia” por “vida pública”. “A LASA, com exceção de alguns dirigentes, se mostrou tão preocupada com o tema inicial do convite quanto eu e os demais membros que assinaram a petição, diante do comportamento de FHC na crise política atual”, disse Mariana ao blog. “É lamentável que até instituições com sede no Tio Sam já tenham percebido que é golpe e que há golpistas sem nenhum pudor de assim se mostrarem”, comemora Mariana.

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