"O professor sofreu discriminação em virtude de sua orientação sexual manifestada naquele momento. A vítima foi subjugada, humilhada e torturada nos limites da imaginação humana. Parece um filme de terror, mas um filme de terror em pleno século 21”, diz a investigaçãoO professor Ronaldo Pescador nas imagens da esquerda. À direita, dois dos seus assassinos: Gabriela e Guilherme
Todos os envolvidos foram enquadrados por homofobia — crime agora tipificado na lei do racismo, de acordo com determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A vítima sofreu discriminação e preconceito em virtude de sua orientação sexual manifestada naquele momento. A vítima foi subjugada, humilhada e torturada nos limites da imaginação humana”, diz um trecho do inquérito divulgado no último dia 21 de fevereiro.
De acordo com o documento, após ser torturado, o professor foi morto com o golpe de uma faca no coração. Quatro dos sete envolvidos foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. São eles: Guilherme de Jesus, Jhoe Mateus Mariano, Marcelo Hotmayer e Gabriela Ferraz Gonçalves.
Os três primeiros esperam pelo julgamento na cadeia, enquanto a jovem responde em liberdade. Tito Livio Barichello, delegado responsável pela investigação, chegou a pedir a prisão preventiva de Gabriela, mas a Justiça não autorizou.
“Ela [Gabriela] foi coautora, ela que fomentou, ela que organizou. Tanto que ela vai responder como os autores diretos. Ela não bateu, não torturou, mas ela estava ao lado e ela incentivava. A gravidade é tão grande que, em determinado momento, o Marcelo Hotmayer diz para o grupo que estava ali reunido que deveriam cortar o corpo em partes para buscar impunidade e só não fizeram porque não acharam na casa uma faca em condições de cortar o corpo”, conta o delegado.
Marcelo, Jhoe e Gabriela, que é namorada de Joe, também foram acusados de fraude processual porque limparam a cena do crime.
“Parece um filme de terror, mas um filme de terror em pleno século 21. Nós temos uma festa rave em que a vítima, um professor aclamado e respeitado, sai dessa festa com Joe dirigindo seu carro. Vão até esse sobrado onde, em determinado momento, por questões homofóbicas Joe Mateus Mariano, Guilherme de Jesus, Marcelo Hotmayer e Gabriela Ferraz Gonçalves passam a torturar a vítima física e psicologicamente. Deitam ele no chão, batem com um martelo, usam uma cinta, esganam com as mãos, estrangulam com um fio. Enfiam na garganta dele uma peça de roupa íntima feminina, sufocando a vítima. Isso tudo, tendo mais quatro pessoas assistindo”, completa o delegado.
Os outros quatro envolvidos, entre eles uma adolescente, não participaram diretamente do assassinato. Por isso, foram acusados de fraude processual; ocultação de cadáver, omissão do socorro e homofobia.
Relembre o caso
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O professor Ronaldo Pescador conheceu Joe em uma festa rave no bairro em Curitiba entre a noite de 29 e a madrugada de 30 de novembro. Durante a manhã do dia 30, os dois seguiram até uma residência para um ‘after’. No local, amigos de Joe já estavam bebendo e usando drogas.
A motivação do crime foi homofóbica, já que os suspeitos resolveram matar a vítima quando perceberam que ele era homossexual. Além disso, antes de ser brutalmente assassinado, Ronaldo foi espancado e torturado dentro da casa.
Sobre o tempo em que Ronaldo Pescador permaneceu dentro da residência, o delegado Barichello explicou que, “segundo prova testemunhal, o professor chega na casa por volta das 6 ou 7h da manhã, e ele perde a vida por volta das duas ou três horas da tarde”.
Depois de ser morto, o corpo foi enrolado em um pedaço de carpete, colocado dentro de seu próprio veículo e abandonado em um lote baldio a cerca de 1,5 Km de distância. Ronaldo foi encontrado na manhã do dia 1º de dezembro, amarrado com fios elétricos e com um body feminino dentro da boca.
Fonte: Pragmatismo Político
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