A revolta contra o governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, foi atiçada por alegações de brutalidade policial na universidade Jamia Millia Islamia, no domingo, quando policiais entraram no campus da capital Nova Délhi e dispararam gás lacrimogêneo para interromper um protesto. Ao menos 100 pessoas ficaram feridas.
Houve cenas semelhantes na universidade muçulmana Aligarh, de Uttar Pradesh, Estado do norte do país em que a polícia também se chocou com manifestantes.
Segundo a lei aprovada pelo Parlamento na semana passada, minorias religiosa, como hindus e cristãos, dos vizinhos majoritariamente muçulmanos Bangladesh, Paquistão e Afeganistão que se estabeleceram na Índia antes de 2015 poderão pleitear cidadania por enfrentarem perseguição nestes países.
Críticos afirmam que a lei, que não oferece a mesma proteção para muçulmanos, enfraquece os fundamentos seculares indianos.
O diretor da Jamia Millia exigiu que se investigue como a polícia conseguiu entrar no campus. “Não é de se esperar que a polícia entre na universidade e espanque os estudantes”, disse Najma Akhtar em uma coletiva de imprensa.
Estudantes disseram que a polícia disparou gás lacrimogêneo e que janelas da biblioteca foram quebradas. Eles se protegeram debaixo das carteiras e apagaram as luzes a conselho dos professores.
Centenas de pessoas se reuniram diante da sede da polícia de Nova Délhi para protestar contra a suposta brutalidade policial e a detenção de alunos. A polícia disse ter agido com moderação.
Rahul Gandhi, líder do Congresso, o principal partido da oposição, disse que o governo Modi está dividindo a sociedade indiana por meio da lei de cidadania e que planeja lançar um registro nacional de cidadania.
“A melhor defesa contra estas armas sujas é a satyagraha pacífica e não violenta”, disse ele em um tuíte, referindo-se à estratégia de resistência política passiva defendida pelo líder da independência Mahatma Gandhi.
O governista Partido Bharatiya Janata, do premiê Modi, nega qualquer viés religioso. Segundo ele, a nova lei visa ajudar os grupos minoritários que enfrentam perseguição nos três países muçulmanos próximos.
Modi disse que a lei foi aprovada pelo Parlamento e não há como voltar atrás. Ele disse em uma manifestação no domingo que a decisão está “1000% correta”.
Fonte: Agência Reuters
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