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sábado, 29 de agosto de 2015

Falta um Estado Maior para Dilma

Por outro lado, o cansaço com o tema Lava Jato, o golpismo da oposição e o pessimismo militante da mídia abririam espaço para uma agenda positiva, cujo ponto de partida poderia ser a queda do presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha, seguida de uma reforma ministerial e da apresentação de uma proposta de governabilidade.
O balanço do segundo trimestre atesta que a recessão se instalou no país. A travessia demandará soluções complexas, que dependem de pactos políticos amplos.
Uma delas é a necessidade da volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), contra a qual pesam resistências das mais variadas. Segundo a área econômica, sem a CPMF o quadro fiscal de 2016 será caótico.
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Há uma crise internacional grave, derrubando as cotações dos principais produtos de exportação. Internamente, uma seca aguda, refletindo-se nas tarifas públicas. Tem-se os impactos da Lava Jato na economia.
Mas nada disso reduz a responsabilidade das aventuras fiscais dos anos anteriores e do pacote Levy-Tombini sobre o nível de atividade econômica e de arrecadação fiscal. E esse passivo dificulta a coordenação de pactos.
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Por outro lado, o cansaço com o tema Lava Jato, o golpismo da oposição e o pessimismo militante da mídia abririam espaço para uma agenda positiva, cujo ponto de partida poderia ser a queda do presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha, seguida de uma reforma ministerial e da apresentação de uma proposta de governabilidade.
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A única boia ao alcance do governo Dilma seria a remontagem do pacto com o PMDB em torno da figura do vice-presidente Michel Temer.
Mas há uma enorme dificuldade em Dilma “realizar o prejuízo” – usa-se esse termo no mercado para o investidor que vende suas ações, mesmo com prejuízo, antes que as cotações caiam mais ainda.
Dilma parece sempre querer fazer uma aposta a mais, sonhando recuperar o espaço político perdido. Não dá. Dilma sobreviverá politicamente apenas se oferecer um desenho de governo que não seja mais do mesmo padrão Dilma do primeiro governo.
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Temer assumiu o papel de coordenador político do governo. Foi torpedeado pelo círculo íntimo de Dilma devido à sua conclamação de união nacional em torno de um nome.
Saiu do dia-a-dia e, segundo o Palácio, ficaria incumbido dos grandes temas políticos. Existe tema mais candente que a CPMF?
Durante a 5a feira, Dilma pessoalmente, mais alguns Ministros de peso, revezaram-se ao telefone informando jornalistas econômicos sobre a necessidade do governo relançar a ideia. No mesmo momento, Temer dava declarações negando qualquer estudo interno nesse sentido.
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Essa desconsideração não pode ser debitada a uma suposta arrogância de Dilma. Na sexta, ela tentava se desculpar com Temer. É consequência da falta de pessoas experientes capazes de organizar a agenda de Dilma e selecionar as prioridades.
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Estoura uma crise no TSE, outra no TCU, e não existe um Ministro da Justiça para administrá-la. Estoura um pepino na base de apoio, mas o Ministro-Chefe da Casa Civil não é aceito pela base. É apagar um incêndio por semana e matar um leão por dia, ora a presidente ligando para jornalistas e políticos, ora recebendo empresários, ora saindo correndo para inaugurar casas no Nordeste, e voltando para um evento da Globo, enquanto tenta consertar a descortesia com o vice.
Não dá. Ou Dilma monta um Estado Maior à altura do desafio de assessorar a presidência na quadra mais difícil da história recente, distribui responsabilidade e delega poder, ou será engolida pela crise.

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