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sexta-feira, 5 de junho de 2020

"Alguém aqui se sente empreendedor? A gente é escravizado!" declara entregador da Rappi

Trabalhadores de aplicativo paralisaram as suas atividades e realizaram uma manifestação em frente ao MASP na Avenida Paulista. Com suas mochilas do iFood e da Rappi, são jovens, mulheres, em sua maioria negros, ocupando uma das vias da paulista, com gritos de denúncia à superexploração dessas empresas de aplicativo.


Eles pedem o fim das pontuações da Rappi, que bloqueia injustamente os entregadores a pegarem corridas em determinados lugares se não atingirem os pontos. Além disso, exigem uma elevação no frete das entregas, quando muitos recebem R$ 4 por uma corrida, sem ter nenhum auxílio por parte da empresa quando sofrem acidentes.
Eles pedem o fim das pontuações da Rappi, que bloqueia injustamente os entregadores a pegarem corridas em determinados lugares se não atingirem os pontos. Além disso, exigem uma elevação no frete das entregas, quando muitos recebem R$ 4 por uma corrida, sem ter nenhum auxílio por parte da empresa quando sofrem acidentes.


O Esquerda Diário esteve presente nessas manifestações, dando a voz a esses trabalhadores que deram uma série de depoimentos nessa situação. Dentre eles, Galo declarou: "represento os entregadores antifascistas. Não somos empreendedores, nós somos força de trabalho, trabalhadores, e os trabalhadores precisam acreditar nisso. Antes de começar uma luta precisamos desconstruir uma mentira. Eu to aqui para desconstruir a mentira do empreendedor".

Ao fundo, outro trabalhadores grita: “Alguém aqui se sente empreendedor? A gente é escravizado”. Denunciam também o racismo que sofrem quando pedem para usar o banheiro em algum estabelecimento. A polícia tentou retirar os entregadores do local, ameaçando multar e sugerindo que “procurassem outro emprego”.

São justas as palavras de Galo. Esses trabalhadores, muitos jovens e, em sua maioria, negros, só estão nesses aplicativos porque não tem outro emprego. Os capitalistas, em especial da Rappi, Uber, iFood, vendem a falsa ideia de que são empreendedores, para dizer que é de sua escolha trabalharem sem nenhum direito, por as vezes 14h, 16h por dia, para receber uma renda mínima. Seu trabalho legaliza uma servidão análoga à escravidão, sujeito a todo tipo de acidentes, sem nenhuma responsabilidade para as empresas, tem que bancar o próprio veículo, e acumulam dívidas com os aplicativos quando cancelam pedidos, que muitas vezes superam ao que recebem no dia.

O protesto de hoje demonstra como são esses os trabalhadores que mais estão sofrendo com a pandemia, sendo obrigados a trabalhar expostos nas ruas, e que não conseguem sobreviver com os R$ 600 do auxílio emergencial do governo (quando tem a sorte de receberem). Mas mostra também que a luta de classes não para com a pandemia, ela se aprofunda, e agora a fúria negra nos Estados Unidos mostra a força que a juventude negra e precarizada tem acumulada no ódio que corre em suas veias contra esse sistema.

Chamamos a todos a se somarem às manifestações antirracistas e antifascistas que estão sendo convocadas para o próximo domingo, 7, para enfrentar esse regime racista de Bolsonaro, Mourão, os militares, sem nenhuma confiança no STF, no Congresso e na Globo, inimigos da classe trabalhadora e dos negros. Para isso é mais que urgente a mais ampla unidade dos trabalhadores, sejam efetivos, temporários, terceirizados ou de aplicativo, junto às torcidas antifascistas, aos estudantes e movimentos sociais, para dar um basta ao racismo e a exploração capitalista.

É inadmissível que os sindicatos, mesmo aqueles que se colocam ao lado dos trabalhadores, como a CUT, além de estarem defendendo as reduções de salário, jornada, suspensões de contrato dos trabalhadores dos seus sindicatos, quanto aos trabalhadores de aplicativo, terceirizados, esses sindicatos viram a cara e fingem que não existem. Essa revolta hoje na Paulista torna mais que urgente que esses sindicatos rompam com suas quarentenas e coloquem todas as suas energias para auto-organizar em cada local de trabalho e por coordenar sindicalizados, não sindicalizados e precários.

Batalhar por cada demanda básica que exigem esses trabalhadores de aplicativo, não está separada da batalha por um salário quarentena real durante a pandemia, de no mínimo R$ 2000, para esses trabalhadores, a proibição das demissões, das suspensões de contrato e redução de salário. Mas também para que os ricos paguem pela crise, rompendo com o roubo imperialista que significa a dívida pública, que leva a cada vez mais ajustes e ataques à classe trabalhadora e o povo pobre. Não pagar a dívida pública e taxar as grandes fortunas é urgente para garantia, tanto dos leitos de UTI, respiradores, testes massivos, como também um salário quarentena de R$ 2000 para que nenhum trabalhador siga sofrendo com o medo de morrer do coronavírus ou de deixar a sua família morrer de fome.


Fonte: Esquerda Diario

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