Além de Picasso e Braque, o cubismo inclui outros artistas, pintores e escultores, cujas obras nem sempre cabem nessa definição e na maioria das vezes estão distantes do radicalismo renovador desse movimento.
Dentre esses artistas, destacamos os que bem ou mal apreenderam o sentido essencial a nova estética e produziram obras inovadoras, como Juan Gris, Fernand Léger e Robert Daleunay.
Dentre esses artistas, destacamos os que bem ou mal apreenderam o sentido essencial a nova estética e produziram obras inovadoras, como Juan Gris, Fernand Léger e Robert Daleunay.
O espanhol Juan Gris, que adere ao cubismo em 1912, era um homem muito lúcido em cuja arte o fator racionalizante tinha grande peso. Por essa razão, não conseguiu entregar-se totalmente à liberdade inventiva de Picasso e Braque, mantendo seu cubismo preso a uma composição formal muitas vezes rígida e fria. Não obstante, dá uma contribuição importante ao introduzir no cubismo uma visão nova do espaço como espaço-tempo, ao decompor o objeto no plano, buscando exprimir as várias etapas de sua apreensão no tempo.
Léger desenvolveu o seu cubismo numa direção diferente da de Braque e Picasso. Se também ouviu a frase de Cézanne, que chamava a atenção para a geometria contida nos objetos naturais, passou a pintá-los não como se fossem cubos mas como cilindros e cones, tal como se observa em seus quadros. Léger nunca atingirá o grau de abstração dos dois mestres cubistas e passará rapidamente pelas cores soturnas e frias das telas deles em busca de cores vibrantes e claras que em breve cantarão em seus “discos cromáticos”.
Não busca o espaço como entidade abstrata, busca, sim, um novo vocabulário formal que lhe permita construir o quadro. Por isso, chega mais depressa que os outros à abstração total e por isso também, volta mais depressa que eles à figuração dos objetos. A sua passagem pelo cubismo foi, praticamente, o processo de despojamento do vocabulário antigo e a invenção do novo vocabulário, temperado na geometria e, sobretudo, na exatidão e energia das formas mecânicas.
O caminho do cubismo de Robert Delaunay o levaria a uma redescoberta da cor e do ritmo espacial, que daria à sua pintura algo de composição musical. Quando em 1912 pintou seus “Discos simultâneos”, uma nova vertente surgiu no cubismo, à qual o poeta Apollinaire daria o nome de orfismo.
As fontes da pintura de Dalaunay são as mesmas de Braque, ou seja, a lição cezanniana, que estão evidentes nas suas primeiras telas cubistas. Nelas, ele abdica das cores vivas que marcaram sua pintura anterior. Ele cria um novo repertório de signos.
Como Léger, ele chega rapidamente a uma linguagem abstrata, que o aproxima do decorativo, mas de que ele se afasta imprimindo em sua pintura a preocupação de expressar o dinamismo da vida moderna. A partir de 1912, Delaunay recorre à cor como seu meio e expressão. Interessa-se pela lei dos contrastes simultâneos de Chevreul, que servirão de pretexto para suas “frases cromáticas” e outras obras, fundadas na exploração daqueles contrastes, ou seja na reação de uma área de cor sobre a outra.
Mas Delaunay não se deixou prender pela teoria de Chevreul e, por isso, em vez de apenas ilustrá-la, usou o ritmo espacial para estruturar o universo cromático. Como Léger, ele também voltaria mais tarde a retomar o caminho das formas abstratas e alguns de seus melhores quadros, usando os “discos cromáticos” em composições extraordinariamente alegres e vibrantes.
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