Brasília pegou fogo – literalmente. Ministérios foram incendiados e houve quebra-quebra. Aqueles memes que vemos na internet, com Brasília sendo atacada por ET`s ou por loucos como o presidente da Coreia do Norte, enfim se materializaram.
Junto com a materialização da revolta do povo cansado de um governo ilegítimo, materializa-se, também, o discurso romântico da burguesia – propondo uma “revolução pacífica”, “um embate nas urnas”. Em resumo: são adeptos do sexo virtual e do café descafeinado – ou das coisas sem as suas substâncias.
Junto com a materialização da revolta do povo cansado de um governo ilegítimo, materializa-se, também, o discurso romântico da burguesia – propondo uma “revolução pacífica”, “um embate nas urnas”. Em resumo: são adeptos do sexo virtual e do café descafeinado – ou das coisas sem as suas substâncias.
O fato é que a violência não é a causa, mas o efeito. A causa é outra: o desmando e o ataque aos direitos do povo pobre do país. E falando nisso, não podemos deixar de falar sobre a dormência das esquerdas, sobretudo as que estiveram abraçadas com o Partido dos Trabalhadores e que mantiverem, diante do Capital, sempre uma posição defensiva. Inclusive, as alianças que o PT fez foi parte dessa “atitude defensiva” frente ao Capital, passando a ser um interlocutor dele.
Assim, escreveu o filósofo I. Mészáros (p. 23):
E conclui o mesmo autor, desta feita na página 24, que:
“O papel defensivo adotado pelo movimento operário conferiu uma estranha forma de legitimidade ao modo de controle sociometabólico do capital, pois, por omissão, a postura defensiva representou, ostensivamente ou tacitamente, a aceitação da ordem política e econômica estabelecida como a estrutura necessária e pré-requisito das reivindicações que poderiam ser consideradas “realisticamente viáveis” entre as apresentadas.”
Adormecemos. E quando acordamos a burguesia tomou um susto. Querem que façamos barulho sem incomodar os vizinhos. Querem que reivindiquemos num sambódromo. Não se dão conta de que a violência é, não bastas vezes, necessária. Aliás, o que se considera violência? Uma ruptura democrática, tirando uma presidente sem que tenha havido crime de responsabilidade não é violência? Um governo ilegítimo aprovando medidas que prejudicam um povo que não elegeu esse governo não é uma violência? O povo nas ruas, protestando e se excedendo, é só mais uma violência – uma contra-violência, na verdade. E lembremo-nos do que disse Tito Lívio: “é justa a guerra que é necessária e sagrada são as armas quando não há esperanças senão nelas”.
Lenin (p. 131) chamava de ilusão as pacíficas esperanças pequeno-burguesas em uma “coalizão” com a burguesia, na conciliação com ela, na possibilidade de esperar “tranquilamente” pelo dia de ir à urna votar.
Esse movimento silencioso que setores conservadores da sociedade propõe é o silencio de quem quer que alguma coisa mude, mas sem mudar nada. Querem uma revolução sem revolução. Como disse Lenin: é ilusão.
Como disse Mészáros (p. 29):
“Como detém o controle efetivo de todos os aspectos vitais do sociometabolismo, o capital tem condições de definir a esfera da legitimação política […] excluindo, assim, a priori, a possibilidade de ser legitimamente contestado em sua esfera substantiva de operação reprodutiva, socioeconômica.”
Não temos tempo para perder com romantismos. Não podemos permitir que nos acomodemos e retiremos da pauta uma ofensiva socialista evitando, assim, que o movimento operário se condene à impotência permanente.
Dizia Lenin (p. 146) que “se esperarmos […] e deixarmos passar agora o momento, arruinaremos a revolução”.
E complementa Mészáros, p. 37:
“Vivemos hoje em um mundo firmemente mantido sob as rédeas do capital, numa era de promessas não-cumpridas e esperanças amargamente frustradas que, até o momento, só se sustentam por uma teimosa esperança. Portanto (p. 21) é compreensível que somente uma alternativa socialista radical ao modo de controle metabólico social tenha condições de oferecer uma solução viável para as contradições que surgem à nossa frente.”
Não há tempo para romantismo. Não se faz revolução com luva de seda. Que a Bastilha seja tomada.
Fogo na Babilônia! Fora Temer!
Fonte: Adaptação ao Justificando
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