Tasos Sagris, de 45 anos anos, membro do grupo anarquista grego chamado ‘Void Network’ e do grupo de teatro auto-organizado Embros, tem estado na frente do ressurgir do ativismo social que tem preenchido o vácuo deixado pela ausência do Estado.
“As pessoas confiam porque não as usamos como consumidores ou eleitores,” diz o Sr. Sagris. “Toda falha do sistema prova que a ideia do anarquismo é verdadeira.”
Nos últimos dias, a ideia não tem sido apenas o caos e a destruição das instituições do Estado e da sociedade — a destruição da crise econômica tem dado conta dessa demanda — mas também de apoio mutuo e ação cidadã.
Mas, o movimento continua diverso, com alguns grupos enfatizando a necessidade do ativismo social e outros priorizando a luta contra a autoridade com atos de vandalismo e confrontos com a polícia em manifestações. Alguns estão tentando combinar ambas perspectivas.
Independente dos meios, desde 2008 espaços de ‘centros sociais de auto-organização’ tem se desenvolvido em toda a Grécia, financiadas por doações privadas e produtos de eventos programados com certa regularidade, exibições e bares, maioria aberta ao público. Existem cerca de 250 em todo o país.
Alguns ativistas tem se organizado em torno de centros de distribuição de comida e remédios, por conta da intensificação da pobre e do colapso dos serviços públicos.
Nos últimos meses, grupos anarquistas e de esquerda tem dedicado o seu tempo e energia para abrigar refugiados que sofreram com inundações que aconteceram em 2015 e também todos que foram despejados no país desde que a União Europeia e as nações balcãs fecharam as suas fronteiras. Cerca de 3 mil refugiados vivem em 15 prédios abandonados que foram tomados pelos anarquistas na capital.
A ampliação da ação cidadão é apenas um recente capítulo da longa história do movimento anarquista na Grécia.
Anarquistas tiveram um papel importante nos levantes estudantis que ajudaram a derrubar a ditadura em que a Grécia vivia no final de 1970, incluindo a rebelião da Politécnica de Atenas em Novembro de 1973, onde as autoridades enviaram policiais e tanques de guerra para controlar os estudantes, resultando em diversas mortes.
Desde o final dos anos 70 e o inicio da década de 80, os anarquistas se juntaram aos grupos de esquerda na ocupação dos espaços das universidades gregas para promover o seu pensamento e estilo de vida; muitos desses espaços existem até os dias de hoje, e muitos são usados como base anarquista para produzir as bombas incendiárias atiradas contra a polícia durante os protestos
Através dos anos, os anarquistas também apoiaram uma ampla diversidade de causas, como a oposição a reforma neoliberal da educação ou a campanha contra os jogos olímpicos de Atenas em 2004.
O movimento continua sendo amplamente tolerado pelo publico em geral, refletindo uma profunda desconfiança nas autoridades entre os gregos que foram afetados pelas políticas de austeridades nos últimos anos, imposta pela quebra do crédito do país feita pelos credores internacionais.
Em Atenas, o epicentro anarquista continua sendo o bairro bohêmio de Exarchia, onde o assassinato de um adolescente por um policial em 2008 disparou duas semanas de revolta, auxiliando a revigorar o movimento e produzindo diversos grupos de guerrilha que levaram ao reavivamento do terrorismo doméstico na Grécia.
A polícia e as autoridades ameaçam superficialmente a área.
A policia recentemente desocupou alguns prédios ilegalmente ocupados, chamados de squats, por anarquistas de Atenas, no norte da cidade de Thesssaloniki e na ilha de Lesbos, que eram possível saídas para centenas de imigrantes pelos últimos dois anos. Mas, as autoridades pararam próximas de uma ampla crise, que poderiam ser difícil para o Syriza, partido de esquerda do Primeiro Ministro Alexis Tsipras coordenar.
Em uma entrevista, o Ministro da Ordem Pública Nikos Toskas disse que as remoções policiais seriam ‘sistemáticas’, e o alcance estaria sendo posto onde ‘se fizesse necessário.’
O prefeito de Atenas, Giorgos Kaminis, condenou os squats, dizendo que eles comprometem ‘a qualidade de vida dos refugiados’.
‘Ninguém sabe quem os tem controlado e que condições essas pessoas estão sendo postas nos prédios ocupados que estão vivendo’, respondendo a pergunta de um repórter.
Os anarquistas dizem que os squats são espaços humanos alternativos aos acampamentos organizados pelo Estado que estão lotados por 60 mil imigrantes e refugiados. Grupos dos Direitos Humanos tem condenado amplamente os campos como sujo e perigoso.
Em Exarchia, um dos squats é uma escola estadual do ensino secundário (Ensino Fundamental II) que foi abandonada por questões estruturais. Ela foi ocupada na ultima primavera com ajuda de anarquistas, se tornando a casa de 250 refugiados, maioria da Syria, que tem uma copa de cozinha no teto. Muitos refugiados estão nas ‘listas de espera’ para entrar em um dos prédios ocupados.
Conforme Lauren Lapidge, de 28 anos, uma ativista social britânica que veio a Grécia em 2015, no auge da crise dos refugiados gregos e está ativamente envolvida com as diversas ocupações de prédios, os squats funcionam de forma de comunidades auto-organizadas, independentes do Estado e organizações não-governamentais.
“Eles são organismos vivos: as crianças vão para a escola, alguns nasceram no squat, nós temos casamentos aqui dentro,’ disse Lauren.
Outra iniciativa em Exarchia envolve anarquistas e moradores locais que levaram um container de carga para a praça central do bairro, se tornando um quiosque político, onde eles distribuem comida e remédio e vendem literatura anarquista.
Vassilik Spathara, de 49 anos, uma pintora e anarquista que vive em Exarchia, disse que a iniciativa era necessária por conta das autoridades locais não auxiliariam ‘nem mesmo para trocar lampadas’ na praça, conhecida por ter traficantes no espaço, que a atividade constante auxiliou a dissipar.
‘As autoridades querem rebaixar a área por que tem sido o único lugar de Atenas que tem se organizado, uma identidade ant-establishment,’ diz a Sr. Spathara.
O prefeito Kaminis diz que as autoridades locais tem cooperado com os moradores ‘para rejuvenescer a área’, e insistiu que os moradores de Exarchia tem os mesmos direitos de todos os atenienses.
Dentro da perspectiva política desabante grega, os anarquistas parecem ter se constituído como uma alternativa política ao governo.
‘Nós queremos que o povo resista, de todas as formas, desde tomar conta dos refugiados até queimar bancos e o Parlamento’, disse Sr. Sagris, membro do Void Network e do grupo de teatro Embros, que arrecada dinheiro para financiar os squats. ‘Anarquistas usam todas as táticas, as violentas e não-violentas’.
Ele também notou que os anarquistas tem uma ‘obrigação moral’ de ter certeza que tragédias — como a morte de três pessoas em Maio de 2010 quando o banco de Atenas foi incendiado durante um ato anti-austeridade — não aconteça de novo. Apesar de os anarquistas terem sido culpados, ninguém foi condenado em um tribunal que temrinou com três executivos de banco condenados por assassinato por negligência resultantes da ausência de precauções de segurança. (Ele foram soltos com fiança, podendo apelar.)
Outro grupo anarquista, Rouvikonas, está querendo transcender a violência, apesar de seus membros terem vandalizado prédios públicos e de empresários.
Na última semana, membros do grupo, armados com pedaços de pau com bandeiras pretas anarquistas, conduziram uma patrulha no centro de Atenas, dizendo que a polícia não tem intervindo para parar o tráfico de drogas e a prostituição envolvendo jovens imigrantes.
Sr. Toskas, que supervisiona a força policial grega, disse que as autoridades tem feitos grandes apreensões de drogas na região de Exarchia, ‘Alguns grupos anarquistas querem dizer que eles se livraram das drogas na área para que eles possam controlá-la.’
Membros do Rouvikonas recentemente entrou com um processo na corte par afundar uma ‘sociedade cultural’ — para ajudar a organizar os eventos de arrecadação — e no sábado, o grupo apresentou sua ‘identidade política’ em um squat em Exarchia. (Anarquistas insistem que eles não estão formando um partido político.)
‘Anarquistas obviamente não podem forma um partido político’, disse Spiror Dapergolas, de 45 anos, um desenhista gráfico que participa do Rouvikonas. ‘Mas nós podemos ter os nossos próprios meios de entrar no centro político’, disse ele. ‘Nós queremos crescer.’
O termo denominante do grupo é ‘união militante’, diz Sr. Dapergolas. Mas, ele argumenta, que não é fácil as pessoas organizarem a si mesmas. E no percurso, ele diz, ‘oque Rouvikonas está fazendo pode ser feito por qualquer um.’
Fonte: New York Times
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