Vivemos num país que extermina. Fuzil, pistola, cadeia, guerra às drogas, pobreza. Todos têm como objetivo uma cor.
É urgente o #ForaTemer, são urgentes as #DiretasJá, mas antes do que tudo isso é mais urgente que a esquerda-branca se deselitize. Porque o mais dramático golpe em Brasil são seus 50.000 homicídios por ano, seus quase 40% de lares sem esgoto que, aparentemente, não merecem manifestações no MASP nem palavras de ordem.
Os atos destas semanas em São Paulo foram na Avenida Paulista. No Rio, na praia de Copacabana. Sempre estamos longe. Longe na mensagem, nas palavras, na linguagem. Longe na geografia, nas distâncias.
“Intelectuais”, professores, artistas. Aqueles que formamos parte de uma esquerda branca que aparece na imprensa e organiza debates. Aqueles que temos voz, muita mais voz do que os milhões de cidadãos brasileiros que foram jogados nas sombras, nas margens e condenados ao silêncio. Aqueles que temos voz, mas não escutamos, e quando escutamos o fazemos com os ouvidos, mas não com a pele, onde se sente a mensagem do outro.
Não faz sentido uma esquerda branca que exige mais democracia, mas não conhece o outro lado da ponte, tem a arrogância de pensar ou dizer que as periferias que votaram em Doria ou Crivella não sabem votar, menospreza os evangélicos e para a quem “pobre de direita é burro”.
Antes do #ForaTemer, durante o #ForaTemer, depois do #ForaTemer, são tantos os massacrados no Brasil. O mínimo que a esquerda branca que tem voz deveria fazer é um exercício de humildade, de escuta (aquela escuta de pele e não só de ouvido), de reconhecimento do outro, tentar sair um pouco de seu lugar de privilégio.
Não faz sentido exigir mais democracia se não fizermos o mais básico dos exercícios democráticos: enxergar o outro. Fonte: Justificando
Nenhum comentário:
Postar um comentário