As mais de cem mil pessoas que compareceram a praia de Copacabana, neste Domingo frio e de rara neblina, reforçaram o sentimento de que o governo Temer acabou, e que apenas eleições diretas podem reestabelecer a vontade popular, e garantir legitimidade a um governo central.
Apenas assim o Brasil poderá construir uma saída real para a crise política e econômica.
Por todo o dia, uma verdadeira onda humana cantou, embalada por artistas como Caetano e Milton Nascimento, e gritou a plenos pulmões a cada intervalo, pedindo “Diretas já”. Milton Nascimento, que reapareceu em atos políticos depois de algumas décadas, ainda nos lembrou que o papel do artista é estar ao lado do povo. “Todo artista precisa estar onde o povo está”. E o povo está nas ruas.
A Praia estava colorida e ocupada por gente de todo o tipo. Gente como Paulo Gomes Oliveira, professor da rede pública que veio com a família toda, esposa e três filhos. “Não temos nenhum dia a perder, agora é hora de o povo ser ouvido novamente, e o povo é ouvido preferencialmente pelo voto”.
Em muitos momentos as músicas e o sentimento do povo se encontravam. Durante a música “Divino Maravilhoso”, entoada por Caetano Veloso, a multidão se manifestou com ainda mais força. “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, refrão repetido mais de uma vez pelo cantor e acompanhado pela multidão.
Mesmo sem sol no Rio, Criolo e Mano Brown aqueceram a tarde carioca, com músicas clássicas de seus repertórios e a energia de sempre. A cada música uma nova palavra de ordem. Um novo “papo reto”. Foi de Rapin Hood, que dividiu o palco com Brown, uma das falas mais duras. “Apenas o povo pode colocar a casa em ordem, quem tem medo do voto afinal?”.
Os veteranos da música e da luta por democracia no Brasil, Caetano e Milton Nascimento evitaram discursos, mas a cada intervalo entoavam “fora Temer” e “Diretas já”, como maestros embalando uma orquestra. O Rio transbordou com força e vitalidade. Momentos especiais, como apenas a democracia é capaz de proporcionar.
O governo Temer, que acaba de substituir o ministro da justiça em uma tentativa de obstruir a investigação em curso contra si próprio, já cheirava a podre, vencido, depois do ato de hoje, está completamente passado. Resta saber e acompanhar os próximos lances da disputa pelo poder do lado de lá. Organizações Globo, capital financeiro, o próprio Temer, os capos do Congresso Nacional e outros agentes disputam quem vai impor o desmantelamento dos direitos trabalhistas e previdenciários conquistados a duras penas pelo povo brasileiro.
Não tem problema. Decidam o que querem. Do lado de cá a luta e a mobilização por diretas vai crescer ainda mais!
Fonte: Revista Forum
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