O desaparecimento forçado de pessoas no México é marcado pela impunidade, investigações negligentes e números subestimados.
Os 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em setembro de 2014, se juntam aos mais 27 mil casos de desaparecimento, segundo dados oficiais. Desde 2006, as organizações da sociedade civil e de direitos humanos têm observado um incremento no número de ocorrências e estimam que sejam mais de 33 mil as pessoas desaparecidas. Familiares das vítimas e organizações de direitos humanos seguem cobrando medidas efetivas do Estado.
Os 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em setembro de 2014, se juntam aos mais 27 mil casos de desaparecimento, segundo dados oficiais. Desde 2006, as organizações da sociedade civil e de direitos humanos têm observado um incremento no número de ocorrências e estimam que sejam mais de 33 mil as pessoas desaparecidas. Familiares das vítimas e organizações de direitos humanos seguem cobrando medidas efetivas do Estado.
Em 10 de dezembro de 2015, o presidente Enrique Peña Nieto enviou ao Congresso uma iniciativa de Lei Geral para Prevenir e Sancionar os Delitos de Desaparecimento de Pessoas. Porém, até agora, a reação do Estado frente a esse crime tem sido incapaz de responder, de forma sólida, e oferecer verdade e justiça aos familiares das vítimas.
Em recente relatório da Anistia Internacional, a organização verifica que, na maioria dos casos, as autoridades se limitam a receberem a denúncia de desaparecimento, emitirem ofícios de uma investigação que não se concretiza em diligências. Um "mero formalismo”, destinado a ser mal sucedido, de acordo com o informe.
Intitulado "Um tratamento indolente – A resposta do Estado frente ao desaparecimento de pessoas no México”, o estudo aborda o caso dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa, a partir dos registros do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI), e de entrevistas com familiares dos estudantes. Relata ainda a crise de desaparecimentos na Cidade Cuauhtémoc, no Estado de Chihuahua, um polo econômico importante de atividades agropecuárias e comerciais, que registra mais de 1.600 desaparecimentos.
Para Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, a incessante onda de desaparecimentos, que se apropriou de Chihuahua, e a "irresponsabilidades total” com que se está conduzindo a investigação sobre o desaparecimento forçado dos 43 estudantes de Ayotzinapa mostram o "desprezo absoluto das autoridades mexicanas pela dignidade e pelos direitos humanos”.
No relatório, a Anistia recomenda que se investigue, de forma rápida, exaustiva e imparcial, o desparecimento de pessoas no México, com a participação dos familiares das vítimas, proporcionando-lhes informação atual e verdadeira. Além de reparações integrais pelo crime que sofreram.
Neste mês de janeiro, a um ano e quatro meses do desaparecimento dos 43 estudantes, integrantes da organização Los Otros Desaparecidos encontraram fossas clandestinas nas montanhas próximas às comunidades Los Pericones e La Laguna, do Município de Teloloapan, ao sul do Estado de Guerrero. A partir de denúncias anônimas, um grupo de cinco integrantes da entidade, um guia e repórteres caminharam pela região e encontraram restos humanos de pelo menos três pessoas. Mario Vergara Hernández, porta-voz do grupo, informará as autoridades para que realizem as escavações nos locais sinalizados.
Formado em novembro de 2014, o Comitê Los Otros Desaparecidos é composto por mais de 400 famílias de diversos municípios do México. Em 30 de novembro de 2015, já haviam sido encontrados 114 corpos pelas famílias.
Fonte: Adital
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