Ontem (3), o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou publicamente que “A corrupção não está mais debaixo do tapete” e que, “hoje, há mais autonomia dos órgãos de fiscalização e controle como o Ministério Público, a Controladoria Geral da União (CGU) e a Polícia Federal”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de pronto, rebateu a afirmação de Carvalho. À noite, no Jornal Nacional, a reportagem mostrou parte das declarações do ministro e do ex-presidente sobre o assunto. FHC, visivelmente alterado, qualificou como “leviandade” a declaração do adversário político.
Vejamos, pois, quanto de motivos teve o ex-presidente para se irritar assim com a declaração do ministro de Dilma.
FHC, quando governou, foi beneficiário da cumplicidade da mídia, que ajudou a acobertar descaradamente a corrupção ao sonegar ao público notícias sobre escândalos que dispensariam o bom e velho “domínio do fato” devido à vastidão de provas que havia.
Nesse ponto, há que fazer jus ao jornal Folha de São Paulo, o único grande veículo que denunciou adequadamente a compra de votos para a reeleição de FHC, quando deputados da base aliada de seu governo foram grampeados declarando, ipsis-litteris, que haviam sido pagos pelo então ministro (hoje falecido) das Comunicações, Sérgio Motta, para votarem a favor da emenda constitucional que permitiu ao tucano obter um segundo mandato em 1998.
Além de FHC ter mudado as regras de jogo com ele em andamento ao propor ao Congresso a emenda da reeleição – o que Lula não se permitiu fazer apesar de ser tratado pela mídia tucana como se tivesse tentado e não conseguido –, ainda teve uma denúncia muito bem fundamentada, com provas materiais, de que deputados foram pagos para apoiá-lo.
Além da Folha de São Paulo, nenhum veículo de peso deu destaque ao escândalo. E o procurador-geral da República de então, que o presidente tucano manteve no cargo por oito anos – Lula, nesse período, nomeou QUATRO procuradores-gerais –, não esboçou a menor reação.
Observação: essa foi a principal razão de o ex-PGR Geraldo Brindeiro ter sido alcunhado como “engavetador-geral da República”.
Controladoria Geral da União? No governo FHC chamava-se Corregedoria, em vez de Controladoria, e jamais incomodou o governo, enquanto que a CGU de Lula e Dilma tem sido uma pedra no sapato deles, pedra colocada por eles mesmos no âmbito do esforço hercúleo que fizeram para dar transparência ao que o antecessor tucano escondia.
Polícia Federal? Essa só serviu mesmo para ajudar o governo, ou melhor, o candidato do governo FHC à própria sucessão. Ou alguém esqueceu que a PF só incomodou políticos da oposição durante a era tucana e que seu maior feito foi em 2002, quando destruiu a candidatura de Roseana Sarney para ajudar o candidato governista, José Serra?
FHC esbofeteou a nação ao comparar a omissão criminosa dos órgãos de controle de seu governo (no que tangia a investigá-lo) com a atuação deles hoje. E esse crime foi cometido com o concurso de praticamente toda a grande imprensa, que não só fechou os olhos para a corrupção da era tucana como levantou escândalos só contra a oposição petista. Vídeo sobre a matéria:
Com o clima de resistência em cada olhar, apoiadores da causa palestina de todo o mundo participaram do Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL) entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro. Os militantes da Esquerda Marxista (corrente do PT e seção brasileira da Corrente Marxista Internacional –www.marxist.com) intervieram no evento junto com a União Democrática das Entidades Palestinas do Brasil (UDEP) e o Movimento Palestina para Todos (Mopat).
O Fórum foi aberto com a marcha dos movimentos sociais, que reuniu milhares de pessoas nas ruas do Centro de Porto Alegre. Cerca de 300 debates aconteceram espalhados pela cidade. A logística desagregava ao invés de integrar os participantes.
A realização do Fórum enfrentou várias dificuldades, segundo um dos membros da comissão organizadora, Abdel Howas, que é da Sociedade Palestina de Santa Maria e da UDEP. “A discussão sobre a liberdade da Palestina não aconteceu da forma como era para ser”, explica. Em outubro o embaixador de Israel, Rafael Eldad, e o presidente da Federação Israelita (FIRS), Jarbas Milititsky, vieram ao Brasil para pressionar o cancelamento do evento.
Abdel relata que também houve problemas internos ao comitê organizador. “Tínhamos mais de 100 palestrantes para trazer do mundo. Mas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) articularam para esvaziar este fórum e a vinda dessas pessoas.” Ele afirma que, quando essas organizações não conseguiram passar suas posições sobre o que fazer, começaram a boicotar a própria realização do FSM. “O resultado foi um evento desorganizado, pulverizado e que desfavorece o debate democrático”.
A Esquerda Marxista participou com delegações de Recife, São Paulo, Joinville e Florianópolis. Na oportunidade, foi lançada a brochura “Palestina Livre”. A faixa estendida pelos marxistas na entrada do Gasômetro explicava sua posição: “Por um Estado único, laico e democrático sobre toda a Palestina histórica! Pelo Direito de Retorno de todos os Refugiados Palestinos”. Esta proposta para o conflito rivalizou com a tese da criação de um Estado da Palestina ao lado do Estado de Israel defendida pela Fepal e setores da CUT.
Na mesa do debate, que reuniu dois temas, “Um Estado democrático" e "O desrespeito ao direito internacional na questão palestina”, os palestrantes Ramadan Ali e Serge Goulart (este último, dirigente da Esquerda Marxista) contextualizaram os conflitos na região com o desenvolvimento do sionismo. Afirmaram que o inimigo dos palestinos é o Estado sionista de Israel e não os judeus.
“A criação de dois Estados não é possível, pois o sionismo continuará em Israel”, disse Serge Goulart ao público, “mas isso não quer dizer que não possa haver um Estado fantoche. Ele servirá apenas para os sionistas ganharem tempo enquanto continuam o massacre.”
O debate de fato no Fórum era este: De um lado, a UDEP e várias entidades palestinas, junto com o MST, sindicatos e organizações de esquerda, como a Esquerda Marxista, defendiam a posição histórica contra a existência do Estado de Israel e o direito de retorno de todos os 6 milhões de refugiados palestinos. De outro lado, representantes do Governo Brasileiro, da Autoridade Palestina, setores da CUT e a FEPAL (leia-se, PCdoB) defendiam “Estado Palestino Já!”, que na prática significa reconhecer como legítimo o Estado Sionista de Israel e estabelecer um Estado Palestino títere ao seu lado, completamente submisso política e militarmente, ocupando apenas 18% do território histórico da Palestina. Ou seja: não resolve nenhum dos problemas dos palestinos, além de inviabilizar completamente o retorno dos refugiados às suas casas, das quais foram expulsos desde 1948.
Na Assembleia Geral dos Movimentos Sociais que encerrou o Fórum, manobras por parte de dirigentes da CUT, da FEPAL e do Governo Brasileiro, levaram o MST e outras entidades a se retirar (leia abaixo carta-denúncia do MST). Em nome do Mopat, o camarada Caio Dezorzi, da Esquerda Marxista, teve 2 minutos para falar: “Se este Fórum Social Mundial Palestina Livre quer fazer jus ao nome que leva, se de fato quer uma Palestina Livre, então deve expressar em sua declaração final, de maneira clara e objetiva, que repudia a existência do Estado de Israel. E para ser coerente com isso, não pode reivindicar um ‘Estado Palestino Já’ aceitando que o Estado religioso-sionista de Israel permaneça. Só um Estado único, laico e democrático sobre todo o território histórico da Palestina permitirá que todos possam conviver com direitos iguais, independente de sua religião ou origem. Só um Estado como esse garantirá o direito de retorno de todos os palestinos refugiados.”
Apesar desta fala expor claramente a falta de consenso entre os membros participantes do Fórum, os setores que detinham o controle econômico do Fórum manobraram para que aparecesse como “posição consensual” a política defendida por eles, que é a linha defendida por setores do Imperialismo e do Sionismo, de dois Estados.
Ao final do evento um golpe
Abaixo segue a nota do MST que denuncia um golpe dado contra os palestinos por setores da CUT e CTB, governo e outros órgãos que romperam o acordo realizado para a elaboração da declaração final do FSM Palestina Livre e divulgaram um documento que não corresponde ao que havia sido produzido em acordo com os organizadores do evento.
Uma vez mais a política de conciliação de classes confirma-se como nociva e desagregadora. Esta acaba por dar sustentação à defesa incondicional do governo Dilma e à sua política internacional de colaboração com o imperialismo, que está na origem do golpe ao que seria a declaração final do evento.
Repudiamos e condenamos esse golpe, nossa solidariedade aos camaradas palestinos! Por um único estado laico e democrático em todo o território histórico da Palestina
“O Policarpo nunca vai ser nosso”, texto da atual edição de
Veja, aumenta rol de dúvidas sobre interação entre publicação e contraventor;
com senador Demóstenes como seu braço político, a revista seria sua mão
editorial?; na Inglaterra, suspeitas de relações desvirtuadas com a polícia
levaram o patrão Rupert Murdoch a se explicar no parlamento; aqui, pode
acontecer o mesmo com Roberto Civita, dono da Abril, pelo longo flerte com o
bicheiro?
Estão faltando peças no tabuleiro das relações entre a revista
Veja, a de maior circulação do Brasil em papel, e a do contraventor preso pela
Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Precisamente, cerca de 200 peças,
equivalentes ao número de ligações telefônicas grampeadas legalmente pela PF
entre o editor-chefe e diretor da sucursal de Brasília da publicação, Policarpo
Junior, e Carlinhos Cachoeira. Nelas se poderá verificar o verdadeiro padrão do
relacionamento entre o jornalista e sua fonte. Haveria só perguntas e respostas
entre eles ou algum jogo de ataques e defesas editoriais, aprimorado ao longo
do tempo, no interesse comum de Veja e do contraventor? Ou, ainda, ora do
interesse de Veja, ora do interesse do contraventor?
Interrogações
deste mesmo tipo, mas sobre outros personagens, com outra nomenclatura, foram feitas
na Inglaterra, no ano passado, durante os acontecimentos em torno do escândalo
News Corp. O caso resultou no fechamento do centenário tablóide sensacionalista
News of the World, cujos jornalistas atuavam em associação direta com a polícia
investigativa do país – a Scotland Yard --, para a qual distribuíam dinheiro em
troca de informações em primeira mão. O caso começou na redação, apanhou em
cheio a editora executiva Rebekah Brooks, mas recaiu mesmo sobre o colo do
patrão Rupert Murdoch. Ele se viu obrigado a ir ao parlamento do país pedir
desculpas, tentar se explicar e, por fim, anunciar o sepultamento de sua
publicação.
Aqui, no caso Veja-Cachoeira, a aliança da revista, por meio de
seu editor-chefe, se deu, de maneira ainda obscura, com um contraventor preso
sob acusação de liderar um pesado esquema de operação de jogos ilegais e
infiltração em diferentes escalões do poder. Na Inglaterra, jornalistas e
policiais. Aqui, com bandidos. Há fortes suspeitas de que Cachoeira, pelo
método de gravações ilegais com interlocutores de seus próprios auxiliares,
tenha até mesmo fabricado provas comprometedoras contra adversários. As ligações
perigosas de Cachoeira com o líder da publicação em sua área mais estratégica,
a sucursal de Brasília, e as dúvidas sobre uma longa aliança editorial entre
eles já demandam, de per si, uma investigação independente. E esta terá,
necessariamente, de incluir o dono da publicação, Roberto Civita, presidente do
grupo Abril, e não apenas um ou alguns de seus funcionários. É o que lembra, em
post deste sábado 31, o jornalista Luís Nassif, em Esqueçam Policarpo: o Chefe
é Roberto Civita. “Policarpo realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele
respondia ao comando de Roberto Civita. E, nessa condição, estabeleceu o elo de
uma associação criminosa entre Cachoeira e a Veja”, escreve Nassif, que
continua: “Não haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se
tente crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto se
dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira, por seu
grupo”.
Na edição que chegou às bancas neste sábado, Veja evitou
enfrentar o fato de frente. Não há uma linha sequer sobre a informação
veiculada durante toda a semana, em diferentes canais, mas especialmente na
internet, a respeito do gigantesco volume de grampos nas conversas entre
Policarpo e Cachoeira no período de 2008 a 2010. Na semana retrasada, quando o
assunto já era de domínio público, a revista não veiculou uma palavra sequer
sobre as ligações perigosas entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres
(DEM-GO), que resultaram na saída deste da liderança do partido no Senado, em
abertura de investigação formal dentro da agremiação e numa solicitação de
bastidores para que ele se afaste antes de, inevitavelmente, ser expulso.
O caso que Veja ignorou, na torcida para que não crescesse como
cresceu, deriva agora, também, para a revelação de uma série de acertos para
ilícitos entre Cachoeira e Demóstenes. Sobrou, na esteira das revelações, até
para o até então insuspeito ator e deputado federal Stepan Nercessian (PPS-RJ),
que emergiu como beneficiário de um empréstimo de R$ 175 mil feito pelo
contraventor. Neste sábado 31, quase simultaneamente à revelação do empréstimo,
Nercessian pediu afastamento do PPS e de seu posto na Comissão de Segurança
Pública e Crime Organizado da Câmara dos Deputados – sem dúvida um cargo
bastante estratégico para o amigo que comanda um poderoso esquema de jogos
ilegais.
Mas não apenas. O governador de Goiás, Marconi Perillo, vai
ficando cada vez mais chamuscado pelas revelações extraídas das investigações
de dois anos da Operação Monte Carlo. A prisão de Cachoeira se deu na elegante
residência em Alphaville Ipês, em Goiânia, que pertencera a Marconi e fora
vendida por ele a um empresário do setor de ensino do Estado. Este, por sua
vez, permitia que Cachoeira ali vivesse. Triangulação de interesses? É uma das
questões que está no ar, uma vez que Valter Paulo Santiago, dono da Faculdade
Padrão, está entre os beneficiados pelo programa de pagamento a instituições de
ensino superior, pelo governo local, de bolsas de estudos. Ou seja, recebedor
de recursos do Estado, Santiago comprou uma casa do governador, o titular da
autoridade cedente, que, por sua vez, registrou a venda em sua declaração de
renda por um valor de aproximadamente um terço do que afirmara – R$ 1,4 milhão
em três cheques versus R$ 417 mil declarados.
Por todas estas e outras, o caso Cachoeira-Demóstenes é um dos
mais explosivos dos últimos tempos, dada a ampla ramificação de interesses do
contraventor e seu apetite por articulações dentro das estruturas de poder. E
dentro desse caso há a questão Veja-Cachoeira ou Cachoeira-Veja. Dono de um
relacionamento bastante próximo com Policarpo, com que dialogava
frequentemente, o contraventor tinha em Demóstenes um braço político e, ao que
deixa claro, via em Policarpo sua mão editorial. “Os grandes furos do Policarpo
fomos nós que demos, rapaz”, disse, no trecho revelado pela própria Veja, o
contraventor a seu auxiliar e ex-araponga da Abin Jairo Martins. “Quantos já
foram rapaz. E tudo via Policarpo”, festejou.
Cachoeira e Policarpo são velhos conhecidos. Já em 2004, como
resgatou 247, a parceria fonte-jornalista funcionava a pleno. Perseguido por
uma CPI aberta na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro para apurar o jogo
ilegal e encerrada com a recomendação, por 58 votos a zero, entre os deputados,
para sua prisão, Cachoeira teve em Policarpo, então, um cioso interlocutor.
Matéria assinada por ele, chamada Sujeira para Todo Lado, repercutiu no então
presidente da Câmara Federal, João Paulo Cunha, que ordenou a abertura de uma
sindicância, uma vez que, de acordo com Veja, alguns parlamentares eram
suspeitos de terem ouvido de auxiliares de Cacheira uma proposta de compra de
votos de R$ 4 milhões no total. Importante: a gravação da conversa sobre a
discussão da proposta foi feita pelos próprios auxiliares de Cachoeira. Pode-se
supor, entre outras hipóteses, que o contraventor resolveu fabricar uma prova,
ao enviar emissários com proposta de compra de votos, para levar a CPI ao
naufrágio, por desmoralização. Na prática, foi isso o que aconteceu. Cachoeira
não foi preso na ocasião, sendo levado pela polícia apenas sete anos depois, em
fevereiro deste ano.
Nesse meio tempo, em 2005, Cachoeira foi responsável pela
entrega a Policarpo da fita que deu origem ao chamado escândalo do Mensalão, na
qual o então diretor dos Correios, Maurício Marinho, recebe um pacote de R$ 3
mil. Essa fita, cujas imagens e diálogos foram veiculados por Veja em primeira
mão, foi gravada por auxiliares do próprio Cachoeira. Àquela altura, o senador
Demóstenes Torres, que já era o braço político do contraventor, sabia que fora
preterido para o cargo de Secretário Nacional de Justiça. Há a suspeita que, em
represália, ele teria atuado com Cachoeira para prejudicar o PT, o governo Lula
e, mais especialmente, o então chefe do Gabinete Civil José Dirceu, que teria
sido o responsável pelo veto ao seu nome. Neste contexto, a propina paga por
homens do próprio Cachoeira a Marinho deu a partida para o surgimento do pior
fato político possível para os adversários de Demóstenes e de seu grupo, que
tem Cachoeira como prócer.
Veja, servindo-se de sua fonte na contravenção, não apenas deu
vazão às fitas gravadas pelo pessoal de Cachoeira, como prosseguiu divulgando,
nos anos seguintes, todo o material que ele produzia e passava às mãos de
Policarpo Junior. É frase dele, repita-se: “Os grandes furos do Policarpo fomos
nós que demos, rapaz”. Este material incluiu o ‘furo’ do pedido de dinheiro por
parte de Valdomiro Diniz, em fita gravada em 2002, desta feita pelo próprio
Cachoeira. A notícia saiu em Veja em 2004, mostrando que a parceria já
funcionava bem.
Não é do interesse de Veja, agora, puxar por essa memória. A
estratégia, manifestada no curto texto “O Policarpo Nunca Foi Nosso”, na edição
desta semana, busca carimbar no editor-chefe a marca do profissional acima de
qualquer suspeita. Para tanto, utiliza Carlinhos Cachoeira como avalista: “O
Policarpo você conhece muito bem. (...) Ele não faz favor para ninguém e muito
menos para você”, disse o contraventor, hoje preso, para seu auxiliar e
ex-araponga Jairo Martins, também encarcerado pela Operação Monte Carlo. “Nós
temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter jornalista. O
Policarpo nunca vai ser nosso...”. Pelos serviços prestados a Veja, a verdade é
que Policarpo Junior poderia ter ganho, nesta semana, uma defesa melhor, de um
advogado mais qualificado. No editorial do diretor de redação Eurípedes
Alcântara, nenhuma linha a respeito. É como se o diretor da sucursal de
Brasília estivesse sozinho em seu relacionamento com Cachoeira, mas há toda uma
gigantesca máquina editorial por detrás desse circuito.
119,6 milhões de pessoas, ou 24,2% da população dos 27 países da Europa, encontram-se no limiar da pobreza. Nos EUA, o programa de vale-refeição garante comida a 46 milhões de pessoas -- um em cada oito norte-americanos precisa de ajuda para não passar fome. As importações mundiais mantém-se estagnadas, condição que se arrasta desde julho e um indicativo da paralisia no comércio internacional. As encomendas industriais desabam na Europa, o que pode ser visto como um termômetro de agravamento da recessão neste final de ano e início do próximo. Nos EUA, a produção industrial recuou 0,4% em outubro, em relação ao mês anterior; institutos previam alta de 0,1%, depois que o indicador avançou apenas 0,2% em setembro.Na Ásia, a China mostra recuperação, mas o Japão patina. Em toda a América Latina a demanda emite sinais de enfraquecimento com a economia desidratada pela contração global da procura por matérias-primas. No Brasil o emprego e a renda continuam em expansão, mas o investimento industrial completou o 5º trimestre negativo, com 2% de queda em setembro, enquanto o PIB cresceu apenas 0,6% no período. Nesta 3ª feira, o ministro Guido Mantega anunciou R$ 2,8 bi em desonerações à construção civil, com corte de 20% para 2% na alíquota do INSS sobre a folha.Desde o início do crise, o país já concedeu R$ 45 bi em incentivos fiscais à retomada do crescimento. O valor equivale a quase 1ª do PIB, sendo criticado pelo jogral midiático, o mesmo que por 30 anos prega as virtudes dos mercados autorreguláveis e da desregulação financeira ,e que insiste na adoção do tripé ortodoxo: redução do Estado, supressão de direitos trabalhistas e choque de gestão --exatamente o que vem sendo feito há 30 aos. Com os resultados sabidos. Vídeo sobre a matéria:
GENEBRA (Notícias da OIT) – A ganhadora do Oscar e cantora Cher está na lista de reconhecidos artistas internacionais que se uniram à Organização Internacional do Trabalho (OIT) para lutar contra a escravidão moderna. Os participantes incluem artistas de Hollywood, desportistas e defensores dos direitos humanos, entre eles: Mila Kunis, Oliver Stone, Kellan Lutz, Sérgio Mendes e Jada Pinkett Smith. Também participam Dan Kennedy, goleiro do Chivas EUA, e Somaly Man, defensora das vítimas de tráfico humano, além do compositor brasileiro Milton Nascimento. “Estou orgulhosa de unir-me à OIT na luta contra a escravidão”, declarou Jada Pinkett Smith. “Quando pensamos na escravidão, pensamos no passado. Mas a realidade é que na atualidade, três de cada 1.000 pessoas no mundo estão em trabalho forçado, são vítimas de tráfico ou trabalham em condições similares à escravidão”, assinalou. “Isto não é bom e tem que terminar”. De acordo com números da OIT, quase 21 milhões de mulheres, homens e crianças no mundo são vítimas de trabalho forçado. Isto significa que estão presos em empregos que lhes foram impostos por meio da coação ou de engano, e que não podem abandonar. Cerca de 26 por cento dos escravos hoje em dia são menores de 18 anos. “Para todos nós, ter um trabalho decente com um trabalho justo, no qual estejamos minimamente protegidos quando precisamos e que se respeitem os direitos laborais fundamentais, são aspirações básicas”, disse o Diretor Geral da OIT, Guy Ryder. “Lamentavelmente, muitas mulheres e homens, meninas e meninos, continuam presos no pesadelo da escravidão e do trabalho forçado. Por isso, a OIT se sente realmente animada ao ver tantos artistas de renome unindo-se a esta luta. Juntos, podemos fazer uma grande diferença e dar esperança a todos aqueles que aspiram trabalhar em liberdade, igualdade, segurança e dignidade”. A OIT é a agência das Nações Unidas especializada no mundo do trabalho. Foi fundada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de refletir a convicção de que uma paz universal e duradoura somente pode ser alcançada se for baseada na justiça social. A OIT foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 1969.
Os últimos movimentos são inequívocos: Aécio Neves caminha para reinar absoluto no PSDB. Foi lançado por Fernando Henrique Cardoso para a disputa de 2014 ao mesmo tempo em que examina a possibilidade de assumir a presidência do partido a partir de maio próximo. Com isso, ocupará os espaços mais relevantes e poderá realizar a aspiração dos conterrâneos sempre desejosos de que o processo de sucessão presidencial volte a "passar por Minas". Uma candidatura definida com tanta antecedência em agremiação sem as características de unidade em torno de uma figura, como o PT, pode dar certo se servir para dar rumo ao partido. Também pode piorar ainda mais as coisas para os tucanos se a ideia for transformá-lo em cartório de um grupo. De qualquer forma, há muita água para rolar, como demonstram as resistências dos paulistas. Mas, descontado o imponderável, a candidatura é fato dado por consumado em discurso de Fernando Henrique durante a reunião de prefeitos eleitos pelo PSDB e aparentemente - e apenas na aparência - refugado por Aécio. Ele diz que "ainda é cedo" e não quer "queimar etapas", mas fala para constar. Digamos que seja uma ambiguidade combinada na medida da necessidade de ganhar algum tempo para aparar arestas internas. De um lado, FH lança o nome e, de outro, Aécio faz de conta que ficou de pensar. Pura cenografia, já que os dois conversam dia sim outro também e o mineiro se movimenta claramente como candidato desde a eleição municipal. Analisa a cena política sob a ótica da candidatura, mantém abertos canais em todos os partidos na perspectiva de mais adiante conquistar aliados e joga na divisão da base governista. Por exemplo, no momento incentiva a candidatura de Júlio Delgado (PSB) à presidência da Câmara no intuito menos de agradar ao governador Eduardo Campos e mais de atrapalhar o acordo de rodízio entre PT e PMDB, fomentando a cizânia. "Amigo na pessoa física" de Campos, por enquanto Aécio não acredita na candidatura dele à Presidência. "Posso começar a mudar de opinião quando, e se, o PSB deixar os cargos que ocupa no governo federal." Na visão dele, o governador de Pernambuco terá dificuldade de transitar da condição de aliado para a de oponente do Planalto e, por isso, aposta que há 70% de chance de Campos continuar ao lado do governo. "Eu me preocuparia mais se houvesse outra força emergente nitidamente de oposição", diz o senador. Como se vê, sem a menor preocupação com a "queima de etapas". Vacinação. O senador Aécio Neves acha que o PSDB precisa o quanto antes "furar a bolha" do julgamento do tucano Eduardo Azeredo no processo do mensalão mineiro. Ou seja, enfrentar a questão que põe o partido como introdutor de Marcos Valério no mundo da política, por ter usado os métodos depois ampliados do esquema no mensalão a serviço da campanha pela reeleição de Azeredo ao governo de Minas. Outro dia mesmo o senador defendeu publicamente essa ideia sobre a qual há algum tempo conversa nos bastidores. Na opinião de Aécio, o PSDB deve argumentar que o episódio não atingiu a direção do partido, disse respeito a uma regional e não contaminou o governo do Estado porque aquela eleição foi perdida. Entre os tucanos comenta-se que há dois trunfos para conter os ataques do PT quando o assunto estiver na ordem do dia: o envolvimento de Walfrido dos Mares Guia, ministro no governo Lula, e Clésio Andrade, na época vice de Azeredo e hoje comandante em chefe do PMDB de Minas. Cálculo. Não deve ser coincidência. Fernando Henrique pôs o nome de Aécio Neves na roda em momento de infortúnio político para o governo por causa das condenações e do escândalo dos pareceres, dificultando o contra-ataque. Vídeo sobre a matéria: