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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Manobras, boicote e falsificação no Fórum Social Mundial Palestina Livre


Com o clima de resistência em cada olhar, apoiadores da causa palestina de todo o mundo participaram do Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL) entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro. Os militantes da Esquerda Marxista (corrente do PT e seção brasileira da Corrente Marxista Internacional –www.marxist.com) intervieram no evento junto com a União Democrática das Entidades Palestinas do Brasil (UDEP) e o Movimento Palestina para Todos (Mopat).
O Fórum foi aberto com a marcha dos movimentos sociais, que reuniu milhares de pessoas nas ruas do Centro de Porto Alegre. Cerca de 300 debates aconteceram espalhados pela cidade. A logística desagregava ao invés de integrar os participantes.
A realização do Fórum enfrentou várias dificuldades, segundo um dos membros da comissão organizadora, Abdel Howas, que é da Sociedade Palestina de Santa Maria e da UDEP. “A discussão sobre a liberdade da Palestina não aconteceu da forma como era para ser”, explica. Em outubro o embaixador de Israel, Rafael Eldad, e o presidente da Federação Israelita (FIRS), Jarbas Milititsky, vieram ao Brasil para pressionar o cancelamento do evento.
Abdel relata que também houve problemas internos ao comitê organizador. “Tínhamos mais de 100 palestrantes para trazer do mundo. Mas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) articularam para esvaziar este fórum e a vinda dessas pessoas.” Ele afirma que, quando essas organizações não conseguiram passar suas posições sobre o que fazer, começaram a boicotar a própria realização do FSM. “O resultado foi um evento desorganizado, pulverizado e que desfavorece o debate democrático”.
A Esquerda Marxista participou com delegações de Recife, São Paulo, Joinville e Florianópolis. Na oportunidade, foi lançada a brochura “Palestina Livre”. A faixa estendida pelos marxistas na entrada do Gasômetro explicava sua posição: “Por um Estado único, laico e democrático sobre toda a Palestina histórica! Pelo Direito de Retorno de todos os Refugiados Palestinos”. Esta proposta para o conflito rivalizou com a tese da criação de um Estado da Palestina ao lado do Estado de Israel defendida pela Fepal e setores da CUT.
Na mesa do debate, que reuniu dois temas, “Um Estado democrático" e "O desrespeito ao direito internacional na questão palestina”, os palestrantes Ramadan Ali e Serge Goulart (este último, dirigente da Esquerda Marxista) contextualizaram os conflitos na região com o desenvolvimento do sionismo. Afirmaram que o inimigo dos palestinos é o Estado sionista de Israel e não os judeus.
“A criação de dois Estados não é possível, pois o sionismo continuará em Israel”, disse Serge Goulart ao público, “mas isso não quer dizer que não possa haver um Estado fantoche. Ele servirá apenas para os sionistas ganharem tempo enquanto continuam o massacre.”
O debate de fato no Fórum era este: De um lado, a UDEP e várias entidades palestinas, junto com o MST, sindicatos e organizações de esquerda, como a Esquerda Marxista, defendiam a posição histórica contra a existência do Estado de Israel e o direito de retorno de todos os 6 milhões de refugiados palestinos. De outro lado, representantes do Governo Brasileiro, da Autoridade Palestina, setores da CUT e a FEPAL (leia-se, PCdoB) defendiam “Estado Palestino Já!”, que na prática significa reconhecer como legítimo o Estado Sionista de Israel e estabelecer um Estado Palestino títere ao seu lado, completamente submisso política e militarmente, ocupando apenas 18% do território histórico da Palestina. Ou seja: não resolve nenhum dos problemas dos palestinos, além de inviabilizar completamente o retorno dos refugiados às suas casas, das quais foram expulsos desde 1948.
Na Assembleia Geral dos Movimentos Sociais que encerrou o Fórum, manobras por parte de dirigentes da CUT, da FEPAL e do Governo Brasileiro, levaram o MST e outras entidades a se retirar (leia abaixo carta-denúncia do MST). Em nome do Mopat, o camarada Caio Dezorzi, da Esquerda Marxista, teve 2 minutos para falar: “Se este Fórum Social Mundial Palestina Livre quer fazer jus ao nome que leva, se de fato quer uma Palestina Livre, então deve expressar em sua declaração final, de maneira clara e objetiva, que repudia a existência do Estado de Israel. E para ser coerente com isso, não pode reivindicar um ‘Estado Palestino Já’ aceitando que o Estado religioso-sionista de Israel permaneça. Só um Estado único, laico e democrático sobre todo o território histórico da Palestina permitirá que todos possam conviver com direitos iguais, independente de sua religião ou origem. Só um Estado como esse garantirá o direito de retorno de todos os palestinos refugiados.”
Apesar desta fala expor claramente a falta de consenso entre os membros participantes do Fórum, os setores que detinham o controle econômico do Fórum manobraram para que aparecesse como “posição consensual” a política defendida por eles, que é a linha defendida por setores do Imperialismo e do Sionismo, de dois Estados.
Ao final do evento um golpe
Abaixo segue a nota do MST que denuncia um golpe dado contra os palestinos por setores da CUT e CTB, governo e outros órgãos que romperam o acordo realizado para a elaboração da declaração final do FSM Palestina Livre e divulgaram um documento que não corresponde ao que havia sido produzido em acordo com os organizadores do evento.
Uma vez mais a política de conciliação de classes confirma-se como nociva e desagregadora. Esta acaba por dar sustentação à defesa incondicional do governo Dilma e à sua política internacional de colaboração com o imperialismo, que está na origem do golpe ao que seria a declaração final do evento.
Repudiamos e condenamos esse golpe, nossa solidariedade aos camaradas palestinos! Por um único estado laico e democrático em todo o território histórico da Palestina
Vídeo sobre a matéria:
Fonte texto: Blog Esquerda Marxista

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