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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Pró-Esia - Fábrica de Versos... SCI-FI DA VIDA REAL: O ESTRANHO GROOVE DE DAWN RICHARD

5º disco de Dawn Richard deixa explícita a compreensão de sentimentos indizíveis e a busca por uma música pop mais inovadora

Gravadora: Local Action/Our Dawn Entertainment
Data de Lançamento: 25 de janeiro de 2019
Disco da Semana: Dawn Richard | new breed

Dawn Richard chegou ao 5º disco, e ainda não está pronta para entregar de bandeja o tipo de groove que persegue. Uma coisa é certa: ela tem pretensões futuristas e engloba da estranheza de Grace Jones e a vibração de New Orleans a um tipo de pop ondulado que tem redefinido o R&B atual.
Diferente de Janelle Monáe, Dawn não intersecciona com a ficção. Os sentimentos verdadeiros expressos em “jealousy” e a faixa-título são frutos de uma percepção inescapável do que nos ronda.
A maior virtude de Dawn é interligar eixos sonoros que, isolados, parecem distintos. Em uma mesma música, temos um pouco do universo de Wakanda (Pantera Negra), a eletrônica IDM e até um choir inspirado de soul-music.
Capa do disco new breed, de Dawn Richard (2019)

new breed: uma mente e uma causa

Ouvir new breed é continuar testemunhando a construção estética de um universo particular – afinal, não podemos esquecer que a cantora já quebrou alguns paradigmas com trabalhos anteriores, especialmente Blackheart (2015) e Redemption (2016).
O novo álbum, porém, busca novas brechas para se firmar como um pop inovador. Seus paralelos contemporâneos vão de Ariana Grande a Blood Orange, com uma bagagem híbrida que subverte a sensação que se tem ao mesclar diferentes gêneros.
O IDM é mais sentimental que esquizofrênico; o soul tem um sentido exploratório, tipo sci-fi; e até a justaposição das percussões soam espalhadas demais, como se fosse parte de um organismo de células que rejeitam umas às outras.
“sauce” é um exemplo desse estranho amálgama, que confunde a absorção por parte do ouvinte.
A seguinte, “vultures | wolves”, parece concluir esse tipo de transição de Dawn para um corpo externo. Esconder-se na pele de um lobo é a condição para analisar à distância sua reação diante de um relacionamento que não pode se resumir a poucas palavras.
De qualquer forma, não saia dizendo por aí que Dawn é pretensiosa ou ambiciosa. Ela deixa bem claro no começo da faixa “we, diamonds”. Tudo que ela quer é seguir o caminho da inovação, sem ser comparada a ninguém: ‘Já estou acostumada a ser prejudicada/Porque meninas negras que têm mente e uma causa/São sufocadas por clichês‘. Aqui tem-se o melhor exemplo de como gospel, pop, reggae e música africana podem se fundir com o propósito de formar um metal valioso e inquebrável.
Se isso não é pretensão, então tirem o termo do vocabulário. E, Dawn, tudo bem que seja assim. Seu talento é único e tem muito a contribuir com a música pop.

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