Eles se referem a vídeos que autoridades como os prefeitos do Rio, Marcelo Crivella, e de São Paulo, João Doria, divulgaram associando suas produções a à pedolfilia e zoofilia. Um dos que irão à Justiça é Adriana Varejão, autora da tela "Cenas de interior II", presenta na exposição "Queermuseu", cancelada em Porto Alegre e também proibida no Rio.
Ao mesmo tempo, o grupo resolveu lançar uma campanha de conscientização, “342 artes”, com vídeos gravados ontem e hoje por nomes como a própria Varejão, Vik Muniz, Marisa Monte, Caetano Veloso, entre outros, e que começa a ser veiculada na internet no domingo.
— O principal neste momento é mostrar à população que Crivella e Doria mentem ao associar o conteúdo da "Queermuseu" e da performance ("La Bête") no MAM-SP à pedofilia e zoofilia, eles estão difamando profissionais sérios e enganando a população. Uma funcionária minha veio me perguntar se eu ia "defender pedofilia". Este tipo de confusão vem da disseminação indiscriminada destes vídeos, que estão sendo usados por políticos para criar uma cortina de fumaça sobre os reais problemas do país — diz Paula Lavigne. — Por isso também vamos entrar com ações na justiça contra políticos e grupos (o Movimento Brasil Livre é um deles) que usam a difamação como forma de enganar a população. É um movimento para dizer que exigimos respeito.
Adriana Varejão ressalta que o Ministério Público do Rio Grande do Sul foi à exposição "Queermuseu" e não verificou nada relacionado à pedofilia e zoofilia.
— Por mais absurdo que seja o MP ir a um museu para verificar isso, este fato demonstra claramente que estas acusações são falsas, é uma esta campanha de difamação passível de processo. Sofri vários ataques pessoais e todos terão resposta — garante a pintora. — Escolheram os artistas como inimigos públicos, criminalizando produções sérias, que movimentam a economia e criam possibilidades. Enquanto isso, crianças estão expostas a riscos reais de abusos enquanto estão soltas nas ruas, nas cidades que estes prefeitos administram. Os lugares onde mais se exploram crianças no Brasil não têm museus por perto.
Para Vik Muniz, que se divide entre Nova York e Rio, a campanha utilizada por políticos conservadores no Brasil é semelhante à criada pelo presidente Donald Trumpo nos Estados Unidos.
— Por lá o Trump e sua base de apoio fazem o mesmo, trazendo questões morais para o centro do debate enquanto elabora uma agenda política muito mais perniciosa. Crivella e Doria falam em seus vídeos sobre exposições que não viram. Não dá para recorrer ao "não vi e não gostei" em um caso destes — destaca o pintor, para quem o único crime em todos estes casos foi cometido por quem disseminou na internet vídeos da criança no MAM-SP. — Estão expondo a menina de uma forma terrível, isso é realmente algo que atinge o Estatuto da Criança e do Adolescente. Grupos como o MBL e pessoas que compartilham deveriam ser acionadas na Justiça por isso.
Fonte:O Globo
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