As empresas de telecomunicações alertam para o surgimento de uma tecnologia que deve mudar completamente o modo como as pessoas (e as companhias) usam a internet móvel: o 5G, a nova geração da conexão sem fio.
Segundo o setor, vai muito além de acrescentar um número mais alto na frente do "G". É uma tecnologia disruptiva. Nesta quarta-feira (04/10), executivos discutiram os caminhos para abrir espaço a ela no Brasil.
Segundo o setor, vai muito além de acrescentar um número mais alto na frente do "G". É uma tecnologia disruptiva. Nesta quarta-feira (04/10), executivos discutiram os caminhos para abrir espaço a ela no Brasil.
No transporte, será a rede utilizada pelos carros autônomos, que precisam de uma conexão de alta confiabilidade. Afinal, ninguém confiará num carro sem motorista que demora para perceber que tem de frear, por exemplo.O 5G permitirá uma conexão mais rápida e segura, que dará suporte a tecnologias que precisam de redes infalíveis. "Vai ter uma confiabilidade altíssima", diz Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina. "É a próxima geração em que todos estamos trabalhando na indústria, bem disruptiva. O 5G vai mudar o mundo e trazer muito crescimento para a economia."
Haverá um impacto também no número de dispositivos conectados. "Esperamos multiplicar por mil tudo que temos hoje — serão bilhões de dispositivos", afirma Átila Branco, diretor de engenharia da rede móvel da Vivo.
Do ponto de vista de negócios, isso abre oportunidades para as empresas. "Teremos uma variedade muito maior nos tipos de serviços que as operadoras podem oferecer aos clientes. Isso vai abrir um leque muito grande na diversificação dos serviços", diz Marcos Scheffer, vice-presidente de redes da Ericsson.
Ele frisou que, além de conectar mais pessoas, a tecnologia também poderá conectar as indústrias. Scheffer citou como cenários decorrentes de tal adoção a massificação da Internet das Coisas; uma estrutura melhor a serviços "críticos" (como o controle remoto de máquinas pesadas); e a evolução da banda larga no Brasil. O país que não tiver estrutura para 5G, não vai ter indústria 4.0, defendeu.
O impacto do 5G deve ser sentido até no preço dos smartphones. "Com o 5G, eu posso tirar toda a memória e o processador [do aparelho], porque tudo poderá ser processado na nuvem. O potencial de negócios é inimaginável", diz Wilson Cardoso, diretor de tecnologia da Nokia para a América Latina. Segundo ele, a tecnologia tem potencial de mudar completamente o mercado. "O celular de US$ 1.000 vai custar alguns dólares."
Mas afinal, quais são os obstáculos para uma eventual adoção no Brasil nos próximos anos? De acordo com Leonardo Capdeville, CTO da TIM, os pilares da implementação envolveriam acima de tudo mais antenas. "O número de antenas que temos no Brasil é insuficiente para abastecer um país deste tamanho." Ele defende que as leis para a instalação de antenas sejam mais simples.
Capdeville está longe de ser o único. As empresas presentes no evento fizeram coro nesse sentido. Márcio Estefan, vice-presidente de negócios da Algar Telecom, afirmou que as empresas têm dificuldade em colocar torres em muitas cidades, por causa de regras locais. "Vamos ter que aumentar em muito nossa infraestrutura [para implementar uma nova tecnologia]", diz o executivo. "Hoje é muito difícil conseguir licença para construção."
Paulo Cesar Teixeira, CEO da Claro, defende as mudanças das regras. "Os municípios têm de entender que serviço móvel de celular precisa de antena. Se precisa de antena, tem de mudar a lei."
André Borges, secretário de telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, diz que a situação em algumas cidades, mas é preciso mais. Ele contou que viajou à China recentemente e viu antenas espalhadas por toda parte. "O Brasil precisa chegar lá."
Para Borges, outra discussão importante é levar a internet a um maior número de pessoas — mesmo que não seja 5G. "A inserção digital do país está acontecendo nos grandes centros urbanos, o desafio é levar para toda a geografia nacional", defendeu.
"A principal preocupação que a Anatel tem de ter é não se tornar uma barreira no processo de desenvolvimento", afirma Igor Vilas Boas de Freitas, conselheiro diretor da Anatel, reconhecendo que há uma defasagem no número de antenas. "Regras podem e devem diminuir."
Do lado das empresas, o entendimento é que as operadoras, embora concorrentes, terão de trabalhar juntas em muitos casos, como o compartilhamento de torres. "Operadoras vão ter que descobrir como compartilhar muito mais infraestrutura", diz André Borges, do governo federal.
Fonte: Época Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário