Imagens em 8K já são uma realidade no Japão, mas os brasileiros estão tendo a oportunidade de conferir a nova tecnologia.
Os engenheiros da rede de comunicação NHK em parceria com a Rede Globo exibiram, ao vivo, a partida entre Brasil e Camarões em resolução de 7.680 x 4.320 pixels, 16 vezes superior ao HD. O evento ocorreu nesta segunda-feira (23), em um auditório do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
A transmissão foi feita simultaneamente para o Brasil e o Japão e, por aqui, o jogo foi assistido em um telão de 275 polegadas. A tela de projeção era como outra qualquer, e a magia ficava por conta de um projetor de imagens em 8K trazido pela companhia japonesa. Eles, aliás, providenciaram tudo o que foi necessário pra a transmissão: câmeras, equipamentos para conversão e até mesmo as caixas de som.
De acordo com Hiroshi Seno, engenheiro de sistemas da NHK, foram instaladas três câmeras 8K e duas 4K slow motion, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. As 4K têm as imagens transformadas 8K através de um processo de conversão e o delay total da transmissão é de uns dois segundos. O atraso para a transmissão no Japão também não é muito grande: são apenas 20 segundos.
As câmeras gravam uma imagem panorâmica geral do estádio e é feito um recorte do que será demonstrado. De acordo com Leandro Neuman Ciuffo, gerente de P&D da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) - instituto que forneceu a fibra ótica para a transmissão do jogo - a tendência é usar cada vez menos câmeras para esse tipo de evento, já que, com o tempo, a capacidade de gerar imagens irá melhorar.
A nova tecnologia conta com 22.2 canais de áudio, contra os 7.2 usados atualmente em modelos mais modernos de home theaters. De acordo com Seno, chegou-se a esse número depois de pesquisas, a fim de gerar uma experiência mais imersiva e próxima da realidade possível. Durante o evento, no entanto, foram usadas 33 caixas de som em torno de toda a sala.
A estrutura no local contava com uma central de recepção de imagem gerada no estádio, que a convertia (no caso das 4K slow motion) e a transmitia para a estação onde estava o projetor 8K. O aúdio escutado no evento foi o mesmo ouvido por milhões de brasileiros, concedido pela Fifa. No entanto, segundo os engenheiros, ele era recebido e tratado para ficar com a qualidade desejada.
Imersão total
A ideia para a equipe de engenheiros japoneses é que a tecnologia 8K crie nos espectadores uma sensação de imersão total. Para isso, de acordo com Seno, a técnica utilizada aumenta a imagem sem diminuir os pixels, usando um filtro para produzir isso.
Ainda de acordo com engenheiro, o ideal é que a tela fique em um ângulo de 100 graus em relação a quem assiste à TV. Além disso, para ter uma sensação de estar dentro do programa, seria necessário um aparelho de, pelo menos, 85 polegadas. Aliás, esse é o tamanho do menor protótipo de televisor já produzido com a resolução 8K, feito em parceria com a Sharp. Para telas menores, eles têm outros planos, como usar em procedimentos médicos, como cirurgias.
A imagem de 7.680 x 4.320 pixels gerada pelo projetor 8K é encantadora. A sensação de estar em campo a cada lance de Neymar, Fred e companhia, durante as comemorações dos gols ou faltas, é impressionante. As imagens em zoom combinadas com as 33 caixas de som quase davam a impressão de estar dentro do estádio. E o melhor: dentro do campo.
Quem estava no auditório escuro diante da tela com imagens am altíssima reoslução, inclusive, acredita que nunca mais vai ver TV da mesma maneira. “A qualidade da imagem faz muita diferença”, disse a fonoaudióloga Ivana Lutebark. Impressionada, ela complementtou: “Não vai ser a mesma coisa assistir aos jogos dentro de casa. O som também é incrível”.
Mesmo sentados no local indicado para o ângulo de maior imersão, em situações de maior ação ou de super câmera lenta, parte da imagem parecia desfocada para quem assistia, sendo preciso deslocar o olhar a para visualizar bem a cena. Segundo Ciuffo, isso ocorre devido à compressão da imagem, necessária para conseguir transmiti-la ao vivo, usando a fibra óptica do RPN. Os japoneses fizeram a transmissão de dados a 300 megabits/s, mas sem a compressão, essa velocidade seria de 24 gigabites/s. O objetivo é reduzir essa taxa para 100 megabits/s até 2020. Detalhe: os cabos brasileiros suportam, no máximo, 20 gigabits/s.
Quando a 8K será realidade?
Por enquanto, os engenheiros têm planos de implementar a nova tecnologia apenas no Japão, mas estão abertos a parcerias com emissoras de outros países, inclusive brasileiras. A ideia é começar a transmitir algumas horas de conteúdo por cabo terrestre a partir de 2016 e via satélite em 2020. Segundo a equipe japonesa, ainda não dá para mensurar o quanto uma TV em 8K vai custar, mas acredita-se que, assim como as tecnologias antecessoras, os primeiros produtos nao devam ser dos mais baratos.
Por enquanto, inclusive no Japão, ainda são realizados apenas testes. Os engenheiros da NHK fazem eventos para o público geral, na qual colhem opiniões e testam a tecnologia, principalmente na transmissão de programas de esporte. De acordo com Ciuffo, a companhia fez os primeiros experimentos com o 8K nas Olimpíadas de Londres, em 2012. No Brasil, o primeiro teste ocorreu em agosto de 2013, em Brasília, mas foi a transmissão de conteúdo gravado.
Durante a Copa do Mundo no Brasil, serão exibidos nove jogos ao vivo. As imagens, nesta última segunda-feira, foram exibidas para três pontos no Brasil e quatro teatros no Japão. Os interessados em participar das próximas transmissões ou outros testes com conteúdos gravados em 8K podem se inscrever através do site Globo Universidade. Vale ressaltar que, enquanto a resolução 4K engatinha no Brasil, a NHK já utliza a tecnologia em massa no Japão.
Fonte: Convergência Midiática
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